Nesta quarta-feira (1), o Ibovespa fechou em queda de 0,52% a 104.384,67 pontos, totalizando um volume financeiro de R$ 32,7 bilhões. A baixa foi impulsionada após o posicionamento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cobrando do BC (Banco Central) uma postura que colabore com os esforços do governo para a diminuição das taxas de juros.
As falas de Haddad vieram após uma vitória nas negociações sobre a tributação de combustíveis, com o anúncio na terça-feira (28) da reoneração parcial a partir de março. O ministro afirmou que o Brasil precisa “harmonizar a política fiscal e a monetária”, além de ressaltar a autonomia do Banco Central. O colegiado do BC fará sua próxima reunião nos dias 21 e 22 de março, em meio a críticas recorrentes do presidente Lula e seus ministros ao patamar da taxa Selic, atualmente em 13,75%.
Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram
Idean Alves, especialista da Ação Brasil Investimentos, diz: “O que observamos é que o mercado interno voltou a ficar confuso, com bastante ingerência por parte do governo, mais tributação, potencial caçada a autonomia do Banco Central por conta da política de juros, e interferência até onde o Brasil tem sido competitivo, cumprindo em muito o ‘discurso de campanha’. Mas como investidores já viram esse filme antes, não querem pagar para ver, e o pregão de hoje é uma mostra do que está por vir em março”.
Além disso, a Petrobras informou hoje (1) que recebeu ofício do Ministério de Minas e Energia solicitando a suspensão da venda de ativos por 90 dias, em razão da reavaliação da Política Energética Nacional atualmente em curso. O pedido foca novos processos de desinvestimentos e alguns em trâmite e não concluídos.
Antonio Sanches, especialista de investimentos da Rico, afirma: “as ações da Petrobras sofreram forte queda ao longo do dia, como reação à notícia de que o Ministério de Minas e Energia pediu à empresa que suspendesse a venda de ativos por 90 dias. O noticiário também dá luz à informação de que o governo planeja mudar as regras de distribuição de dividendos da Petrobras e ajustar a política de preços da empresa, alimentando preocupações e investidores sobre ingerência política na estatal”. Outras empresas de petróleo como 3R Petroleum (RRRP3), PetroReconcavo (RECV3) e PRIO (PRIO3) também caíram, fechando em quedas de 14,71%, 4,95% e 0,45%, respectivamente.
Liderando os destaques negativos, os papéis da Hapvida (HAPV3) tiveram uma queda de 33,48% a R$ 3,02 após a divulgação dos balanços trimestrais terem vindo abaixo das expectativas. A prestadora de serviços de saúde divulgou a queda de 56% no lucro líquido do quarto trimestre do ano passado sobre o mesmo período de 2021, com índice de sinistralidade piorando mais de 8 pontos percentuais na mesma comparação, e provisões para perdas com inadimplência mais do que dobrando.
Nos Estados Unidos, os principais indicadores de Wall Street tiveram um dia de baixa, com os rendimentos dos Treasuries subindo com as apostas de mais aumentos de juros pelo Federal Reserve que compensaram o otimismo dos fortes dados de manufatura da China.
Na Europa, uma queda nas ações do banco francês BNP Paribas pesou sobre o índice pan-europeu STOXX 600, enquanto mineradoras e empresas de luxo expostas à China limitaram as perdas depois que fortes dados econômicos do país acalmaram os temores de uma desaceleração econômica.
Na Ásia, as ações de Hong Kong tiveram o seu melhor pregão em quase três meses, enquanto as ações da China também dispararam, após dados mostrarem que a atividade manufatureira do país avançou em fevereiro no ritmo mais rápido em mais de uma década. Os investidores estavam procurando ansiosamente por mais evidências para avaliar o ritmo da recuperação econômica.
(Com Reuters)
O post Petroleiras e críticas da Fazenda ao BC derrubam Ibovespa apareceu primeiro em Forbes Brasil.