A seleção de pinturas que compõe a mostra “Ione Saldanha & Etel Adnan”, com curadoria de Luiz Camillo Osório, constrói um diálogo entre os trabalhos da brasileira, Ione Saldanha, e da libanesa-americana, Etel Adnan, – que tiveram trajetórias e nacionalidades diferentes e que, inclusive, nunca se encontraram em vida. “São duas artistas que nasceram em países periféricos – Brasil e Líbano – e conviveram de perto com o sol, a luz e com a natureza, levando isso para dentro da pintura”, explica o curador.
Além disso, a exposição é um convite a uma imersão no modernismo, dado seu espaço de apresentação: a Casa Gerassi, projetada em 1991 pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha.
Em conversa com a Forbes, Osório contou como uma imagina um encontro entre as duas artistas. “Acho que seria um diálogo em volta de uma mesa, bebendo sangria (especialidade da Ione), comendo alguma coisa, lendo poesia e ouvindo música”. Confira a seguir.
Como surgiu a ideia de construir um diálogo entre os trabalhos das artistas?
Na Documenta de Kassel, de 2012, havia uma sala especial com as pinturas de Etel Adnan. Naquela época, eu estava começando a trabalhar na retrospectiva da Ione Saldanha, que realizei um pouco depois no MAM-Rio. De saída, vi semelhanças entre as duas artistas. Alguns anos depois, comentei sobre esse desejo com o galerista Guilherme, da Simões de Assis. Assim que a galeria adquiriu um conjunto representativo de obras da Ione, eles me ligaram e conversamos sobre essa possibilidade. Essa exposição é como um primeiro ensaio deste diálogo, com algumas poucas obras da Etel Adnan e dentro desta magnífica casa do Paulo Mendes da Rocha.
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O que elas têm em comum?
São duas artistas que nasceram em países periféricos – Brasil e Líbano – e conviveram de perto com o sol, a luz e com a natureza, levando isso para dentro da pintura. Ambas são artistas modernas, que não participaram de nenhum grupo de vanguarda e mantiveram um trabalho bastante solitário de ateliê. A pintura de Etel Adnan é mais tardia do que a da Ione; ela teve um trabalho importante como poeta e trabalhou na articulação entre a poesia e a pintura. A Ione foi mais radical na experimentação, além do plano pictórico, deslocando a pintura para os bambus, as ripas e bbobinas. As cores vibram diretamente no espaço. São duas artistas solares.
Como imagina que seria uma conversa entre as duas?
Acho que seria um diálogo em volta de uma mesa, bebendo sangria (especialidade da Ione), comendo alguma coisa, lendo poesia e ouvindo música. Se possível no jardim da casa da Ione, em Teresópolis, que ela cuidava com enorme capricho ou na casa da Etel Adnan, em São Francisco. Acho que seria uma conversa divertida.
Veja a seguir algumas das obras:
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