Maíra Gracini entrou na Atlas, uma HR Tech global, em outubro de 2022 como VP de marketing na América Latina. Seis meses depois, a executiva com 20 anos de carreira assume como gerente geral da empresa na região.
Gracini construiu sua trajetória nas áreas de marketing e vendas, em companhias como EBANX, Vittude, Zendesk e Salesforce, mas chegou ao cargo mais estratégico ao olhar para além das suas funções. “Nunca fiquei limitada ao marketing, sempre procurei e procuro entender como posso impactar o crescimento e a receita da empresa.”
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Como líder de uma startup de recursos humanos, Gracini diz o que o mercado busca hoje nos profissionais e, especialmente, nas lideranças. Autogestão e inteligência emocional são imperativos para a gestão em um cenário de constante mudança e necessidade de retenção de talentos. “O RH busca pessoas que possam liderar por influência e não por autoridade.”
F: Como sua formação e experiência em marketing te prepararam para assumir essa nova posição na Atlas?
MG: O marketing é uma área multidisciplinar e que está em constante contato com o resto da organização. Eu sempre digo que é o grande conector da organização – internamente com várias áreas e externamente com parceiros, clientes e demais stakeholders. Temos que estar atentos ao mercado, conhecer bem os clientes, a dinâmica de vendas, processo de receita, então acredito que a experiência em marketing, principalmente em empresas B2B, me deu a possibilidade de enxergar as empresas de forma abrangente e de me aprofundar nos mecanismos nas demais áreas.
F: Como líder de uma HR Tech global, o que você diria que é mais importante para fazer carreira internacional?
MG: Estar em uma empresa global é expandir diariamente nosso conhecimento sobre o mundo. A gente recebe muitas referências, é exposto a novas formas de pensar e muitas vezes tem que tomar decisões que não serão ideais para todos. Quem quiser ter uma carreira internacional, no sentido de trabalhar com outros países ou gerenciar equipes com pessoas de vários lugares, precisa antes de tudo estar aberto a desafiar a sua própria forma de pensar. Também precisa ser curioso para aprender mais sobre culturas e saber personalizar as conversas, planos de ação, iniciativas, pois as necessidades e maturidades de mercado variam muito de país para país.
F: O que o RH busca nos profissionais hoje?
MG: Busca pessoas que possam liderar por influência e não por autoridade, que tenham um olhar 360, compreendendo que a ação de um lado provoca uma reação do outro, e que sejam capazes de colaborar e construir junto. Além disso, cada vez mais busca-se pessoas com mentalidade de crescimento, altamente adaptáveis, que lidam bem com ambiguidade e estão sempre dispostas a contribuir positivamente para o impacto da organização. Empresas valorizam pessoas com atitude de líderes e que ajam como donos.
F: Quais habilidades você precisou desenvolver para chegar nesse ponto da carreira?
MG: Inúmeras! Além de, claro, habilidades técnicas em disciplinas correlatas a marketing, vendas, empreendedorismo e gestão de negócios, ao longo dos meus vinte anos de carreira, estou constantemente buscando desenvolver habilidades de liderança, como comunicação, influência, relacionamento, negociação, persuasão, etc. Ainda além destas, destaco a autogestão e inteligência emocional, que são habilidades cruciais para que o líder possa se autogerenciar frente a situações adversas e liderar melhor suas equipes e seu negócio. E para finalizar, uma dose gigante de esforço, foco e determinação.
F: Você também é mentora de executivos e empresários. Quais as principais dificuldades que eles enfrentam hoje em suas carreiras? E quais dicas você oferece?
MG: Acredito que o bem-estar e a saúde mental da equipe sejam dificuldades de muitos gestores hoje. A própria forma de trabalho está em constante transformação e a educação formal hoje não consegue acompanhar o avanço tecnológico, então vivemos uma brecha entre conhecimento e prática. Minha dica é permitir um ambiente de trabalho saudável e acolhedor, em que cada um possa ser quem é e traga o melhor de si para o trabalho. E, como empresa, desenvolver processos internos (mentorias, cursos, ferramentas) que aos poucos diminuam essa brecha.
F: O que você gostaria de ter ouvido no início da carreira que poderia ter feito a diferença?
MG: Eu gosto de pensar nas coisas que hoje sei e tenho muito claras para mim agora, mas que não sabia, não entendia e não valorizava há 10 anos. Aqui vão algumas:
1) Um dos nossos maiores objetivos de vida deve ser alcançar a máxima expressão do nosso ser: cada um é único e precisa buscar expressar sua autenticidade;
2) Criar conexão emocional e ter interesse genuíno pelas pessoas é um caminho poderoso para construir times imbatíveis;
3) Investir e nutrir networking de forma genuína e formar um círculo de apoio mútuo;
4) Usar nossa voz para apoiar causas de impacto;
5) Deixar de querer dar conta de tudo ou querer atingir a perfeição e
6) Os fracassos são bons professores, devemos aceitá-los, pois eles nos fortalecem.
Por quais empresas passou
Endeavor, Vittude, EBANX, Zendesk, Salesforce
Formação
2021 – Executive Leadership. Stanford Graduate School of Business
2015-2015 – Comunicação e Marketing Digital na ESPM (Escola superior de Propaganda e Marketing)
2003-2006 – Marketing & Comunicação Social na ESAMC Campinas (Escola Superior de Administração Marketing e Comunicação de Campinas)
Primeiro emprego
Em 2004, como estagiária da Infosoftware, uma “startup” (aspas, pois não chamávamos de startup) de tecnologia para mobile, que depois se tornou parte da Movile, holding dona do Ifood
Primeiro cargo de liderança
Gerente de Produtos e Marketing no IQPC, empresa de pesquisa e eventos com matriz nos EUA, em 2008
Tempo de carreira
20 anos
O post Nova CEO da startup de RH Atlas conta o perfil mais buscado hoje apareceu primeiro em Forbes Brasil.