O Uruguai registrou seu primeiro caso de gripe aviária, de acordo com autoridades locais, o que chamou a atenção do Brasil, maior exportador mundial de frango e que nunca registrou essa doença em suas granjas, pela proximidade dos países.
“Isso não é uma surpresa, era esperado”, disse o ministro da Agricultura, Pecuária e Pesca do Uruguai, Fernando Mattos.
“Já tínhamos indícios da presença da doença transmitida por aves migratórias na fauna local, aves locais que, em contato com aves migratórias, estiveram em contato com um vírus altamente patogênico”, disse.
A informação do governo do Uruguai confirmou reportagem publicada mais cedo pelo jornal Valor Econômico.
De acordo com fontes citadas na reportagem do Valor, há outro caso suspeito da doença em uma ave selvagem na província de Jujuy, no noroeste da Argentina, sem confirmação oficial das autoridades do país.
Questionado sobre o possível caso relatado de gripe aviária em Jujuy, uma fonte do Senasa, o órgão argentino de segurança alimentar, disse à Reuters que está “esperando os resultados dos testes em laboratório”, acrescentando que os detalhes seriam dados em uma coletiva de imprensa às 18h na Secretaria de Agricultura.
No início da tarde, o Ministério de Agricultura brasileiro divulgou um aviso indicando que o ministro Carlos Fávaro e o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, vão atender a imprensa nesta quarta-feira para fazer “esclarecimentos sobre a Influenza Aviária”.
O ministério não detalhou o que será esclarecido.
Procurada, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa produtores e exportadores de carne suína e de aves, disse que está acompanhando as ações “após a confirmação de ocorrência de caso de Influenza Aviária em ave silvestre (no caso, um cisne negro) no sul do Uruguai”.
A entidade afirmou que está em contato direto com a Asociación de Productores Avícolas Sur (APAS), entidade avícola local, juntamente com representantes de demais organizações da América Latina.
“Cabe lembrar que a situação registrada no Uruguai (com aves silvestres) é exemplo de caso que não suspenderia o comércio e exportações de produtos avícolas, conforme recomendações estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA)”, pontuou a ABPA.
O vírus geralmente é mortal para as aves, e granjas inteiras são abatidas quando até mesmo uma ave dá positivo, o que traz prejuízos para a indústria avícola.
A associação brasileira disse que os protocolos de biosseguridade seguem elevados, em especial na proteção de seus plantéis industriais, “com proibição total de visitas às granjas e unidades produtoras, entre outros cuidados sanitários já adotados pelas agroindústrias, como controle total do fluxo de aves e rações, desinfecção de veículos, trocas de roupas… e outras medidas”.
A ABPA afirmou que também está em contato direto com o Ministério da Agricultura do Brasil, “monitorando o quadro junto às nações vizinhas”, diante de temor de que o vírus possa chegar ao território nacional.
“Cabe lembrar que o Brasil nunca registrou focos e segue livre da enfermidade em seu território”, disse a ABPA.
A Reuters publicou nesta quarta-feira reportagem especial indicando que a gripe aviária atingiu novos cantos do mundo e se tornou endêmica pela primeira vez em algumas aves selvagens que transmitem o vírus a frangos criados em granjas. Os especialistas alertaram que agora é um problema que dura o ano todo, e não apenas algo sazonal.
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