A receita do sucesso da Red Bull na Fórmula 1

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Foto: divulgação

Christian Horner, chefe de equipe da Red Bull na Fórmula 1

A cada nova vitória da Red Bull na Fórmula 1, fica até difícil imaginar que o time austríaco era conhecido em seu início apenas por suas ousadas ações de marketing fora da pista. A empresa fundada por Dietrich Mateschitz (1944 – 2022) começou sua história na principal categoria do automobilismo após comprar a Jaguar, que de 2000 a 2004 falhou em ir além da sétima colocação no Mundial de Construtores, sem nunca vencer um GP (apesar de todo suporte financeiro da Ford, sua antiga proprietária).

Desta forma, a Red Bull sabia que não teria sucesso da noite para o dia. Pelo contrário: nos quatro primeiros anos do time na F1, de 2005 a 2008, a equipe sequer conquistou uma pole position ou mesmo a vitória em um GP. Até a irmã caçula, a escuderia Toro Rosso, conseguiu o feito ao vencer o chuvoso GP da Itália com um então promissor jovem talento chamado Sebastian Vettel.

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Então, como a atual campeã do mundo, que está dominando a temporada 2023 com 100% de vitórias – duas de Max Verstappen e uma Sergio Perez – conseguiu fazer essa história de sucesso na competição? Qual a receita para se manter vitoriosa ao longo desses anos? Foi o que Forbes Motors perguntou a Christian Horner, chefe da equipe Red Bull, na abertura do campeonato, na véspera do GP do Bahrein.

As lições da equipe podem ser aplicadas a qualquer negócio ou carreira. Algumas das observações de Horner podem parecer até simples, mas vale lembrar: mesmo gigantes da indústria automobilística tentaram fazer sucesso e não conseguiram. E nem sempre por falta de investimentos.

Separamos as cinco melhores dicas de Christian Horner:

Valorize os talentos

“Temos uma cultura de equipe e nosso maior patrimônio são as pessoas. E temos integrantes maravilhosos. E, claro, Adrian Newey tem estado com a gente há muito tempo também. Mas há tantos outros também que formam este time vencedor”, diz Horner, citando o famoso projetista que se juntou ao time logo no segundo ano de Red Bull.

Com a fama de construir carros campeões do mundo – como a Williams de “outro planeta” (como assim definia Ayrton Senna nos anos 1990) e a McLaren dos títulos de Mika Hakkinen, em 1998 e 1999 –, Newey topou o desafio de encarar uma jornada em um time médio para fazer o projeto de todos os carros da Red Bull. Com isso, emplacou os títulos de Sebastian Vettel (2010, 2011, 2012 e 2013) e os de Verstappen nos últimos dois anos (2021 e 2022). E tem tudo para emendar mais um nesta temporada.

Estabilidade traz consistência

Essa pode ser traduzida para o equivalente no futebol ao “em time que está ganhando não se mexe”. E esta qualidade na gestão de uma equipe é destacada por Horner. “Ao longo dos anos temos sido muito consistentes. Tivemos uma grande estabilidade e acredito que estabilidade traz esta consistência. E tem que haver fome, tem que haver paixão”, avisa o líder do time.

Mesmo quando a Red Bull não vencia logo em seus primeiros anos e já com Newey como projetista, a equipe bancou seu talento das pranchetas. E, quando eles acharam o piloto certo (Vettel), a consequência foi imediata: pódios, vitórias e quatro títulos seguidos e uma história de sucesso poucas vezes vista na F1.

Faça com que todo seu time tenha o mesmo objetivo: vencer

A F1 é o esporte mais coletivo de todos. Engana-se quem pensa que, por apenas o piloto subir no pódio, se trata de uma competição individual. E além de mecânicos, engenheiros e todo time no autódromo, é importante construir uma rede de apoio que vai estar lá com você nos bons e maus momentos, como explica Horner.

“Em uma equipe, todos devem compartilhar as mesmas metas e objetivos. E eles são, eu diria, os fundamentos absolutos para ser competitivo. Temos uma grande equipe e temos enorme força. Cada um sabe qual é o seu papel”, diz.

Quando você vê a maestria do trabalho de pit stop da Red Bull, entende rapidamente esse conceito. E, não por coincidência, o time ganhou já várias corridas por conta desses preciosos segundos de efetividade na parada de troca de pneus.

Principal papel de um chefe de equipe: gestão de pessoas

Para quem não é familiarizado com a estrutura de um time de F1, Horner é o chefe de equipe, mas não o dono dela. Então, a capacidade de ser maleável e saber gerir desde as pessoas que estão abaixo de você e também aquelas que estão acima (como os acionistas da Red Bull) é fundamental.

“Você precisa ter o apoio de todos ao seu redor: seus parceiros, seus patrocinadores, seus acionistas. E, você sabe, é onde temos sido muito fortes na Red Bull”, se gaba Horner.

A liderança do ex-piloto inglês e a boa gestão de pessoas fez com que ele tivesse muitas vezes carta branca para administrar crises, como nas batidas entre Vettel e Mark Webber – o pior para um chefe de equipe é ver seus dois pilotos se acidentando em uma corrida, mas o incidente não foi capaz de brecar as conquistas da Red Bull.

Chegou ao topo? Agora se prepare para o maior desafio: se manter no topo

Em 2005, a Red Bull ficou na sétima colocação entre as equipes em seu ano de estreia da F1. A evolução veio em 2009, com o vice-campeonato. E o primeiro título veio no quinto ano, com Vettel vencendo o Mundial. Mas este era só o primeiro objetivo de Horner e seu time.

“Você está sempre olhando para dentro para dizer onde podemos ser melhores? Onde podemos melhorar? Porque você sabe, com certeza seus concorrentes não estão parados”, alerta. E com esta mentalidade o time conseguiu quatro títulos consecutivos.

A sequência só foi interrompida quando uma grande mudança de regulamento trouxe os motores híbridos para a F1, com a nova era turbo, em 2014. Foi a vez da Mercedes iniciar sua sequência incrível de títulos, mas a Red Bull seguiu trabalhando dia e noite para voltar ao topo – até que conseguiu em 2021 com o título de pilotos (com a controversa decisão na última volta entre Verstappen e Hamilton) e no ano passado com o bicampeonato do holandês e a conquista de mais um título de construtores.

A volta ao topo mostra que aquela Red Bull vitoriosa do começo dos anos 2010 seguiu trabalhando intensamente para ser novamente a número 1.


















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