A temporada pós-festas de fim de ano pode ter feito a sua pele sofrer. O motivo quase sempre é o mesmo: o excesso de álcool e açúcar. Da cerveja das confraternizações passando pela rabanada e pelo panetone do Natal até o espumante do Ano-Novo, é difícil resistir às tentações. Mas logo a conta chega.
Muito se fala sobre os efeitos do álcool e do açúcar à saúde, mas o que poucos sabem é que a qualidade da pele também sofre alterações com o consumo dessas substâncias.
Quando ingerimos grandes quantidades de alimentos ricos em açúcar ou exageramos nas bebidas alcoólicas, focamos em algumas consequências, como na ressaca e no excesso de peso, mas não reconhecemos como o maior órgão do corpo humano, a pele, reage a tantas adversidades.
Aproximadamente 50% a 70% da nossa massa corporal é composta de água, incluindo a pele, os tecidos, as células e os órgãos. É fato que um dos primeiros sinais da desidratação se dá na pele e nas mucosas. Por ser diurético, o álcool “força” a saída da água do corpo e dificulta a reidratação, deixando a derme seca e escamosa. As rugas e linhas finas ficam mais visíveis, e consequências como o envelhecimento precoce, a piora de dermatites, as rosáceas e a psoríase ganham destaque.
Em relação ao açúcar, é preciso cuidado e moderação para evitar seus efeitos nocivos. Dentro do organismo, as moléculas da substância se conectam a proteínas em um fenômeno conhecido como glicação, que provoca o enrijecimento celular e, consequentemente, o envelhecimento precoce, com a perda de colágeno e elastina, e a piora de algumas doenças, como dermatites e psoríase.
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Além dos sintomas citados, estudos recentes da American Academy of Dermatology (AAD) relacionam o consumo de açúcar a alguns casos de acne, fato explicado pelo aumento da substância no sangue, o que causa inflamação em todo o corpo e o leva a produzir mais sebo.
Vale ressaltar ainda que os problemas causados à pele vêm combinados com outras consequências para o corpo todo. O efeito inflamatório do álcool é rapidamente percebido com vermelhidões, fissuras e inchaços. Ele também pode esgotar os níveis saudáveis de bactérias importantes que vivem no nosso intestino e que ajudam a regular o sistema imunológico e a gerir condições inflamatórias. No mais, o açúcar e o álcool elevam os índices de insulina do corpo, o que pode também afetar negativamente os hormônios sexuais e da tireoide.
Como amenizar todos esses sintomas e manter a pele nutrida e saudável? Primeiramente, é preciso considerar o consumo moderado dessas substâncias e aumentar a hidratação para favorecer a eliminação de toxinas, cuja ação é tão prejudicial quanto à dos radicais livres em nossa pele.
Para evitar a glicação, é necessário manter uma alimentação balanceada, reduzir o consumo de alimentos processados, com alto índice glicêmico, e optar por alimentos antioxidantes. Além disso, pode-se também utilizar dermocosméticos e cosmecêuticos com produtos antiglicantes e antioxidantes para auxiliar na manutenção da elasticidade da pele.
Segundo especialistas da Sociedade Brasileira de Dermatologia, estudos recentes sobre o uso da carnosina, nutriente natural e potente antiglicante que existe no organismo, mas cuja presença diminui
com o passar do tempo, mostram-se cada vez mais promissores para combater o envelhecimento cutâneo.
Para uma pele saudável, vale lembrar a importância da manutenção de bons hábitos: exercícios físicos moderados, alimentação balanceada, uso de hidratantes com ativos (como ceramidas), consumo de probióticos e antioxidantes orais e, claro, visitas regulares ao dermatologista.
Dra. Letícia Nanci é médica do Hospital Sírio-Libanês, médica responsável pela Clínica Dermatológica Letícia Nanci; membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD); da American Academy of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).
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Coluna publicada na edição 105 da revista Forbes, em janeiro de 2023.
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