Desde o lançamento do ChatGPT, da Open AI, e do Bard, do Google, as discussões sobre se as IAs (inteligências artificiais) substituirão os humanos aumentaram e estudos mostram que alguns empregos – surpreendentemente, alguns tradicionalmente ocupados por executivos – podem ser fortemente impactados.
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Algumas informações importantes sobre as IAs
A IA generativa, uma forma de inteligência artificial capaz de criar texto ou outro conteúdo em resposta a solicitações do usuário, ganhou popularidade rapidamente após o lançamento público do ChatGPT.
Desde seu lançamento em novembro de 2022, as pessoas têm usado o AI chatbot ChatGPT para uma variedade de tarefas, como escrever redações de nível universitário e gerar códigos de programação.
A corrida da IA esquentou ainda mais depois que o Google lançou o Bard em 21 de março. Essa ferramenta é um concorrente do ChatGPT e é diferente do mecanismo de pesquisa do Google.
Um recente relatório do banco Goldman Sachs estima que 300 milhões de empregos podem ser afetados pela IA generativa, o que significa que 18% do trabalho globalmente pode ser automatizado. Nesse processo, países economicamente mais avançados serão mais impactados do que os mercados emergentes.
O relatório também prevê que dois terços dos empregos nos EUA e na Europa estão expostos a algum grau de automação por IA e que cerca de um quarto de todos os trabalhos existentes podem ser executados inteiramente por IA.
Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia e da OpenAI descobriram que alguns empregos executivos e que exigem qualificação – que ganham até US$ 80 mil (R$ 403,5 mil) por ano – são os mais prováveis de serem afetados pela automação da força de trabalho.
De acordo com o relatório, os empregos na agricultura, mineração e manufatura são os menos expostos à IA generativa, enquanto os empregos nas indústrias de processamento de informações, como TI, são os mais expostos. Isso porque estes trabalhos usam habilidades de programação e escrita e, assim, se aproximam mais do que o ChatGPT consegue fazer.
A IA generativa não é perfeita: tanto a OpenAI quanto o Google admitem que seu programa às vezes dá respostas incorretas e tem outras falhas. A base de dados do ChatGPT, por exemplo, se restringe aos conhecimentos produzidos até 2021, e o Bard, por sua vez, tem uma limitada retenção da conversa com o usuário.
Quais serão as profissões mais impactadas pelas IAs
1. Finanças e bancos
Os bancos já começaram a incorporar IA em seus modelos de negócios. 56% dos bancos afirmam que implementaram a tecnologia em suas áreas corporativas, como gerenciamento, enquanto 52% dessas instituições já usaram essas ferramentas para gerar receita, como mostra um estudo do Centro de Finanças Alternativas de Cambridge com o FEM (Fórum Econômico Mundial).
Abhijit Bose, vice-presidente sênior da instituição bancária Capital One, disse que a IA possivelmente irá monitorar transações para fornecer conselhos financeiros detalhados sobre economia e gastos. O banco Morgan Stanley começou a usar chatbots com tecnologias da OpenAI para organizar seu banco de dados que gerencia patrimônio, ajudando os consultores a obter informações e pesquisar com mais eficiência. O FEM também prevê que a IA trará três principais mudanças para a indústria financeira: corte de empregos, criação de profissões e aumento da eficiência. Ainda, a organização estima que, até 2027, 23% dos empregos no setor financeiro chinês serão substituídos pela inteligência artificial.
2. Mídia e marketing
A Axel Springer, uma das maiores editoras alemãs, anunciou em fevereiro que planeja se tornar um conglomerado de mídia puramente digital, processo que envolverá cortes de empregos em benefício de tecnologias modernas e da automação. Repórteres de diferentes meios de comunicação, como Business Insider, CNET e CNBC já usaram o ChatGPT para escrever notícias – embora tenham sido criticados por terem noticiado informações falsas. Em janeiro, Jonah Peretti, CEO do BuzzFeed, anunciou que a empresa fecharia uma parceria com o ChatGPT para personalizar o conteúdo produzido e aprimorar a qualidade de seus questionários, para o desespero dos funcionários do veículo.
No mundo do marketing, 84% dos profissionais disseram que usaram ferramentas de inteligência artificial em 2020, um grande aumento de 29% em 2019, mostrou uma pesquisa da empresa de software Salesforce. As equipes de marketing de alto desempenho usaram, em média, as IAs de sete formas diferentes em 2020, sendo que mais da metade delas planejou aumentar o uso delas em 2021.
3. Serviços jurídicos
Um advogado usou o ChatGPT e publicou um relatório de 14 páginas na revista acadêmica Social Science Research Network cumprindo várias tarefas, como a criação de um contrato, a explicação do porquê a decisão da Suprema Corte sobre o casamento entre pessoas do mesmo gênero não deve ser questionada e a criação de perguntas para a coleta de um depoimento.
O bot de IA tem o potencial de abordar questões de acesso à justiça e disponibilizar serviços jurídicos para aqueles que não podem pagar, disse Andrew Perlman, reitor da faculdade de direito da Universidade de Suffolk. Os norte-americanos de baixa renda não recebem qualquer ou suficiente ajuda jurídica em 92% de seus problemas em tribunais civis, de acordo com um estudo de 2022 da organização do Congresso dos EUA que trata do acesso à justiça. Algumas organizações já começaram a incorporar IA em serviços jurídicos – como a startup americana de produção de contratos Leggeex, que possui um serviço que lê contratos de forma mais precisa e rápida do que os humanos.
Os empregos que serão menos impactados pelas IAs
1. Trabalhadores de manufaturas e fábricas
Esta indústria está passando por automação há algum tempo, com a General Motors sendo a primeira grande fabricante a implementar robôs em suas linhas de montagem. No entanto, a IA generativa pode acelerar esse processo. Por exemplo, Elon Musk recentemente revelou um bot da Tesla, o Optimus, um robô autônomo feito para substituir humanos em trabalhos perigosos e repetitivos. Musk planeja colocar esses bots em suas montadoras e, eventualmente, expandir para outras indústrias pelo mundo.
De acordo com um relatório do MIT e da Universidade de Boston, espera-se que a IA substitua até dois milhões de trabalhadores da manufatura até 2025. “Nossas evidências mostram que os robôs aumentam a produtividade”, disseram os pesquisadores. Uma fábrica chinesa na cidade de Dongguan substituiu 90% de sua força de trabalho por máquinas, resultando em um aumento de 250% na sua produtividade e uma redução de 80% nos erros cometidos. Um trabalho que exigia 650 pessoas para ser concluído agora exige cerca de 60 robôs e 60 humanos, segundo a empresa.
2. Agricultores
De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA, em 2021 havia 21,1 milhões de empregos nos setores de alimentos e agricultura, número que representa 10,5% da força de trabalho do país. A agricultura é considerada uma das áreas mais antigas do mundo e resistiu ao passar do tempo e a quatro revoluções industriais. Muitas fazendas pequenas não têm recursos suficientes para investir em mais maquinário, embora fazendas maiores já tenham começado a automatizar tarefas que exigem maior esforço físico.
Nos EUA, a agricultura familiar representa 98% de todas as fazendas do país, sendo a maioria delas pequenas fazendas que produzem em aproximadamente metade das terras agrícolas do país. Mesmo assim, o Instituto de Alimentação e Agricultura dos EUA financia pesquisas em inteligência artificial em recursos naturais e ambientais, sistemas agrícolas e engenharia e economia em comunidades rurais.
3. Profissionais da saúde
Um estudo publicado no International Journal of Health Services mostrou que, em média, os psiquiatras gastam 20,3% do dia com tarefas administrativas, seguidos por médicos internistas e clínicos gerais com 17,3% do tempo. Tarefas administrativas podem ser automatizadas, mas outras áreas provavelmente não precisarão de IA.
“Há uma necessidade de compaixão na medicina, a qual a IA é incapaz de reproduzir”, diz David Dranove, professor da Northwestern University ao revelar que a maioria dos adultos quer ouvir sobre sua saúde de um ser humano. Um relatório da Universidade de Oxford prevê que profissionais que produzem relatórios e registros médicos, secretários médicos e técnicos de informações de saúde são os empregos mais prováveis a serem automatizados na área – não sendo aqueles que diretamente atuam com pacientes.
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