Com o setor de tech em crise, o que será do mercado brasileiro de games?

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Foto: Bondart/ Getty Images

A expectativa da Abragames é que o setor cresça 50% em 2023 com os estúdios estão aquecidos

Mesmo diante do cenário desafiador para o ecossistema de tecnologia, a indústria brasileira de games tem boas perspectivas para 2023. De acordo com a 1ª Pesquisa Nacional da Indústria de Games (divulgada em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos – ApexBrasil), a Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Digitais) prevê que o ano manterá a tendência de crescimento, mas também destaca grandes desafios a serem enfrentados pelos estúdios nacionais.

Para Carolina Caravana, vice-presidente da Abragames, a aprovação do Marco Legal dos Games é um passo importante para a regulamentação da indústria nacional, mas ressalta que ainda há muitas mudanças a serem feitas. “A Abragames defende melhorias no texto para que represente ainda mais o que o mercado de desenvolvimento de games entende como essencial, como diminuir as burocracias para a importação de materiais, uma maior assistência regional e federal aos estúdios, e incentivos que ajudem na entrega de jogos de todos os gêneros. Com a redução das despesas e consequente diminuição dos custos de desenvolvimento, acreditamos que os jogos podem ser mais acessíveis a todos os públicos.”

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O preço dos jogos é um assunto importante e que tem ganhado bastante destaque nos últimos meses. Ao analisar acontecimentos internacionais e a atual situação financeira do Brasil, é fácil imaginar que a os jogos eletrônicos tendam a custar ainda mais para os consumidores finais, sejam eles de jogos locais ou estrangeiros. Rodrigo Terra, presidente da Abragames, reforça que é importante ter em mente o cenário global de momento. Com a guerra na Ucrânia, a restrição do consumo de jogos na China – um dos maiores mercados consumidores do mundo –, a procura por aquisições de gigantes do mercado e as dificuldades pós-pandemia na produção de tecnologias essenciais para o desenvolvimento de jogos, a tendência é que o valor dos games realmente sofra um reajuste em âmbito global.

“O mundo passou por uma situação atípica nos últimos anos e o mercado está tentando se reajustar a todas essas mudanças. No universo gamer não é diferente. As gigantes do setor acabam conseguindo contornar a situação de uma maneira mais fácil, pois já estão consolidadas economicamente e têm um público fiel estabelecido. Por isso, é importante que medidas como a do Marco Legal dos Games sejam aprovadas para que tanto o consumidor final quanto os estúdios nacionais não sejam tão impactados por esse novo momento.”

Apesar das dificuldades, a Abragames acredita que 2023 será mais um ano muito promissor para o crescimento e amadurecimento da operação dos estúdios nacionais. A quantidade de estúdios desenvolvedores de jogos aumenta a cada dia e, com isso, o número de jogos lançados e seus alcances crescem. “Em 2022 foram publicados 20 jogos de estúdios associados à Abragames. Nossa expectativa é que tenhamos um aumento de 50% para 2023. Os estúdios estão aquecidos e este será um ano de muitos lançamentos”, disse Rodrigo Terra.

A indústria brasileira de games já desenvolve jogos para diversas plataformas, de títulos de console e mobile a cloud gaming e realidade virtual. Os últimos anos foram os melhores da história do país no setor e contaram com um aumento significativo na quantidade de lançamentos e de novos estúdios.

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Segundo a pesquisa, existem 1.009 estúdios brasileiros em atividade. Para Terra, esse número deve aumentar em 2023, mas é preciso ter em mente que o ano será de muitas incertezas econômicas. Ele reforça ainda que o foco dos estúdios será no crescimento da equipe. “Os estúdios existentes irão crescer, demandando uma onda de novas contratações. Porém, serão mais pulverizadas pelo mercado todo.”

Eliana Russi, diretora internacional da Abragames, reforça o atual momento dos estúdios brasileiros. “As empresas nacionais estão maiores e desenvolvendo jogos cada vez mais complexos. Em comparação aos anos anteriores, será natural que tenhamos uma diminuição no número de empresas sendo abertas, já que as existentes estão abrindo mais vagas de trabalho para a produção de seus jogos.”

Por fim, a Abragames acredita que a participação em eventos nacionais e internacionais, como o BIG Festival, GDC, XDS, Gamescom e BGS são pilares importantes para o crescimento do país no setor, uma vez que aumentam as chances dos estúdios firmarem contratos com empresas e marcas já consolidadas. “Queremos e estaremos sempre em diálogo e fechando parcerias com os principais eventos, além de fomentar que mais espaços para exibição e demonstração de jogos brasileiros aconteçam fora do calendário pré-estabelecido”, conclui Rodrigo Terra.

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