O dólar à vista fechou em queda ante o real hoje (27), pela segunda sessão consecutiva, na esteira do exterior, onde o maior otimismo com o setor bancário mantinha a moeda norte-americana em baixa ante outras divisas de países emergentes, e com os investidores à espera do novo arcabouço fiscal no Brasil.
A notícia de que o First Citizens BancShares Inc vai adquirir os depósitos e empréstimos do falido Silicon Valley Bank (SVB), dos EUA, ajudou a estabilizar as ações de bancos europeus nesta segunda-feira, elevando a procura por ativos de maior risco, como ações e moedas de países emergentes.
No Brasil, os investidores também reagiam positivamente à possibilidade de o novo arcabouço fiscal ser divulgado nos próximos dias, antes mesmo do previsto, já que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiou sua viagem à China nesta semana por motivos de saúde. Originalmente, o arcabouço seria apresentado apenas após o retorno de Lula do país asiático.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,2075 reais na venda, em queda de 0,82%. Nas duas últimas sessões, a moeda norte-americana acumulou baixa de 1,56%.
Na B3, às 17:12 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,82%, a 5,2125 reais.
Internamente, profissionais citaram ainda a expectativa com a publicação da ata do mais recente encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, marcada para terça-feira.
Como o comunicado do colegiado que manteve a Selic (a taxa básica de juros) em 13,75% ao ano foi considerado duro –ou hawkish, na linguagem do mercado– há certa expectativa de que a ata possa aliviar o discurso e eventualmente até elevar as chances de o BC antecipar o início do ciclo de cortes da taxa.
“Há contribuição tanto externa quanto interna para a queda do dólar. No caso da interna, temos a expectativa com o arcabouço e a ata”, disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
Para o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mário Battistel, a busca por oportunidades no mercado brasileiro, após as quedas mais recentes dos ativos, contribuiu para a queda do dólar. “Muitos estrangeiros haviam pulado fora dos negócios, com as críticas do governo ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a crise bancária no exterior. Como caíram bastante, os preços das ações estão atrativos e estamos vendo um certo retorno”, comentou.
Para os próximos dias, além da ata e do arcabouço, as cotações serão influenciadas pela briga entre comprados (posicionados na alta do dólar) e vendidos (posicionados na baixa) pela determinação da Ptax de fim de mês, que servirá para liquidar os contratos futuros no início de abril. A taxa será definida na sexta-feira, dia 31.
Conforme um operador, é de se esperar uma pressão dos comprados nos últimos dias do mês, considerando que a moeda norte-americana à vista voltou a ficar próxima dos 5,20 após as últimas sessões.
Pela manhã, o Banco Central vendeu 13.010 contratos, do total de 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de maio.
No exterior, o dólar mantinha nesta tarde perdas em relação a uma cesta de moedas.
Às 17:12 (de Brasília), o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – caía 0,16%, a 102,830.
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