Na noite de ontem (14), o Nubank divulgou seus resultados do quarto trimestre de 2022 e surpreendeu os analistas com os números positivos. O banco digital registrou uma receita de US$ 1,45 bilhão (R$ 7,6 bilhões) no período, 128% acima do mesmo período de 2021. Além disso, reverteu o prejuízo líquido de US$ 66,1 milhões (R$ 345 milhões) do quarto trimestre de 2021 para um lucro líquido de US$ 58 milhões (R$ 302,8 milhões) entre outubro e dezembro do ano passado.
O resultado positivo fez com que o Itaú BBA revisasse sua recomendação das ações para “market perform” (neutro), ante uma recomendação “underperform” (venda) anteriormente. O preço-alvo das ações também foi ajustado, de US$ 3,10 para US$ 5,50.
Por volta das 12:15 (horário de Brasília), as ações do Nubank listadas nos Estados Unidos apresentavam alta de 6,90%, a US$ 5,34. Já os recibos de ações (BDRs) listados na B3 tinham alta de 5,58%, a R$ 4,54.
Em relatório, o analista do BBA Pedro Leduc escreve que “as expectativas parecem ajustadas” e reconhece “a evolução positiva das receitas”. Ele destaca que a carteira de crédito expandiu 13%, liderada por cartões de crédito, enquanto a carteira de empréstimos se manteve estável.
O NII (receita de ativos de investimento) foi ainda mais forte, com alta de 30% na comparação trimestral, para US$ 688 milhões (R$ 3,59 bilhões) “com receitas de juros em rápido crescimento e custos de captação mais baixos”.
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O Bank of America (BofA) foi menos positivo em sua avaliação. Em relatório, os analistas escreveram que o balanço do Nubank teve argumentos “para touros e ursos”, embora “os pontos positivos superam os negativos neste quarto trimestre”.
Eles destacam que o lucro ajustado de US$ 114 milhões (R$ 595 milhões) superou a projeção de US$ 58 milhões (R$ 302,8 milhões) do banco norte-americano e melhorou pela quarta vez seguida.
“O trimestre refletiu uma expansão significativa na margem financeira líquida (NIM), na melhoria dos custos de captação, bem como na reprecificação de empréstimos, suportando uma melhor monetização da base de clientes” – a receita média por usuário subiu 46,4% na comparação anual, para US$ 8,20 (R$ 42,80).
De pontos negativos, o relatório do BofA cita a originação de empréstimos pessoais que se manteve moderada, o índice de inadimplência (NPL) que piorou 50 bps no trimestre e o índice de cobertura, que manteve a tendência de queda pelo terceiro trimestre consecutivo e terminou 2022 em 209% (abaixo dos 223% do 3T22).
“A ação valorizou 23% no acumulado do ano, superando um Ibovespa estável, antecipando um resultado melhor do que o esperado no trimestre . Vemos um aumento limitado em nosso preço-alvo de US$ 5,50 e mantemos nossa classificação neutra”, conclui o BofA.
O banco suíço UBS BB tem a visão mais positiva dos dois anteriores: “O lucro acima do esperado da Nu Holdings (considerando o cenário macro difícil no Brasil) deve ajudar no processo de reavaliação da ação”. O preço-alvo do UBS é de US$ 7,50, com uma recomendação de compra.
Assim como o BofA, o primeiro destaque do relatório é o lucro ajustado de US$ 114 milhões, maior do que a projeção do banco e do consenso. Os analistas também destacam que a base de clientes apresentou uma boa expansão, alcançando 74,6 milhões de clientes (adição líquida de 4,2 milhões entre outubro e dezembro), com uma taxa de ativação estável em 82%, além da maior receita por usuário.
Entretanto, o banco avalia que a qualidade dos ativos continua a ser um problema, como nos trimestres anteriores. A maioria das métricas deteriorou no quarto trimestre:
“O índice de inadimplência aumentou 50 bps no trimestre; a inadimplência em empréstimos aumentou ainda mais, para 3,2% (de 3,0% no 3T22); multas por atraso aumentaram para US$ 40 milhões no 4T22 (vs. US$ 18 milhões no 3T22). Além disso, o custo do risco Nu atingiu 15,9% no 4T22 (vs. 15,3% no 3T22)”, diz o relatório.
Para o BofA, o resultado da operação brasileira foi “uma grande surpresa”. O Nubank atingiu um ROE (retorno sobre patrimônio médio) de 40% no Brasil, e mais do que sobrou o lucro líquido e margem líquida no país, para US$ 157,7 milhões e 12% de margem.
Sobre a teleconferência de resultados, o banco suíço destaca:
espaço para expansão da carteira de crédito entre a base de clientes da Nu Holdings;
rentabilidade da operação brasileira é um indicativo do patamar que o Nubank pode atingir no médio prazo, que deve aumentar no longo prazo;
México e Colômbia levarão alguns anos para apresentar boa rentabilidade; e
folha de pagamento não deve ser diluída para o ROE.
O post Análise: lucro do Nubank no quarto trimestre supera expectativas apareceu primeiro em Forbes Brasil.