A Americanas divulgou na noite de ontem (20) plano de recuperação judicial encaminhado à Justiça do Rio de Janeiro, prevendo um aumento de capital de R$ 10 bilhões com direito de preferência aos atuais acionistas, além de venda de ativos que incluem o hortifruti Natural da Terra, um dos ativos mais estratégicos até agora para a companhia.
O plano foi encaminhado juntamente com um diagnóstico da crise de uma das maiores redes de varejo da América Latina que atualizou o volume de dívida da companhia para cerca de R$ 50 bilhões, ante valor anterior em fevereiro de R$ 42,5 bilhões.
A Americanas comprou a Natural da Terra em 2021 por R$ 2,1 bilhões, em um movimento estratégico que tinha como foco ampliar a recorrência de compra dos consumidores. Na época, a companhia era a maior rede varejista especializada em produtos frescos do Brasil com uma rede de cerca de 80 lojas em quatro Estados.
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Além da Natural da Terra, o plano da Americanas inclui a venda do Grupo Uni.Co, plataforma também adquirida em 2021 que opera franquias como Puket e Imaginarium, e de uma aeronave da companhia.
O plano prevê que a Americanas vai usar até R$ 2 bilhões dos recursos das vendas dos ativos para recompra de dívida a mercado e recompra de dívida subordinada.
O aumento de capital tem compromisso de subscrição em sua totalidade pelo trio de bilionários que são os “acionistas de referência” da Americanas: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
DESÁGIO
A companhia também afirmou que o plano enviado à Justiça do Rio de Janeiro prevê um desconto de 50% na dívida devida a credores com saldos acima de R$ 12 mil. Além do “deságio”, a Americanas afirmou também que a proposta prevê pagamento do restante em 48 parcelas mensais.
Já para os credores financeiros, a Americanas propõe um desconto de 70% sobre o valor a ser ofertado em um leilão reverso que será realizado 60 dias após a conclusão do aumento de capital de 10 bilhões de reais. Apenas credores que não estiverem processando a Americanas poderão participar deste leilão, segundo o plano.
O valor do leilão é limitado a até R$ 2,5 bilhões, com o restante podendo ser quitado por meio de mecanismos que incluem emissão de novas dívidas via debêntures simples e recompra de créditos, com prazos variando entre 60 e 180 dias para as operações. A Americanas também afirmou que o plano prevê emissão debêntures conversíveis.
Aos credores que estiverem processando a Americanas, a companhia afirmou que o plano prevê que “os saldos remanescentes serão reduzidos no percentual de 80% e pagos em apenas uma parcela, no mês de março de 2043”.
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