Gabriela Prioli conta como a transição ajudou a monetizar sua carreira

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Iude Richele

Gabriela Prioli deixou o escritório de advocacia e migrou para a comunicação há três anos. O primeiro emprego foi na CNN

Comunicadora, advogada, escritora, professora, modelo e, agora, mãe da Ava, Gabriela Prioli assumiu como apresentadora do programa Saia Justa, do GNT, no começo do mês de março. Ao sair do direito e seguir para um universo ainda desconhecido da comunicação, Prioli rompeu com uma carreira linear na qual já estava em posições de liderança, sendo sócia do reconhecido escritório de advocacia no qual trabalhava. 

Nos bastidores da mudança profissional, pouco vistos no seu canal do YouTube ou nos seus perfis em redes sociais – teve muito planejamento financeiro, desenvolvimento de produtos, coragem e insegurança. Só três meses depois de ser contratada pela CNN, onde estreou no programa Grande Debate, Gabriela Prioli lançava seu primeiro infoproduto, um clube do livro com 10 títulos para leitura, lives de conversa sobre os títulos e aulas com especialistas.

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Hoje, pouco mais de três anos depois de começar na comunicação em 16 de março de 2020, Prioli está lançando a quarta edição do seu clube do livro – que hoje compartilha com o filósofo e ex-colega de bancada Leandro Karnal –, tem dois cursos online publicados e dois livros escritos (à caminho do terceiro). Ainda, a comunicadora tem um canal no YouTube, faz publicidades, dá palestras e oferece mentorias particulares.

Gabriela Prioli conversou com a Forbes sobre sua estratégia de negócios, ritmo de trabalho após a filha Ava e transição de carreira. Confira:

Forbes: Desde que entrou em comunicação, ser apresentadora não foi sua única frente de atuação. Quais são os outros produtos que você tem desenvolvido?

Gabriela Prioli: Além de apresentar programas de televisão, trabalho com a produção de infoprodutos, nos quais já tenho mais de 60 mil alunos. Com esses produtos, tive um faturamento que cresceu 10% entre 2021 e 2022 – período no qual muitos produtores digitais experimentaram uma queda de faturamento. Também, dou muitas palestras, para as quais tenho uma demanda altíssima, e trabalho com publicidade em todas as minhas redes sociais e campanhas para serem veiculadas em televisão.

É tanta coisa que, às vezes, até esqueço de alguma. Tenho o meu canal no YouTube e participo do mercado editorial com dois livros dessas publicados e um terceiro já fechado com a editora Companhia das Letras. Ainda, dou mentorias particulares, nas quais trato de comunicação nas redes sociais, branding pessoal, oratória. Hoje tenho uma diversidade muito grande de frentes de atuação que a minha escolha lá atrás me permitiu fazer. Tudo isso foi elaborado de maneira muito ágil, se você pensar que comecei a trabalhar com comunicação no dia 16 de março de 2020. 

F: Na comunicação, você seguiu para o infoentretenimento – um formato de veiculação de informações a partir do entretenimento. Essa escolha estava relacionada com a sua estratégia de negócios?

GP: Não sou jornalista e, se fosse para o jornalismo de hardnews, eu seria simplesmente uma comunicadora de acontecimentos. Nesse caso, o meu leque de oportunidades estreitaria muito – e eu saí do direito justamente para eu ter essa variedade de oportunidades. Quando desenvolvi minha carreira com uma liberdade de fora do rótulo jornalístico, pude ter uma gama de negócios muito maior do que eu teria se tivesse atuado como comentarista política.

Ainda, acredito no entretenimento como um veículo. Quando eu estava no direito, percebi que a nossa linguagem e as nossas plataformas na área eram limitações – alcançavam um público muito restrito. Logo, se eu  quero ampliar o espaço de difusão das minhas ideias, o entretenimento é um veículo poderosíssimo para chegar a mais ouvintes.

F: Como você percebeu que queria desenvolver novas atuações e negócios para além da advocacia?

Gabriela Prioli: Não teve um momento em que eu percebi que queria ir para a comunicação. Eu estava muito bem no direito e gostava de advogar e de dar aulas. Sentia que eu tinha um potencial que gostaria de explorar e que, na comunicação, eu conseguiria difundir melhor minhas ideias. Não sabia muito como fazer isso, porque, como a maioria dos jovens da minha época, estruturei minha carreira com uma mentalidade muito restrita do que ela poderia ser. Estudei direito pensando que as minhas possibilidades seriam prestar um concurso ou advogar – e, possivelmente, dar aulas.

À medida que eu fui crescendo e tendo independência financeira na advocacia, percebi que eu podia ocupar espaços mais amplos. Não pensava que eu pudesse fazer uma transição absoluta de carreira num primeiro momento. Assim, comecei a participar de alguns programas na televisão conforme era convidada. Nesse movimento, me preparei muito bem para ocupar os espaços da melhor maneira possível – algo que faço até hoje.

Um ponto fundamental da minha transição de carreira foi quando, nessas minhas primeiras participações na televisão, fui convidada para fazer parte de um programa na TV aberta, o que eu não aceitei. Mesmo recebendo uma proposta que pode ser tentadora, consegui ter frieza e distanciamento necessários para dizer que aquela não era a hora. Sabia que precisava esperar uma outra oportunidade. Quando veio a proposta da CNN, aí sim aceitei.

F: Como você se preparou para essa transição profissional?

GP: Para eu fazer esse movimento, foi fundamental ter preparação financeira. Quando comecei a colocar o pé na comunicação antes de sair do direito, ainda estava ganhando meu dinheiro no escritório de advocacia onde já era sócia. Não vim de família rica e, por isso, não tinha a possibilidade de viver sem trabalhar. Mesmo tendo uma demanda bem alta, trabalhei ainda mais para fazer essa transição com segurança. Assim, paralelamente às aulas e às participações não remuneradas na TV, fui juntando uma reserva de emergência. Juntei dinheiro para me sustentar por um ano sem trabalhar e não ter pressa para conseguir um emprego em comunicação.

Ou seja, só pude dizer não à primeira proposta porque eu tinha dinheiro para pagar minhas contas, senão eu teria aceitado e construído uma carreira de forma diferente. Me organizei financeiramente para que eu pudesse ter independência e liberdade de aceitar o que mais se encaixasse no meu projeto a longo prazo. 

F: Que dica você daria para outras pessoas que pensam em mudar de área profissionalmente?

É muito importante você começar a fazer o movimento de forma paralela com a sua atuação atual. Isso gera uma rotina que, muitas vezes, se torna exaustiva, porque você está fazendo duas coisas ao mesmo tempo. Quem tá de fora e assiste uma transição de carreira, às vezes imagina que a pessoa que faz esse movimento é uma pessoa que ama se arriscar. Não é assim. A gente vê o risco, se programa e, a partir disso, tem coragem de se jogar.

Nesse processo, você precisa ter convicção de quem é e do que quer. Quando eu fui lá colocar minha cara na televisão em um debate, deu certo e viralizei no Twitter com as pessoas falando bem de mim. Mas, poderia não ter dado e eu estava colocando muita coisa em jogo naquele momento – minha carreira toda na advocacia e o meu começo na comunicação.

F: Na sua carreira, você se posiciona com frequência sobre temáticas políticas e a respeito de comentários sobre você. Isso já impactou seus negócios? Se sim, como?

GP: Me posicionar e construir minha carreira da maneira que eu fiz não foi ruim para os meus negócios. Mesmo com meus posicionamentos, consegui obter retornos financeiros muito bons em pouquíssimo tempo. Isso na verdade me ajuda. As marcas que me contratam percebem que eu tenho com o meu público um vínculo fortíssimo, justamente por me posicionar de maneira muito clara. Alguns dos meus contratos de publicidade, por exemplo, já se prolongam por anos – com a Nivea já estou no meu terceiro ano de contratação.

Agora, eu imagino que uma marca ou uma empresa que faz concessões a posicionamentos machistas, racistas ou homotransfóbicos ou não vão querer me contratar. Aí, o ponto é: eu não quero trabalhar com elas. É muito importante crescer nos negócios – e eu tenho uma missão extremamente ambiciosa nesse sentido –, mas é muito importante fazer isso de forma a não me unir com o que repudio. Fazer negócios a partir de uma existência falsa e vazia, porque você não se posiciona ou não se mostra, é frágil.

F: Ter sua filha, a Ava, mudou a maneira como você tem gerenciado a sua carreira?

GP: Sim, especialmente em relação ao equilíbrio entre a vida pessoal e profissional que comentei antes. Quando a Ava nasceu – até me lembro de estar com ela no colo, vendo as suas coxinhas gordinhas –, pensei que esse tempo e todos os outros com ela eu não recupero. Ela me trouxe um senso de urgência em desfrutar. Essa coxinha dela nunca mais vai ser desse tamanho e, por isso, preciso viver isso e estar com ela.

Geralmente eu sou aquela pessoa que tem cinco projetos andando agora e mais 10 na minha cabeça para serem desenvolvidos. Mas, agora, vou continuar trabalhando e tendo os meus projetos, mas não no mesmo ritmo de antes. Neste semestre, por exemplo, já adiei dois lançamentos – coisa que eu nunca tinha feito antes. De qualquer maneira, meu ritmo continua sendo rápido é importante, né ter esse equilíbrio da maneira que dá né? E quais são suas inspirações na carreira, até agora é quem você diria que de certa forma te esperou a chegar até aqui.

F: Com uma atuação profissional que já se estendeu por várias áreas, o que ainda há de sonhos para Gabriela Prioli?

Eu tenho o sonho de tornar o clube do livro em um projeto maior, gratuito e aberto a todos,  conseguindo remuneração de outras formas – como patrocínios e parcerias. Fico feliz de, com o projeto, já afetar o mercado, porque praticamente todos os livros do clube vão para as primeiras colocações de vendas. Quero fazer isso com um impacto ainda maior, porque acredito na leitura como um construtor de consciência e como um potencial transformador social. Também tenho o projeto do próximo livro que envolve o trabalho de mentoria que eu faço de uma maneira mais ampla, até para eu conseguir atender mais gente. É um livro no qual quero falar sobre a condição da mulher na sociedade para ajudar, também, nesse desenvolvimento de carreira, de apropriação de si e de pensamento estratégico – não só de maneira teórica, mas principalmente de forma prática para transformar as realidades das pessoas.

Ainda, mais para a frente, quero trabalhar na TV aberta – naquele espaço que, quando apresentaram para mim, não era exatamente o que eu queria e, agora, construindo um lugar para falar com mais gente. Mesmo porque eu fiz a transição de carreira para ampliar o meu público e eu estou trabalhando nisso até hoje. Acredito na mensagem que eu tenho para comunicar.

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