Quase 10 mil pessoas se reuniram nesta semana no Boston Convention Center, em Boston, para acompanhar o Red Hat Summit 2023. O evento anual realizado pela Red Hat, empresa de software adquirida em 2019 pela IBM por US$ 34 bilhões, mescla temas como cloud, programação e outros assuntos relacionados à automatização. Nesta edição, uma tecnologia predominava nas apresentações e conversas: IA generativa.
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Em outras palavras, essa tecnologia que deu origem ao ChatGPT, plataforma conversacional da OpenAI, se tornou o principal tema dos últimos meses. Gilson Magalhães, CEO da Red Hat Brasil, com mais de 40 anos de experiência na área de TI, diz que a IA generativa é o mais revolucionário que ele já presenciou em toda sua carreira. “Muitas tecnologias já foram classificadas como revolucionárias, mas a IA generativa tem a capacidade de mudar as empresas e os negócios em uma proporção que nem chegamos próximo de compreender”, disse o executivo à Forbes Brasil.
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No entanto, Gilson alerta para que as empresas não deixem a euforia do momento ofuscar o foco na estratégia de longo prazo. “Ferramentas como o ChatGPT têm o potencial de transformar qualquer negócio, porém, isso só será possível para empresas que possuem uma estratégia clara e consistente de automatização. Caso contrário, teremos a adição de mais uma tecnologia complexa para o dia a dia do CIO (Chief Information Officer) que já é complexo e cheio de novos desafios”, alerta Gilson que também falou sobre transformação digital, o papel do C-Level de tecnologia e o grau de maturidade das empresas brasileiras em relação ao tema.
Em tecnologia não existe panaceia
“Eu costumo dizer que o tempo passa e as complexidades do CIO só aumentam. São muitas coisas ao mesmo tempo. Em alguns casos, queremos a panaceia que resolva todos os problemas da empresa, mas isso não existe no caso de tecnologia. Além de todas as plataformas que fomos adicionando às nossas operações, agora tem também a segurança que se tornou vital para as companhias. As empresas, todas sem exceção, estão se tornando corporações de software e é indiscutível que o TI está assoberbado. Mas não existe solução mágica para lidar com este contexto, é preciso investir antes de pensar em redução de custos”
IA generativa e uma grande revolução a caminho
“A IA generativa faz com que todo esse contexto que mencionei vire de cabeça para baixo. Em 40 anos que atuo na área de tecnologia nunca vi algo tão revolucionário. Claro, a IA existe há décadas, temos casos como Alexa, Siri e várias outras aplicações que tentam nos trazer fluidez, mas possuem muita fricção. Já o ChatGPT vem mostrando do que a IA é capaz e por isso toda essa euforia. No entanto, existe um alerta aqui, não adianta adotar a IA sem antes estar automatizado. Caso isso ocorra, as empresas estarão apenas complicando ainda mais a vida do CIO”
“A IA existe há décadas, temos casos como Alexa, Siri e várias outras aplicações que tentam nos trazer fluidez, mas possuem muita fricção, já o ChatGPT vem mostrando do que a IA é capaz”
IA é a média da “opinião humana”
“Existe uma discussão muito importante sobre os vieses da IA. Eu não diria que a IA tem vieses, ela é precisa e atua de acordo com comandos. O que temos, neste caso, é o desafio de criarmos modelos que possam filtrar nossas nuances, juízos morais e comportamentais. Isso é um grande desafio, porque acabamos espelhando todos nossos contextos humanos também na tecnologia. É um paradoxo, mas é algo indissociável do contexto em que vivemos.”
A urgência da automatização
“Não é mais possível imaginar, em todo contexto que vivemos, uma empresa que não esteja automatizada. Que não tenha uma política de automatização. Que não tenha processos e sistemas que funcionem de forma automatizada e fluida. A automatização é a lei da sobrevivência no mundo atual. No Brasil e no mundo temos vários exemplos de ótimas práticas de automatização, mas também muitas empresas que não iniciaram uma jornada. Elas até investem em automação, mas sem uma estratégia definida e integrada. Ter automação não significa que uma empresa está automatizada”
Automatização x transformação digital
“É importante deixar claro que existe diferença entre automatização e transformação digital. Mas uma depende da outra para ser bem-sucedida. Não adianta mudar processos, alterar questões comportamentais e culturais se não tenho ferramenta para que meus profissionais acelerem e otimizem essa jornada. É preciso ter estratégia nas duas pontas. A nossa vida segue sendo automatizada, nós automatizamos nossas relações cada vez mais e as empresas precisam estar atentas a isso.
“É importante deixar claro que existe diferença entre automatização e transformação digital. Mas uma depende da outra para ser bem-sucedida”
O papel do CIO ante à complexidade
“Eu diria que neste contexto, agora ainda mais complexo com IA generativa e ChatGPT, o CIO torna-se o braço direito de qualquer empresa. Ele é uma peça humana fundamental para navegar nesse novo mundo. E isso só será possível se ele tiver tempo para definir estratégias que realmente importam para o impacto do negócio no longo prazo. Por exemplo, um laboratório de diagnósticos tem milhões de exames em seu banco de dados, onde estão as oportunidades de trazer novos negócios a partir daí? Por isso que muitas empresas e negócios ainda estão por surgir nessa revolução que eu mencionei. E qualquer profissional, de um CEO a um técnico precisa se reinventar”
O que é inteligência artificial generativa?
Essa tecnologia é baseada em algoritmos de aprendizado de máquina que são treinados usando enormes conjuntos de dados. Por exemplo, um algoritmo de aprendizado de máquina pode ser treinado usando milhões de imagens de gatos, o que permite que ele crie suas próprias imagens de gatos.
A IA generativa já está sendo usada em diversas áreas, como na criação de novos produtos de beleza, na produção de arte e até mesmo na criação de roteiros de filmes. Um dos exemplos mais famosos é o programa DeepDream, criado pelo Google, que usa IA generativa para criar imagens psicodélicas a partir de fotos.
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Apesar das possibilidades incríveis oferecidas pela IA generativa, há também preocupações éticas em torno do seu uso. Por exemplo, se um programa de IA generativo escreve uma notícia falsa que é indistinguível da realidade, isso pode ter consequências graves para a sociedade.
Em resumo, a inteligência artificial generativa é uma tecnologia fascinante e promissora que tem o potencial de transformar muitas áreas de nossa vida. No entanto, é fundamental que os desenvolvedores e usuários sejam responsáveis em seu uso e considerem as implicações éticas de suas criações.
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