Produtor francês de champanhe usa a arte para contar sua história nos EUA

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MathieuBonnevie/Divulgação

Ruinart’s Maison 1729: Dos vinhedos de Champagne ao espaço pop-up High Line mostrando os “ninhos de pássaros”

A sensação, descendo por escadas estreitas, é de que essa experiência poderia transportar uma pessoa a uma jornada interminável, a mais de 30 metros abaixo do solo. O sentimento místico é reforçado pelas paredes e teto de desenhos ondulados que criam uma aura de catedral, com uma energia sagrada pulsando no ar. A experiência te suga e te transporta para um lugar a cerca de 6.000 km de distância.

A cena descrita acima é a sensação provocada por uma obra de arte montada em Manhattan, Nova York, criada pela artista francesa Eva Jospin. Seu objetivo é justamente esse: transportar os urbanos os nova-iorquinos, pois sua obra simula perfeitamente uma versão em miniatura das magníficas cavernas escavadas embaixo das casas de Champagne, nesta região vinícola da França; são fundas cavernas esculpidas no solo de calcário.

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Em Nova York, a artista reproduz uma das cavernas mais antigas destinadas a guardar champanhe, a Maison Ruinart, que começou a ser escavada há mais de um milênio pelos romanos como uma mina de giz. Mas, a partir de 1700, engenhosos produtores da bebida, como Nicolas Ruinart, começaram a utilizar essas cavernas para armazenar e envelhecer suas garrafas.

Ruinart_DIvulgação

Caverna montada em Nova York para mostrar como a bebida é guardada

A obra de arte, porém, não é de pedra, mas de papelão. Surpreendente, considerando o encantamento que provoca ao transportar o visitante da frenética cidade ao mundo mágico dos “Crayères” (também conhecidos como poços verticais de giz), como são conhecidas as cavernas na região dos espumantes de Champagne.

Além disso, esta galeria de arte pop-up de Nova York trouxe junto com a exposição a notícia de que a Ruinart planeja lançar seu primeiro novo champanhe cuvée, depois de 20 anos.

O que é o Maison 1729

A exposição em Manhattan, vizinho ao High Line, parque linear público construído sobre uma antiga linha férrea suspensa, serve para mostrar ao público urbano e desconectado do campo o compromisso da Ruinart com a arte e a sustentabilidade de sua produção, e como ambos podem formar uma relação simbiótica.

Para promover a biodiversidade da região, nos últimos anos a vinícola Ruinart plantou 25.000 árvores e arbustos em seus vinhedos. E contratou Nils-Udo, pioneiro em land art – movimento artístico marcado pela junção da natureza com a arte – para construir três altos ninhos de pássaros com o intuito de atrair criaturas emplumadas para uma de suas vinhas, a Ruinart Taissy.

Por isso, considerando quão criativo Ruinart tem sido ao promover a biodiversidade de seus vinhedos, faz sentido a parceria com os administradores do High Line, que salvaram de ser demolida uma linha férrea abandonada nos anos 1980, transformando-a em um parque público repleto de plantas.

Esta parceria é chamada de “Maison 1729: From the Vineyards of Champagne to the High Line|”, pois representa o estabelecimento inicial da Maison Ruinart, em 1729, até sua chegada no High Line, que se tornou um dos locais mais visitados da cidade de Nova York.

Vinícola vai de Ruinart Blanc Singulier

Mas Ruinart não está apenas fazendo mudanças nos vinhedos, como mencionado anteriormente. Ele também está lançando o que chama de seu primeiro novo Champagne cuvée em 20 anos, chamado Blanc Singulier.

Como a mudança climática trouxe safras mais quentes, nos períodos em que deveriam ser mais frias, Ruinart decidiu fazer um cuvée 100% Chardonnay, de uvas das safras mais quentes dos vinhedos Chardonnay que atingiam uma maior maturação.

Catherine Todd/Divulgação

Blanc Singulier de Ruinart ‘Edição 18’

O primeiro é chamado de Blanc Singulier ‘Edition 18’, pois é feito com 80% da safra de 2018 e o restante é feito de vinhos de reserva mais velhos, todos provenientes de safras mais quentes, tornando-o um Brut Nature Champagne sem adição de açúcar. Os champagnes Brut Nature entraram na moda de alguns círculos e muitos foram para o mercado como ótimos exemplares, enquanto outros se mostraram desequilibrados e sem maturidade para equilibrar uma acidez extrema e, portanto, precisaram de uma pequena quantidade de açúcar para ajudar a criar um vinho equilibrado; na verdade, sempre há uma razão pela qual a maioria dos champanhes precisa de um pouco de açúcar.

Criativamente engenhoso

O presidente e CEO da Ruinart, Frederic DuFour, falou sobre o lançamento do novo cuvée para satisfazer uma tendência, já que a reputação da Ruinart é baseada nos valores estabelecidos para suas bebidas há quase 300 anos. Um desses valores é sempre ser fiel ao terroir, ao sentido de pertencimento das vinhas. Ao longo do tempo, notaram que parte do terroir, nos anos mais recentes, é de uma expressão um pouco mais rica e não requer adição de açúcar para ajudar na retirada da acidez, uma condição para que a fruta brilhe.

A região vinícola de Champagne tem uma longa história dessa criatividade, começando com o uso de poços de giz profundos como locais ideais para envelhecer graciosamente as garrafas de champanhe e usando açúcar para equilibrar a alta acidez. Hoje, a mais antiga casa de champagne, que tem sido parte essencial dessa desenvoltura desde o início, agora conta com benefício trazido pelas mudanças climáticas ao lançar o Blanc Singulier, um champagne que expressa o terroir dos tempos modernos e que faz jus aos valores contados em séculos.

* Cathrine Todd é colaboradora da Forbes EUA, fundadora do blog de vinhos Dame Wine, que foi indicado para vários prêmios, entre eles o Louis Roederer International Wine Writers’ Awards, Wine Blog Awards e Born Digital Wine Awards.

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