Gerente geral da Galderma diz o que queria ter ouvido no início da carreira

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Divulgação/Galderma

Para Lígia Santos, nova gerente geral da Galderma, lideranças precisam equilibrar resultados com inteligência emocional

Há 20 anos, quando Lígia Santos entrou na Galderma, empresa criada a partir de uma joint venture entre as gigantes Nestlé e L’Oréal, a comunicação não era via WhatsApp e tampouco se sonhava com o ChatGPT. “Gostaria que tivessem me contado como a digitalização iria transformar o mundo corporativo”, diz a executiva, que agora assume como gerente geral no Brasil.

Santos afirma que também gostaria de ter aprendido antes que habilidades como liderança e comunicação precisam andar juntas, ainda mais em um cenário como o atual, com modelos de trabalho híbrido, remoto e assíncrono, nos quais cada funcionário gerencia seus horários. “O bom líder, inevitavelmente, precisa ser um bom comunicador”, afirma.

A comunicação, segundo ela, foi um dos seus diferenciais para subir na Galderma, uma das maiores farmacêuticas voltadas à dermatologia. Santos começou a carreira na empresa como representante de vendas em Belém do Pará, passou nove anos na área comercial e migrou para o marketing, que era o seu objetivo. Em 2019, assumiu o cargo de head da unidade de negócios de estética. 

A executiva diz o que precisou desenvolver para fazer carreira na mesma empresa, que viveu diferentes momentos e se desmembrou da Nestlé em 2019, e como equilibrar resultados com inteligência emocional é a chave para uma liderança de impacto.

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O C-Suite desta semana também traz movimentações nos setores de TV por assinatura, delivery e de finanças. Gustavo Fonseca é o novo CEO da Sky Brasil, Tijana Jankovic, CEO da Rappi no Brasil, assume agora a vice-presidência global de negócios da empresa, e Alexandre Moysés Nascimento foi promovido a diretor de governança da B3.

Forbes: Quais foram seus diferenciais para se destacar na empresa e continuar subindo durante 20 anos?

Lígia Santos: Um dos principais diferenciais foi o meu foco em construir resultados exponenciais e sustentáveis baseados nos modelos de core, growth e disruptive business. Além disso, acredito que meus pontos fortes são a comunicação, colaboração, autenticidade, pragmatismo e a paixão pelo que faço, além do desejo de impactar pessoas positivamente.

Acredito que um time forte sempre irá mais longe. Por isso, dou bastante liberdade para que os colaboradores coloquem sua identidade nos projetos, o que permite que eles desenvolvam sua autonomia responsável, trazendo assim mais inovação para os negócios.

F: Como sua formação te ajudou a construir sua carreira?

LS: Tanto na faculdade quanto no MBA tive a oportunidade de aprender conceitos teóricos e metodológicos muito importantes para expandir minha experiência nas áreas de vendas e marketing. Na sequência, com as certificações internacionais, busquei refinar o conhecimento que obtive na graduação e me atualizar em metodologias de estratégias digitais, que são fundamentais para navegar pelo cenário atual do mercado. 

Já os conhecimentos financeiros, de gestão e liderança, acabei adquirindo com a prática diária, o famoso “on the job”, além de cursos de curta duração, que também foram úteis para sedimentar e organizar conceitos da vivência corporativa.

F: Quais habilidades você precisou desenvolver para chegar nesse ponto da carreira? 

LS

Disciplina tática e governança, que são essenciais para manter o ritmo e garantir os resultados do negócio;
Desenvolvimento de uma liderança autêntica;
Ser uma pessoa acessível para ganhar agilidade em resoluções de questões profissionais e pessoais das pessoas;

Ser uma profissional focada em resultados;
Ser uma líder que quer impactar positivamente a vida das pessoas de maneira profissional e pessoal;

Ser uma pessoa que inspira os outros ao seu redor.

F: O que você indica para um profissional com ambição de chegar à liderança?

LS: Esse profissional precisa desenvolver a sua inteligência emocional, uma das principais características que formam um líder e que o ajudam a superar e resolver seus desafios no mundo corporativo. Do mesmo modo que ele precisa atingir resultados, ele também precisa ter empatia com seus colaboradores para entender o momento que essas pessoas estão vivendo, seja no âmbito profissional ou pessoal, e saber administrá-los. No fim do dia, é a união de todos esses aspectos que irá resultar no sucesso de uma empresa.

F: Você já trabalhava na empresa quando ela se desmembrou da Nestlé. Como foi viver esse momento? Que dicas você pode dar para quem está em uma empresa que passa por um momento como esse?

LS: Sempre digo que gosto de me apegar aos aprendizados e legados positivos. Quando falamos sobre eficiência operacional, a Nestlé teve um papel importante para preparar e transformar a Galderma na empresa independente que é hoje.

Minha dica é trabalhar um dia de cada vez e evitar que distrações atrapalhem a conquista dos resultados de negócio desejados. Ou seja, foque no que está sob sua responsabilidade, confiando que, se você der o seu melhor sempre, o universo vai conspirar ao seu favor, seja na empresa que trabalha ou em qualquer outro lugar.

F: O que você gostaria de ter ouvido no início da carreira que poderia ter feito a diferença?

LS: Gostaria que alguém tivesse me contado como a digitalização iria transformar o mundo corporativo. Isso porque a transformação digital consegue, ao mesmo tempo, afastar as pessoas fisicamente, mas também aproximá-las por meio da tecnologia. E esse é o grande desafio dos gestores de empresas: conseguir captar e manter a atenção das pessoas em um nível de profundidade muito grande, estando longe geograficamente, mas próximo virtualmente.

Em paralelo a isso, também gostaria de ter ouvido ao longo da minha trajetória sobre a importância de desenvolver a capacidade de ser um líder comunicador. Antigamente, os líderes eram bons gestores, mas nem sempre precisavam ser excelentes comunicadores. Mas hoje, o bom líder, inevitavelmente, precisa ser um bom comunicador, pois só assim ele passará as informações que deseja de forma clara, transmitindo confiança no que diz e engajando a equipe, inclusive com o propósito da companhia.

Por quais empresas passou

Durante minha trajetória profissional, atuei como estagiária na Sanofi por dois anos. Logo em seguida, ingressei na Galderma, onde já estou há 20 anos.

Formação

Comunicação Social com pós-graduação em Marketing Estratégico de Negócios pela ESPM e certificações internacionais na área pela Universidade de Cambridge.

Primeiro emprego

Promotora de ponto de vendas e, em seguida, representante de vendas na Galderma.

Primeiro cargo de liderança

Gerente de Contas-Chave (key account manager) da Galderma.

Tempo de carreira

22 anos

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