O sonho de ser mãe, muitas vezes, pode vir acompanhado de alguns obstáculos. A gravidez ectópica está entre eles. A condição, considerada de risco para a mulher, ocorre quando o embrião se fixa e começa a se desenvolver fora do útero, tornando a gestação inviável.
O ginecologista e obstetra, Dr. Alexandre Rossi, explica que em uma gravidez normal, o óvulo é fertilizado na trompa de Falópio e segue em direção ao útero, onde permanece até o final da gestação. No entanto, por diversos motivos, a trompa pode apresentar algum estreitamento ou bloqueio, impedindo a passagem do embrião.
Nesses casos, a gestação não ultrapassa 16 semanas, muito antes do tempo necessário para a sobrevivência do feto. Por este motivo, o diagnóstico precoce é fundamental para minimizar possíveis complicações para a saúde da mulher.
“Cerca de 2% das gestações são uma gravidez ectópica, mas após a primeira ocorrência, a probabilidade de recorrência é maior”, alerta o especialista. “Por este motivo, gestantes já diagnosticadas com uma gravidez ectópica anterior devem ter cuidado redobrado”, diz.
Fatores de risco
Gravidez ectópica anterior;Procedimento cirúrgico anterior, como um aborto ou uma laqueadura tubária;Anomalias das trompas de Falópio;Uso atual de um DIU (dispositivo intrauterino);Fertilização in vitro na gravidez atual;Uso de contraceptivos orais que contêm estrogênio e progestina;Histórico de doença inflamatória pélvica ou infecções sexualmente transmissíveis (sobretudo por Chlamydia trachomatis);Infertilidade,Tabagismo.
Sintomas da gravidez ectópica
De acordo com o médico, os sintomas da gravidez ectópica variam e podem não ocorrer até o rompimento da estrutura que abriga o embrião. A maioria das mulheres apresentam sangramento vaginal e dor em pontada ou na forma de cólica. Além disso, a menstruação pode ou não estar atrasada, ou ausente, e algumas mulheres não suspeitam que estão grávidas.
Após o rompimento da estrutura, a mulher sente uma dor súbita, forte e constante na parte inferior do abdômen, seguida de uma grande perda de sangue, e, em alguns casos, desmaio e tontura. “Podem ocorrer queda abrupta da pressão arterial (choque) e peritonite (inflamação da membrana que reveste a cavidade abdominal)”, completa Rossi.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da gravidez ectópica pode ser realizado através de um exame clínico detalhado, exames laboratoriais. Muitas vezes, também é feito nas primeiras consultas do pré-natal, por meio da ultrassonografia.
Mas, caso a mulher ainda não saiba da gravidez e haja a ruptura da estrutura onde o embrião está alojado, o médico solicitará um teste para confirmar a gestação, seguido de ultrassonografia transvaginal, para localizar o embrião.
Dependendo da situação, o médico também poderá usar um tubo com feixes de fibra óptica, chamado laparoscopia, que permite a visualização direta da gravidez ectópica.
Tratamento
Conforme a localização do embrião e o tempo gestacional, algumas opções poderão ser indicadas, incluindo o tratamento medicamentoso, com metotrexato, ou cirúrgico, como esclarece o especialista.
“O tratamento cirúrgico é realizado por laparoscopia. Um tubo de visualização é inserido na cavidade abdominal através de uma pequena incisão logo abaixo do umbigo e, por meio de instrumentos inseridos através do laparoscópico, a gravidez ectópica é removida”, afirma.
Além do feto e da placenta, em alguns casos há a necessidade de retirada de outros órgãos danificados pela gravidez ectópica, como a trompa de Falópio ou até mesmo o útero, por meio de uma histerectomia.