Ainda estou digerindo a notícia de que a HBO Max (desculpe, só “Max”) fará uma nova série de Harry Potter, assumindo um compromisso de uma década para readaptar os livros originais com um elenco totalmente novo – e provavelmente um tempo total de três a quatro vezes maior que os oito filmes originais juntos.
É uma ideia que parece criativamente falida, mas que inevitavelmente vai atrair muita audiência. Mesmo assim, ao contrário de outras adaptações, essa parece vir com um risco que a maioria das outras séries não tem.
Não, não tem a ver com a JK Rowling. Sim, seus comentários transfóbicos são péssimos e seu envolvimento como produtora executiva não é boa notícia – mas, se 12 milhões de vendas do jogo Hogwarts Legacy nos ensinaram alguma coisa, é que essas controvérsias simplesmente não chegam ao grande público.
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Em vez disso, estou falando sobre o principal problema da série em si: ela não vai tentar expandir o mundo de Harry Potter, mas adaptar livros muito populares e refazer filmes amados, com um elenco muito querido pelo público (até hoje).
Há uma razão para termos os “Anéis de Poder” em vez da Amazon refazendo “O Senhor dos Anéis” de Peter Jackson como uma série de dez anos. Há uma razão pela qual a Disney não está refazendo a trilogia original de “Star Wars” e, em vez disso, focando em tudo o que acontece antes e depois. Assim como a HBO, que não irá refazer “Game of Thrones” daqui a cinco anos – em vez disso, teremos outras histórias, ambientadas em diferentes períodos de tempo, como “House of The Dragon” provou.
Claro, às vezes vemos isso. “Percy Jackson” está sendo refeito em uma nova série da Disney Plus, mas foram apenas dois filmes lançados dez anos atrás – e, embora sejam legais, nem de longe alcançam o nível de escala de qualquer um desses outros.
Fazer não apenas uma série de Harry Potter, mas dez anos de conteúdo, realmente passa a ideia de que nem os livros nem os filmes são suficientes – o público só quer reiniciar toda a franquia uma década depois e vê-la ser um sucesso por mais dez anos depois disso. Não se vê isso acontecer entre outras megafranquias (e há uma boa razão para isso).
Por que essa seria uma produção sobre a qual as pessoas falariam semana após semana? Não há reviravoltas nem surpresas a serem encontradas para a grande maioria do público. Serão principalmente debates sobre o que mudou ou não nos filmes, o que é muito menos divertido.
Meu palpite é que o argumento para os executivos era adaptar Harry Potter para uma “nova geração” que não cresceu com a versão Radcliffe/Watson/Grint. Mas esses filmes ainda se sustentam bem (e estão disponíveis na mesma plataforma que a nova série irá ao ar). E, claro, é possível ler os livros a qualquer momento.
Isso parece um empreendimento puramente para fazer dinheiro, com nenhum propósito criativo. E a série, entre 50 e 80 horas no total, sem dúvida parece que acrescentará muito dos detalhes extra dos livros que os filmes cortaram (incluindo coisas que realmente deveriam ter sido deixadas de fora mesmo).
Muitas pessoas vão assistir à série de Harry Potter, pelo menos no começo? Acho que sim. Ela será melhor do que os livros ou os filmes? É quase certo que não, especialmente se JK Rowling está envolvida em seu estado atual. Mas não há como parar o Expresso de Hogwarts, e só nos resta esperar para ver.
*Paul Tassi é jornalista e colaborador da Forbes USA, onde escreve sobre videogames, televisão e filmes há mais de 10 anos
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