O Ibovespa abriu em alta hoje (23), com avanço de 0,44%, a 100.656 pontos após os leilões iniciais. Investidores repercutem a decisão da véspera do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) de manter a taxa de juros em 13,75% ao ano.
Diferentemente do esperado, não houve qualquer sinalização de queda dos juros em breve no comunicado do BC. Ao contrário, a autoridade monetária se manteve firme na política de levar a inflação de volta para a meta de 2% e acrescentou que fará novas altas caso seja necessário.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o comunicado do Copom e a postura do BC em relação aos juros é “muito preocupante”. O governo federal e o BC travam uma disputa em relação aos juros, com os membros do governo pedindo a diminuição das taxas para acelerar a economia e o BC firme na restrição para controlar a inflação.
Haddad criticou o tom “duro” do comunicado: “No momento em que a economia está retraindo, o Copom chega a sinalizar uma subida da taxa de juros. Lemos com muita atenção, mas achamos que o comunicado preocupa bastante”, disse o ministro da Fazenda.
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O arcabouço fiscal, que Haddad já queria ter divulgado, pode ter influenciado na decisão. O presidente Lula adiou a divulgação da nova regra para depois de sua volta da China, ou seja, em abril. Até lá, as incertezas do Copom sobre as contas públicas giram em torno da proposta de um texto que ainda não é público.
O BC teme que o arcabouço seja flexível demais e acabe dando espaço para a gastança promovida pela ala política do governo, o que teria reflexos diretos na inflação.
Idean Alves, sócio da Ação Brasil Investimentos, afirma que o tom do comunicado do Copom por si já fala muito. “É muito importante, pois sinaliza que [a autoridade] deve manter o patamar atual por mais tempo e fará novas altas se necessário, o que traz um peso que por si só que pode ajudar no controle da inflação, fazendo até mesmo que eventuais novas altas deixem de ser necessárias na prática.”
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve aumentou os seus juros ontem, conforme o esperado: em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 4,75% e 5,0% – maior desde 2007. Segundo o comunicado do Fed, a expectativa é que a cautela dos bancos em meio à falência do SVB diminua a oferta de crédito significativamente, reduzindo a atividade econômica e, consequentemente, a inflação.
Além disso, o banco central do BC deu a entender que pode para de subir os juros ainda este ano. Porém, as taxas não devem baixar, apenas estabilizar. Este último detalhe fez com que as bolsas de Nova York fechassem em queda ontem.
Por volta das 10h (horário de Brasília) de hoje, os futuros de Nova York subiam. O Dow Jones tinha alta de 0,15%, o S&P 500 avançava 0,46% e o Nasdaq ganhava 0,88%.
O dólar à vista negociava com alta no mesmo horário, +0,05%, a R$ 5,2395.
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