Taxas futuras de juros caem em sintonia com o exterior e à espera do Copom

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Bruno Domingos/Reuters

O Fed reforçou a possibilidade de a alta desta quarta-feira (3) ter sido a última, pelo menos por enquanto

As taxas dos contratos futuros de juros recuaram em toda a curva a termo, influenciadas pelo mercado norte-americano, onde os rendimentos dos Treasuries também cediam em meio à percepção de que o Federal Reserve, apesar de ter elevado a taxa básica nesta quarta-feira (3), pode pausar o atual ciclo de aperto monetário.

Enquanto a expectativa pela decisão do Fed, anunciada no meio da tarde, fazia preço na curva de juros brasileira, a espera pela decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central sobre a Selic teve menos influência nos preços.

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“A influência foi mais do externo do que do Copom, porque acredito que não virá nenhuma surpresa na decisão do comitê esta noite. Ainda não vejo espaço para sinalização de corte de juros no Brasil”, comentou durante a tarde Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos.

No exterior, os rendimentos dos Treasuries cediam em meio à leitura de que não haveria, de fato, tanto espaço para mais altas dos juros pelo Fed.

“Os preços das commodities caindo também ajudam bastante. O petróleo chegou a ceder 3% hoje (3), e há expectativa de dados mais fracos da China. As taxas de juros no Brasil acompanham”, acrescentou Pacheco.

No meio da tarde, Fed anunciou elevação de 0,25 ponto percentual em sua taxa de juros, para a faixa de 5,00% a 5,25%, como era largamente esperado, mas passou indicações de que pode interromper o atual ciclo de alta.

No comunicado que acompanha a decisão, o Fed deixou de lado o trecho em que dizia que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) ainda “antecipa que algum endurecimento adicional pode ser apropriado para atingir uma postura de política monetária que seja suficientemente restritiva para retornar a inflação para a meta de 2% ao longo do tempo”.

Na prática, a instituição reforçou a possibilidade de a alta desta quarta-feira (3) ter sido a última, pelo menos por enquanto.“Abre-se uma janela para uma pausa das altas dos juros, mas a autoridade monetária irá observar os efeitos defasados da política monetária restritiva sobre a atividade econômica e a inflação, além da evolução das condições econômicas e financeiras, antes de determinar o fim do ciclo”, comentou Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

Após a decisão, as taxas dos contratos futuros de juros ampliaram um pouco as perdas no Brasil, em especial na ponta mais longa, onde atuam preferencialmente os estrangeiros.

No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 13,245%, ante 13,256% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,89%, ante 11,985%. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 11,58%, ante 11,714% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,645%, ante 11,791%.

Esse movimento de queda das taxas no Brasil estava em sintonia com o que era visto no exterior, onde os rendimentos dos Treasuries também cediam.

Às 16:38 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos – referência global para decisões de investimento – caía 4,90 pontos-base, a 3,39%.

Já o rendimento do Treasury de dois anos –que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo – caía 8,10 pontos-base, a 3,8995%.

Nesta quarta-feira, após as 18h30 (horário de Brasília), o Banco Central anunciará sua decisão sobre a Selic, atualmente em 13,75% ao ano. A expectativa do mercado é de manutenção da taxa básica.

Mais do que a decisão em si, que é largamente esperada, os investidores vão estar atentos a possíveis sinalizações sobre quando o BC iniciará o ciclo de cortes da Selic.

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