Mais disciplinadas do que eles, elas ganham espaço no day trade

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Andrew Brookes / GettyImages

Investidoras representam 22,9% do total de participantes na B3

Elas no mercado: investidoras representam 22,9% do total na B3Reduto tradicionalmente masculino, o mercado financeiro vem testemunhando o crescimento da participação feminina. E o avanço mais recente ocorre no day trade, a desgastante atividade de realizar investimentos de curtíssimo prazo, aproveitando a volatilidade do mercado. Segundo dados da B3, as mulheres representam 22,9% dos cerca de 5,6 milhões de investidores cadastrados. São 4,3 milhões de investidores homens e 1,3 milhão de investidores mulheres. A presença feminina cresceu 58% nos últimos dois anos.

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Os números da B3 são consideram tanto os day traders, que podem comprar e vender ações várias vezes em um único dia, quanto os investidores de longuíssimo prazo, que compram ações e as mantêm em seus portfólios por muito tempo. Um levantamento da Axia Investing, empresa que processa as transações de 4 mil day traders, mostra bem isso. Quando a empresa foi fundada, em 2017, o número de mulheres era exatamente zero. Atualmente, há cerca de 600 investidores aprovadas, 15% do total.

Segundo Antonio Marcos Samad Júnior, CEO da Axia, o desempenho delas chama a atenção positivamente. “Elas são bem mais disciplinadas do que os homens, ficam mais tempo operando na mesa e sabem ser arrojadas ao mesmo tempo que são cuidadosas. Não arriscam de forma equivocada, ou inconsequente, como parte dos homens fazem”, afirma o executivo.

Tempo livre

A flexibilidade de horário é um dos fatores que atrai as mulheres. Ao contrário dos homens, elas têm frequentemente um segundo ou um terceiro turno – além da atividade profissional, cuidam dos filhos e são responsáveis pelas tarefas domésticas. E o mercado financeiro pode ser uma boa fonte de renda.

É o caso de Lucimara Lisboa, 30 anos, solteira, residente em Cajobi, interior de São Paulo, que abandonou a profissão de engenheira civil para se dedicar exclusivamente ao day trading. Ela trabalhava como secretária adjunta da Secretaria de Desenvolvimento Urbano do município de Carapicuíba, grande São Paulo. Responsável pelo acompanhamento de diversas obras na cidade, Lucimara não tinha tempo para a vida social. Distante dos familiares, que residem no interior, começou a repensar sua vida profissional.

Conheceu o day trading em uma conversa com um estagiário. Interessada, foi pesquisar. Passou a acompanhar um influencer especializado, que indicou a leitura de “A trilogia de Al Brooks”, prestes a ser lançado no Brasil. “Estávamos em 2019 e eu deixava meu dinheiro na poupança. Pedi demissão, voltei para o interior e estudava sobre o mercado financeiro dez horas por dia.”

Lucimara abriu conta em uma corretora e começou a operar. A formação em engenharia a ajudou, tanto em montar estratégias, quanto a evitar a ganância. “Comecei a operar com R$ 1 mil e rapidamente transformei esse dinheiro em R$ 3 mil. Mas fiz isso sem entender direito como havia conseguido”, diz ela. Cautelosa, a nova investidora resgatou os R$ 1 mil iniciais e operava apenas com os R$ 2 mil que havia ganho. “Comecei a perder e percebi que meu sucesso inicial era sorte e não estratégia. Então, voltei a estudar”.

Não demorou muito para Lucimara descobrir que podia operar por meio de uma mesa proprietária, sem arriscar seu capital. Lucimara começou em novembro do ano passado. De lá para cá seu ganho médio na Axia tem sido de R$ 15 mil por mês. Paralelamente, ela continua operando por conta própria por meio da plataforma oferecida pela sua corretora. “Não pretendo voltar para a engenharia. Opero na parte da manhã somente. Estudo à tarde e, quando atinjo a meta financeira para o mês, eu tiro os dias restantes de folga. Quero ter uma vida social plena, conviver com minha família e com meus amigos”.

Sem dificuldades

Lucimara conta que não sentiu dificuldades no mercado financeiro por atuar em um segmento majoritariamente masculino. “A situação é igual na engenharia, estou acostumada”, diz ela. “Os homens não me assustam.” Segundo a investidora, disciplina, arrojo ou conservadorismo são características individuais que não dependem de gênero.

Para o futuro, Lucimara deseja se tornar influencer, com foco no público feminino. A ideia é ensinar outras mulheres sobre o mercado financeiro e day trade, de modo a permitir a mais investidoras ter uma renda trabalhando de casa.

Para quem deseja operar no mercado financeiro a engenheira dá algumas dicas como não esperar ter tempo para estudar e sim começar mesmo que for poucos minutos por dia, pois é melhor 40 minutos com foco do que três horas com distração. Ela também aconselha a ter uma reserva financeira de pelo menos um ano.

“É preciso procurar conteúdo de qualidade na internet e ter um mentor porque nem todo mundo é autodidata. Além disso, não seja apressado. Queimar dinheiro operando na conta real antes de ter certeza do que está fazendo não significa apenas perda financeira e sim perda de tempo. Com esse dinheiro daria para fazer algum curso e se aprimorar. Por fim, evite começar por conta própria, mesas proprietárias como a Axia permitem boas oportunidades de ganho e aprendizado”.

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