SXSW: como o Brasil tornou-se referência em carros voadores?

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Andre Stein, co-CEO da Eve Air Mobility

Em 2018, durante o SXSW, festival de inovação que ocorre a partir de hoje (10) em Austin, no Texas, a Eve Air Mobility, na época um projeto nascido na Embraer-X, empresa de aeronaves elétricas da Embraer, levou o protótipo de seu eVTOL, veiculo elétrico voador, para ser testado pelo público do evento. Na ocasião, como conta Andre Stein, co-CEO da Eve Air Mobility, foram feitos vários avanços em relação ao projeto.

Na edição deste ano, a empresa apresentará pela primeira vez nos Estados Unidos, o modelo que já alcançou a marca de 2.770 encomendas, somando pouco mais de US$ 8 bilhões para 26 clientes em vários continentes. De acordo com Stein, é uma nova fase que reforça o avanço do projeto cuja previsão de entrega das aeronaves e operação é 2026. “Estamos na fase de desenvolvimento de todo o ecossistema para a mobilidade aérea urbana, que abrange não só a aeronave, mas um portfólio de soluções agnósticas que engloba também a parte de infraestrutura.”

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Stein está em Austin onde participará de várias atividades envolvendo o projeto, inclusive um painel que tratará do tema mobilidade elétrica e conversou com a Forbes Brasil.

Forbes Brasil – Qual a importância do SXSW para a visibilidade da EVE e quais os planos da empresa para o evento deste ano?
Andre Stein – O SXSW é um evento extremamente importante para a Eve, pois proporciona uma conexão valiosa com um público diverso que representa os usuários finais do futuro. Isso permite que a empresa fale sobre Mobilidade Aérea Urbana (UAM – Urban Air Mobility, da sigla em inglês), eduque as pessoas sobre este mercado e crie com os consumidores. Pela primeira vez o mock-up da cabine do nosso eVTOL será apresentado nos Estados Unidos, a primeira vez foi no Farnborough Airshow, em junho de 2022, em Londres. Em nosso estande com nosso mock-up, as pessoas vão poder ver e experimentar de perto o futuro da mobilidade aérea urbana. Os participantes também terão a oportunidade de participar de uma pesquisa focada na experiência do usuário e dar feedback sobre o design do interior, além de ajudar a Eve a nomear o eVTOL.

FB – Os planos de operação em 2026 estão em que nível e quais têm sido os desafios até aqui?
Stein – Estamos na fase de desenvolvimento de todo o ecossistema para a mobilidade aérea urbana, que abrange não só a aeronave, mas um portfólio de soluções agnósticas que engloba também a parte de infraestrutura para serviços e suporte, para o gerenciamento do tráfego aéreo urbano (Urban ATM, do inglês Urban Air Traffic management), que irá viabilizar não só o lançamento deste novo modelo de transporte, mas também a escala do mercado, com conforto, sustentabilidade e segurança. Em fevereiro de 2022, a Eve formalizou o processo para obtenção de Certificado de Tipo do eVTOL junto à ANAC. Estamos trabalhando minuciosamente em cada fase do projeto do eVTOL, dentro de nossa metodologia de building blocks, com foco na previsão de entregas para 2026. A Eve tem realizado também Conceitos de Operações (CONOPS) e simulações para futuras operações de UAM, iniciativas colaborativas com parceiros, que nos ajudam a entender o espaço aéreo, procedimentos e infraestrutura necessários para integrar e escalar com segurança as operações eVTOL no espaço aéreo urbano, as jornadas dos usuários e da aeronave.

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FB – Vocês anunciaram alguns acordos recentes que potencializaram o desenvolvimento das aeronaves, pode dar uma perspectiva do que ainda pode ser feito em termos de parcerias para os próximos anos?
Stein – A estratégia de negócio da nossa empresa é criar parcerias estratégicas com empresas de todas as frentes do ecossistema. Como se trata de um novo produto e mercado é necessário ter um crescimento sustentável para alcançar o sucesso. Continuamos trabalhando nesse sentido, criando parcerias e fortalecendo as já existentes. Algumas das nossas parcerias estratégicas incluem empresas como Acciona, que atua no ramo de infraestrutura e de energia limpa, Skyports, que oferece infraestrutura para a aviação urbana, cias aéreas, como a United, e operadores de helicópteros.

FB – Qual o desafio de massificar o VTL e tê-lo, de fato, como uma solução de mobilidade?
Stein – O processo de certificação é um grande desafio quando se trata de algo novo, pois é necessário trabalhar em conjunto com as autoridades regulatórias para estabelecer as regras. Para que uma aeronave seja certificada, não há atalhos ou simplificações. É preciso que a infraestrutura evolua para atender às demandas do mercado, o que inclui, por exemplo, a necessidade de infraestrutura de carregamento específica para as baterias por se tratar de um veículo elétrico, vertiportos – locais dedicados para o pouso e decolagem vertical dos eVTOLs. Nos primeiros anos de operação, conseguiremos ainda mais estudos para viabilizar uma escala maior com operação de frotas, e o mercado vai se desenvolvendo gradualmente e de forma sustentável. Vale ressaltar que, o eVTOL será voltado para uma nova modalidade de transporte aéreo compartilhado e não para aquisição individual. A Eve oferecerá a aeronave e o sistema para serem operados por empresas parceiras ou clientes que irão negociar o assento para o público final. No estudo realizado no Rio, em novembro de 2021, foi analisado o preço a partir de R$ 99,00 por assento, da Barra da Tijuca para o aeroporto do Galeão, aproximadamente o preço de uma viagem premium via carro de aplicativo, um preço muito menor se comparado a algum táxi aéreo ou helicóptero.

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