A renda na aposentadoria é uma preocupação da maioria das pessoas e, cada vez mais, temos certeza de que contar exclusivamente com o INSS é um grande erro.
Atualmente, o valor do teto do INSS é de R$ 7.507,49, então, mesmo que você faça parte do seleto grupo de pessoas que conseguirá se aposentar pelo teto da previdência social, este será o valor máximo que irá receber.
Um estudo feito pelo IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário) apontou que dos mais de 36 milhões de benefícios pagos pelo INSS em janeiro de 2022, apenas 778 eram pagos pelo teto. O mesmo estudo mostrou que quase 65% dos beneficiários recebem um salário mínimo de benefício.
Segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), em abril de 2023, o salário mínimo ideal para atender as necessidades básicas de uma família de quatro pessoas seria equivalente a R$ 6.676,11.
Isso significa que: a aposentadoria do INSS, mesmo que em seu valor máximo, não irá garantir uma vida digna e confortável a você e sua família.
A questão, é que os rumos das políticas públicas não estão sob seu controle e a tendência é que as reformas previdenciárias aconteçam em intervalos cada vez menores e com resoluções mais e mais restritivas, pois a conta de contribuintes X beneficiários já não fecha há muito tempo.
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Sendo assim, se a renda complementar é importante para sua aposentadoria, sugiro que seu foco esteja naquilo que você pode controlar, ou seja, o seu planejamento financeiro voltado à geração de renda.
Fundos imobiliários podem ser uma opção
Investir em fundos imobiliários é uma excelente alternativa, pois a renda gerada pelos FIIs vai cair todos os meses na sua conta. Por meio desses fundos fica fácil investir no mercado imobiliário sem precisar comprar imóveis.
Com pouquíssimo dinheiro você já consegue adquirir cotas que permitem participar em ativos imobiliários, sejam eles imóveis físicos ou uma renda imobiliária. Existem FIIs cujas cotas custam menos de R$ 10, o que torna essa modalidade de investimento bastante acessível e democrática.
Ao investir em um FII você se expõe ao mercado imobiliário com valores baixos e retorno muito superior ao que você teria se adquirisse um imóvel para alugar, e contando ainda com isenção de imposto de renda sobre a renda recebida.
Para quem vale a pena investir em FII?
É claro que cabem fundos imobiliários em todo tipo de carteira de investimentos, pois dentro do princípio da diversificação, este é um ativo que pode e deve ser considerado por investidores de variados perfis.
Contudo, esse produto é indicado especialmente para o investidor que tem como meta principal a geração de renda recorrente. Se você não tem essa meta, pode deixar de ter FIIs em carteira, ou tê-los em uma parcela bem menor de sua alocação.
Por que os FIIs são uma alternativa à renda na aposentadoria?
Existe uma regulamentação que define que os fundos imobiliários paguem sempre um mínimo de 95% dos seus resultados líquidos. Dessa forma, praticamente toda receita é redistribuída em forma de dividendos.
O lado positivo é justamente essa renda recorrente isenta de tributação, mas, por outro lado, para que seus investimentos em FII também propiciem crescimento patrimonial, é importante ter a disciplina de reinvestir mensalmente pelo menos 30% dos dividendos recebidos.
Agindo assim, você terá crescimento patrimonial com o aumento do número de cotas, além de repor inflação e também aumentar gradativamente o volume de dividendos recebidos. Afinal, quanto mais cotas, mais dividendos, certo?
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Quais os principais cuidados que o investidor em FII precisa ter?
A primeira coisa é nunca esquecer que fundos imobiliários são renda variável. Portanto, suas cotas terão volatilidade decorrente de vários fatores, como ciclos econômicos com a subida ou a queda da taxa de juros, ciclos imobiliários, ou mesmo riscos sistemáticos, inerentes especificamente ao segmento de um fundo.
É muito importante que o investidor leia o relatório gerencial do fundo e entenda exatamente qual a sua composição, pois isso ajudar a compreender a movimentação nos valores das cotas e também dos dividendos distribuídos, uma vez que isso sempre estará atrelado aos ciclos econômicos.
A volatilidade dos FIIs é mais baixa do que a das ações, mas isso não significa que ela não vá existir. Compreender isso é muito importante para adequar sua estratégia de investimentos. Se você investir em fundos imobiliários de forma diversificada, balanceando os tipos de ativos, a volatilidade desses fundos não será significativa em sua carteira.
Quais os melhores ativos para investir
A compra não pode ser emocional. Você não compra um fundo só porque gosta dos imóveis que tem nele ou simplesmente porque ele é o que está pagando dividendos mais altos. Escolher dessa forma, só vai te trazer frustração e você vai acabar achando que o produto é ruim, pois a tendência é que o resultado não seja o que você precisava para sua carteira.
É necessário analisar o fundo, entender sua composição e escolher produtos que estejam em linha com suas metas financeiras, e nunca se esquecer que os dividendos são apenas uma das variáveis a analisar.
Os fundos imobiliários são produtos relativamente simples de entender, mas, para isso, você deve se dedicar minimamente a ler sobre os fundos que esteja comprando, pois todas as informações sempre estão nos relatórios dos gestores de forma muito transparente. Então, leia atentamente antes de decidir e só compre aquilo que você entende como funciona.
Minha sugestão, caso você esteja iniciando agora sua carteira de fundos imobiliários, é que tenha 50% do capital em fundos de tijolo, divididos entre FIIs de shopping, logística e lajes comerciais, e os outros 50% em fundos de papel.
Se você ainda não tem conhecimento suficiente para análises mais detalhadas dos produtos e dos ciclos de mercado, comece investindo nos maiores FIIs de cada categoria. Você estará dentro da estratégia das maiores gestoras e, portanto, exposto a menores riscos.
Gradativamente, conforme for compreendendo melhor o funcionamento do mercado, poderá ampliar suas escolhas, personalizando tudo de acordo com suas metas.
Comece quanto antes
A aposentadoria do governo não irá garantir sua renda no futuro, então, quanto mais cedo você se dedicar a criar você mesmo sua renda recorrente para o futuro, maior o patrimônio que terá na fase em que estiver pensando em se aposentar. Além disso, uma estratégia consistente com FIIs poderá, inclusive te dar autonomia para antecipar essa aposentadoria.
Planejamento e estudo são suas principais ferramentas para a construção de uma aposentadoria confortável, portanto não adie suas decisões.
Eduardo Mira é formado em telecomunicações, com pós-graduação em pedagogia empresarial e MBA em gestão de investimento. É analista CNPI, certificado CPA10 e CPA20, ex-gerente do Banco do Brasil e da corretora Modal.
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