Mulheres são mais eficazes que os homens na liderança, diz pesquisa

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Mulheres na liderança são mais propensas a trabalhar com uma mentalidade criativa e “jogar para que todos ganhem”

Em 2023, pela primeira vez na história, mulheres CEOs lideram cerca de 10% das empresas da Fortune 500, lista das maiores companhias dos EUA por receita. Esse é, sem dúvida, um marco importante. Mas também ressalta a necessidade de mais mulheres em todos os níveis de liderança.

Não se trata apenas de representatividade. Mulheres líderes são boas para os negócios:

O relatório TheReady-Now Leaders da Ong Conference Board mostra que as organizações com pelo menos 30% de mulheres em cargos de liderança têm 12 vezes mais chance de estar entre as 20% melhores em desempenho financeiro.
Uma pesquisa da organização Leadership Circle com base em análises de mais de 84 mil líderes e 1,5 milhão de avaliadores (incluindo chefe, chefe do chefe, colegas, subordinados diretos e outros), mostra que as lideranças femininas aparecem com mais eficácia do que seus colegas homens em todos os níveis de gerenciamento e faixas etárias.

Ter mulheres líderes é uma questão de negócios. Um relatório da IBM deste ano afirma que “as mulheres permanecem extremamente sub-representadas nos níveis de gerenciamento intermediário, comprometendo as perspectivas de um pipeline saudável de futuras lideranças femininas”. Então, como você pode desenvolver mais mulheres para gerar equidade e melhores resultados?

Primeiro, entenda o que exatamente torna as mulheres líderes mais eficazes. Cindy Adams, presidente e CLO (Chief Learning Officer) da Leadership Circle, esteve à frente do novo estudo da organização, que oferece insights sobre os diferentes impactos de líderes homens e mulheres.

>> Leia também: Mulheres são a maioria na área da saúde, mas não estão na liderança

Por que as mulheres se saem melhor na liderança

A pesquisa liderada por Adams é do Leadership Circle Profile, uma análise cientificamente validada que mede “competências criativas” e “tendências reativas” na liderança.

“Os comportamentos dos líderes criativos decorrem de seus valores e propósitos, e não de um conjunto de suposições sobre como os líderes devem se comportar”, disse Adams.

As tendências reativas, por outro lado, “são projetadas para nos manter seguros, mas contêm crenças e comportamentos autolimitantes que impedem os líderes de alcançar todo o seu potencial”.

Líderes reativos dependem fortemente de roteiros e concepções sobre o que devem fazer e dizer, o que muitas vezes leva ao microgerenciamento autocrático.

Com base no crescente banco de dados do Leadership Circle com mais de 240 mil perfis de liderança completos, Adams destacou três principais vantagens que a pesquisa indica que contribuem para que as lideranças femininas sejam mais eficazes do que os homens.

As mulheres pontuam significativamente mais alto em todas as dimensões criativas: elas se saem melhor com sua capacidade de “conectar e se relacionar com outras pessoas”, bem como nas competências de autenticidade e conscientização de sistemas. Isso sugere que mulheres líderes não são apenas melhores em construir relacionamentos, mas também que os relacionamentos que elas constroem são mais autênticos.
As mulheres são mais propensas a liderar a partir de uma mentalidade criativa e “jogar para que todos ganhem”: “Mulheres geralmente lideram com uma orientação de ‘jogar para vencer’ – concentrando-se no que mais importa para o futuro que estão criando e fazendo parcerias para avançar em direção a essa visão. Os homens também podem liderar a partir disso, mas é mais provável que liderem com a ideia de “jogar para não perder” e podem gastar tanto tempo se afastando do que não querem quanto se movendo em direção ao que querem.”
As mulheres constroem e cultivam conexões mais fortes: “As mulheres aparecem de maneira visivelmente diferente dos homens em termos de construção de conexões, mentoria, desenvolvimento de outras pessoas e demonstração de preocupação com a comunidade. No ambiente de negócios atual, isso funciona como uma superpotência.”

“Em poucas palavras”, segundo Adams, “mulheres demonstram níveis mais altos de eficácia de liderança e competência criativa (em todas as dimensões) e têm menor impacto reativo em comparação com seus colegas do sexo masculino”.

Apesar de todos os benefícios mensuráveis ​​que as mulheres trazem na liderança das organizações, muitas empresas ainda não as desenvolvem e apoiam efetivamente.

Como desenvolver mulheres e aproveitar a vantagem da liderança feminina

“Se você não está criando um caminho em sua empresa para tornar a liderança mais inclusiva ou alavancar todo o poder e potencial das mulheres, então você não está fazendo tudo o que pode para o sucesso da sua organização.”

— Cindy Adams, CLO da Leadership Circle

Para aproveitar a vantagem da liderança feminina, Adams aponta que simplesmente contratar mais mulheres não é suficiente.

“A diversidade nos níveis de liderança provou ser uma vantagem estratégica”, ressalta Adams. “É importante não apenas contratar e promover líderes mulheres, mas também incentivar seu desenvolvimento desde o início e ajudá-las a obter o máximo de experiência e conhecimento em funções que ainda podem ser dominadas por homens.”

Talvez a melhor maneira de desenvolver um fluxo consistente de lideranças femininas seja criar um programa voltado para isso.

>> Veja também: O ano das mulheres: 2023 pode mudar o perfil da liderança corporativa

Aqui estão quatro elementos-chave para colocar em prática um programa de sucesso.

1. Mulheres precisam reconhecer o seu valor

Os dados do Leadership Circle revelam que, apesar de as líderes mulheres serem mais eficazes do que os homens, elas subestimam mais suas habilidades e influência. As mulheres também estão “sobrecarregadas e comprometidas demais” em um grau mais alto do que seus colegas homens.

Para Adams, isso aponta para a necessidade de as mulheres aprenderem a falar sobre seus pontos fortes e defender a si mesmas. Por exemplo, os primeiros meses do programa de treinamento para mulheres na liderança da Adobe foca em práticas de liderança pessoais destinadas a capacitar mulheres líderes promissoras. As participantes exploram questões como “quais são seus talentos e pontos fortes únicos? Como você pode ampliá-los e trazê-los para a organização?”

2. Aprendizado em grupo traz mais resultados

O aprendizado tem muito mais probabilidade de se manter quando acontece em uma comunidade de pessoas que pensam da mesma forma. O programa da Adobe, por exemplo, utiliza grupos de quatro a seis mulheres nos quais elas podem servir como mentoras umas das outras e mergulhar mais fundo no que estão aprendendo. O aprendizado baseado em grupos também trabalha o networking e a construção de relacionamentos, que são especialmente importantes em ambientes de trabalho remotos e híbridos. Uma abordagem desse tipo pode ajudar a criar uma rede contínua de suporte que se estende muito além do período do seu programa.

3. O potencial do coaching executivo

Em uma relação de coaching individual, mulheres podem obter suporte personalizado à medida que navegam em seu crescimento e desenvolvimento de carreira. A empresa farmacêutica Endo prioriza o coaching em seu programa “ASPIRE” para mulheres na liderança. “Eu vi o poder de combinar talentos femininos fortes com coaches fortes”, disse Patrick Barry, vice-presidente executivo e presidente de operações comerciais globais da Endo.

4. Preenchendo a “lacuna entre saber e fazer”

Oferecer às líderes oportunidades para praticar, experimentar e aplicar novas crenças e habilidades é a melhor maneira de traduzir “aprender” em “fazer”.

Na Adobe, as participantes passam para grupos de discussão imediatamente após a introdução de um novo conceito. As sessões oferecem a oportunidade de refletir e discutir como elas colocarão em prática novos aprendizados.

A empresa também envolve os gestores das participantes no processo. “Pedimos às participantes que atualizem mensalmente seus gerentes e compartilhem o que aprenderam, como podem aplicar e como seu gerente pode ajudar”, disse Angela Szymusiak, diretora de desenvolvimento de talentos de DE&I da Adobe.

Comece agora a desenvolver lideranças femininas

Não importa o design, o conteúdo ou a duração de um programa de desenvolvimento de liderança, Adams diz que é crucial começar cedo – para o benefício de futuras mulheres líderes e da organização como um todo.

“As mulheres, em particular, mudam de ‘menos eficazes’ para ‘mais eficazes’ mais cedo do que os homens”, diz Adams. “Se começarmos a construir equipes e organizações mais diversificadas agora, os negócios serão melhores e o mundo será melhor hoje e daqui a dez anos.”

*Kevin Kruse é colaborador da Forbes USA. Ele é CEO da LEADx, uma plataforma de desenvolvimento de carreira para transformar profissionais em líderes. Também é um autor best-seller e foi mentor de CEOs de grandes empresas, generais da marinha, membros do Congresso americano e empreendedores do Vale do Silício.

(traduzido por Fernanda de Almeida)

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