Emprego nos Estados Unidos seguirá elevado e pressionando a inflação

  • Post author:
  • Reading time:4 mins read
Getty Images

Sede do Google: demissões no setor de tecnologia são pouco relevantes no total

Divulgados na sexta-feira (3), os dados do emprego americano referentes a janeiro superaram todas as expectativas. O “non farm payroll”, ou criação de empregos não agrícolas, indicou a abertura de 517 mil vagas no mês passado. Esse resultado foi 130% superior às 223 mil vagas abertas em dezembro, e foi quase três vezes maior que a projeção, que era de 185 mil novas vagas. Além disso, o índice de desemprego caiu de 3,6% em dezembro para 3,4% em janeiro, o menor percentual desde 1969.

Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram

Essas notícias podem ter surpreendido boa parte dos profissionais do mercado, mas pelo menos uma pessoa já esperava um resultado assim. Segundo Nela Richardson, economista-chefe da empresa de processamento de dados americana ADP, as empresas americanas seguem contratando. “A taxa de desemprego está baixa de maneira geral, e em alguns lugares a situação é inédita”, diz ela. “Em estados como Utah, o nível de desemprego é de apenas 2%.” As empresas localizadas no estado vêm tendo muita dificuldade em contratar.

Tecnologia

A ADP foi fundada em 1949 para processar folhas de pagamento, e segue fazendo isso, em grande escala. “Processamos as folhas de pagamento de um em cada seis empresas americanas”, diz Richardson. Isso proporciona à ADP uma visibilidade excelente sobre a temperatura do mercado de trabalho. E, segundo a economista, os patrões americanos ainda devem seguir contratando por bastante tempo. “A maioria das empresas ainda não repôs todos os trabalhadores dispensados durante e imediatamente após a pandemia do coronavírus”, diz ela.

Empresas de tecnologia como Google e Facebook têm anunciado cortes significativos de seu pessoal. No entanto, isso não representa um alívio para a escassez de mão-de-obra nos Estados Unidos. “As demissões no setor de tecnologia são muito visíveis, mas não afetam muito a economia como um todo”, diz a economista. Segundo ela, essas empresas são conhecidas, empregam mão de obra especializada e pagam bons salários. No entanto, não são tão relevantes em termos estatísticos. “O setor emprega cerca de 2% dos trabalhadores americanos”, diz Richardson. “Atividades como hotelaria e lazer são muito mais relevantes, e esses setores seguem contratando.” Isso pressiona a “inflação dos salários”, um dos pontos mais importantes na avaliação da economia americana.

Inflação

Como o custo da mão de obra é relevante para as empresas, isso quer dizer que a inflação seguirá elevada, apesar do aumento dos juros. Em teoria, o dinheiro mais caro desestimula as empresas a contratar e até leva algumas delas a reduzir suas equipes, o que libera trabalhadores no mercado. Porém, isso não deverá ser suficiente para reverter o quadro inflacionário.

“Melhorar a oferta de mão de obra não será um remédio milagroso para conter a inflação”, diz ela. “Há algumas distorções que vão demorar para ser resolvidas.” Um bom exemplo é o setor americano de construção civil. Intensivo em mão de obra e pesadamente dependente de trabalhadores imigrantes, o setor tem se ressentido da falta de operários. “Cerca de um terço das pessoas que trabalham com construção civil nos Estados Unidos vêm da América do Sul”, diz a economista. “A redução da imigração fez com que haja poucos trabalhadores disponíveis, o que reduz a oferta de novos imóveis e mantém os preços da moradia elevados.”

Como as despesas com habitação representam cerca de 40% da cesta de inflação, isso quer dizer que os juros americanos permanecerão elevados por mais tempo. Em seu pronunciamento mais recente, Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve), o banco central americano, disse que as principais variáveis que o Fed iria acompanhar para definir a política monetária americana são as do mercado de trabalho: nível de emprego, oferta e demanda de vagas e custos da mão de obra.

O post Emprego nos Estados Unidos seguirá elevado e pressionando a inflação apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Deixe um comentário