O dólar à vista fechou hoje (1) no Brasil em baixa ante o real, em sintonia com o exterior, onde as divisas de países exportadores de commodities foram favorecidas pelos dados positivos de atividade divulgados pela China.
A baixa do dólar interrompeu uma sequência de três sessões consecutivas de ganhos ante o real, a despeito de o mercado financeiro seguir cauteloso com o noticiário brasileiro. Seguem no radar dos investidores os desdobramentos do retorno parcial da tributação federal sobre os combustíveis, que será acompanhada pela cobrança de impostos sobre a exportação de petróleo por quatro meses.
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,19, em baixa de 0,66%.
Na B3, às 17h34 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,97%, a R$ 5,22.
A baixa do dólar no Brasil acompanhava a tendência verificada no exterior.
Às 17h34 (de Brasília), o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,50%, a 104,460.
Pela manhã, os mercados do mundo todo repercutiam os dados positivos da economia chinesa. O PMI (sigla em inglês para o Índice de Gerentes de Compras) da indústria da China disparou para 52,6 em fevereiro, ante 50,1 em janeiro, de acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas da China. Números acima de 50 indicam expansão. Este foi o melhor resultado desde abril de 2012.
Em reação, o dólar à vista se manteve em baixa ante o real na maior parte do dia.
“O real esteve bem em linha com o exterior, onde as moedas de países emergentes também subiam ante o dólar. A grande contribuição para isso veio do número positivo da China, durante a madrugada”, afirmou Felipe Novaes, chefe da mesa de operações do C6 Bank.
Como a China é uma grande importadora de commodities, os dados sugeriram que fornecedores como o Brasil podem ser favorecidos.
“O comportamento das moedas de emergentes se manteve ao longo do dia, apesar da piora nas bolsas e nas taxas de juros nos EUA”, pontuou Novaes.
Internamente, alguns profissionais demonstravam cautela em relação aos desdobramentos da volta da tributação sobre os combustíveis. Além disso, citavam a pressão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o Banco Central.
Na terça-feira e na manhã desta quarta, Haddad defendeu que o BC corte juros, em função das medidas fiscais recentes do governo, que incluíram uma reoneração parcial dos combustíveis no mercado interno e a taxação de exportações de petróleo.
Na visão de alguns profissionais, a cautela em relação ao ajuste fiscal contribuiu para que o dólar não recuasse mais intensamente ante o real. No horizonte dos investidores está a divulgação, prevista para este mês de março, do novo arcabouço fiscal do país.
À tarde, o Banco Central informou dados positivos para o fluxo de dólares para o Brasil neste início de 2023. No acumulado do ano até 24 de fevereiro, o país registrou fluxo cambial positivo de US$ 8,735 bilhões. A cifra é resultado de entradas de US$ 4,30 bilhões pelo canal financeiro e aportes no país de US$ 4,426 bilhões pela via comercial.
Pela manhã, o BC vendeu 15.190 contratos de swap cambial tradicional, em operação de rolagem dos vencimentos de abril.
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