A General Motors do Brasil vai participar do desenvolvimento global de veículos elétricos. A empresa anunciou nesta quarta-feira (18) que dois veículos, o Equinox EV e o Blazer EV, terão parte de seu desenvolvimento no centro tecnológico, localizado na antiga fábrica em São Caetano do Sul, grande São Paulo, e no campo de provas de Indaiatuba, a 102 quilômetros da capital paulista.
Os dois veículos deverão ser lançados ainda neste ano, sem uma data definida, e as primeiras vendas ocorrerão nos Estados Unidos. “É a primeira vez que a GM do Brasil participa do desenvolvimento de veículos elétricos”, diz Santiago Chamorro, presidente da montadora para a América do Sul.
Chamorro não revela os investimentos específicos para esse desenvolvimento. Ele afirmou que eles fazem parte da dotação de R$ 10 bilhões anunciada em 2019 e prevista para ser consumida até 2025. “Estamos no fim do ciclo de maturação desses investimentos”, diz ele.
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Eletrificação
A participação no desenvolvimento, porém, não inclui a produção de baterias para os veículos elétricos, o grande ponto estratégico desse negócio. Segundo Chamorro, o tamanho do mercado brasileiro para esses veículos – que são bem mais caros do que os automóveis a combustão, ou mesmo os híbridos – não justifica a produção de baterias aqui. “Precisamos ver um aumento na demanda para justificar isso”, diz ele, sem revelar qual é o tamanho necessário para justificar que a GM passe a produzir esses equipamentos no Brasil.
Apesar disso, ao apresentar o plano, o executivo defendeu o desenvolvimento de veículos elétricos. Segundo ele, pesquisas realizadas pela montadora indicam que 86% dos clientes gostariam de ter um veículo mais sustentável.
Carro “verde” de entrada
Chamorro questionou a proposta de algumas montadoras de elaborar um carro híbrido com características populares, que teria vantagens fiscais para atender à população de renda menor. Apelidado de “carro ‘verde’ de entrada”, esse veículo, estimam os especialistas, teria um preço inicial ao redor de R$ 45 mil, cerca de 60% do valor dos veículos zero-quilômetro mais baratos atualmente à disposição do consumidor brasileiro. Segundo Chamorro, “se perguntarmos ao cliente, ele vai dizer que não prefere um carro menos sofisticado, menos tecnológico e menos seguro”.
O anúncio mostra que a GM permanece em sua estratégia de passar diretamente dos carros à combustão (combustíveis derivados do petróleo, etanol e gás natural) para os elétricos, sem fazer como diversos concorrentes que vêm lançando veículos híbridos – a combustão e elétricos. “Os custos de abastecimento e de manutenção são menores no longo prazo”, diz Chamorro. Segundo o executivo, o cliente só precisa aprender a fazer essa conta. “É questão de tempo, quando lançamos o veículo a etanol e depois o flex, o cliente teve de aprender a fazer a conta dos 70% de potência do etanol em relação à gasolina, mas isso hoje é comum.”
Chamorro afirmou que vem conversando com empresários do setor de distribuição de combustíveis e diz ter encontrado mais interesse do que antes na oferta de recarga de carros elétricos em postos de gasolina. “O empresário sabe que a margem da venda de combustível é pequena, o posto tem lucro com lojas de conveniência e outros serviços”, diz o executivo. “Assim, faz sentido oferecer um serviço que mantenha o cliente no posto por 30 ou 40 minutos, pois nesse período ele pode consumir um produto ou serviço que proporciona uma margem muito maior.”
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