Restaurantes viram estratégia para ocupar estádios em dias sem jogos

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O Braza, no Allianz Parque, é um dos restaurantes dentro de estádios que abrirão recentemente no Brasil

Quem tem a chance de comer no melhor restaurante do mundo, o Geranium, prova seu menu degustação de 22 pratos e cerca de R$ 2.300 com vista para um belo parque de Copenhague. A visão do outro lado também é verde, mas por outro motivo: ali é o gramado onde acontecem as partidas de futebol do FC Copenhagen e da seleção da Dinamarca. O restaurante número um do planeta, vencedor do título em 2022 pelo renomado ranking The World’s 50 Best Restaurants e dono de três estrelas Michelin, fica no 8º andar de uma arena esportiva, o Estádio Parken. 

A combinação pode parecer inusitada à primeira vista. No imaginário popular, um estádio está longe de ser associado à alta gastronomia. Mas com ambientes confortáveis, pratos mais elaborados e horários de funcionamento que vão além das partidas, as arenas esportivas têm apostado em atrair um novo público, de famílias a executivos, para seus restaurantes

O Geranium é só um exemplo de fine dining nos estádios. O fenômeno pode não ser recente na Europa (o dinamarquês foi inaugurado em 2013, vale dizer), mas no Brasil a tendência começa a chamar atenção e atrair investimentos.  

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Quem tem sido um dos pioneiros deste movimento no país é Mark Zammit e sua empresa, a Gourmet Sport Hospitality (GSH). Há mais de uma década, a companhia faz o catering de eventos esportivos, já tendo sido responsável pela comida dos camarotes da Copa de 2014 e das Olimpíadas do Rio, por exemplo. 

Nos últimos anos, no entanto, a GSH começou a expandir os negócios gastronômicos para além dos dias de jogos e dos camarotes. “Os estádios não conseguem mais sobreviver só com futebol, é preciso funcionar no dia a dia e ter fontes de receitas diversificadas, que não sejam só de jogo, evento ou patrocínio”, explica o CEO. 

Entre as apostas, a ideia dos restaurantes trouxe a chance de trazer algo “inédito” para a cena esportiva nacional: uma cozinha mais sofisticada, com serviço aprimorado. “Tradicionalmente, os estádios eram lugares para refeições rápidas, onde você comprava uma comida ou uma bebida para se alimentar enquanto via o jogo. Nossa meta é elevar esse padrão e dar a possibilidade para que as pessoas desfrutem de um bom cardápio”, diz Zammit. 

O plano já está em andamento. Recentemente, a GSH investiu quase R$ 6 milhões em dois restaurantes no Allianz Parque, em São Paulo. O Braza e o La Coppa, inaugurados em meados de 2022, têm cozinha do chef Giovanni Renê, vencedor do programa Top Chef, e compõem a cena gastronômica da arena junto ao veterano Nagairô Sushi (que existe desde 2018), todos administrados pela empresa de Zammit.

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Ambiente do La Coppa, de comida italiana

Com menos de um ano de abertura, a aposta tem se mostrado acertada, com um aumento perceptível no movimento do Allianz em datas comuns: “Aos sábados, vemos um público de 400 pessoas almoçando ou jantando em família e amigos. Nos dias de semana, a média é 250 clientes, especialmente entre executivos e pessoas que trabalham na região. É uma arena viva, que funciona fora de dias de eventos. Até cinco anos atrás, isso não seria visto”. 

Ao contrário do Geranium, os restaurantes da arena paulistana têm vista direta para o gramado onde o Palmeiras costuma jogar, uma vantagem que permite criar experiências especiais. Em dias de jogos de futebol ou shows internacionais – nos próximos meses, o Allianz receberá artistas como The Weeknd -, o Braza e o La Coppa se tornam camarotes de luxo, com comida e serviço premium, além da visão privilegiada. 

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Pelo ambiente e gastronomia diferenciados, a procura por pacotes só aumentou, de acordo com o empresário: “Antes, nem 2% do público do estádio buscava por isso. Hoje, a demanda subiu para 20%, com pessoas que querem pacotes mais sofisticados, com chefs dentro dos camarotes”. Os valores chegam a R$ 4.000 por pessoa dependendo do evento.

Agora, a GSH está investindo na expansão para outros destinos. Em abril, uma nova arena do Atlético Mineiro será aberta em Belo Horizonte, com dois restaurantes administrados pela empresa. Uma filial também foi aberta em Lisboa, depois do grupo ter ganho a concessão pelo catering do Estádio da Luz, sede do clube Benfica.

OUTROS RESTAURANTES EM ESTÁDIOS

Veja a seguir uma seleção de restaurantes dentro de estádios pelo mundo:







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