Morre José Luiz de Magalhães Lins, banqueiro e mecenas, aos 93 anos

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Morreu hoje (3), aos 93 anos, o banqueiro e mecenas José Luiz de Magalhães Lins. Era casado desde 1961 com Maria do Carmo Nabuco de Magalhães Lins, com quem teve cinco filhos. Lins era sobrinho de um tradicional político conservador mineiro, José de Magalhães Pinto (1909-1996), que foi governador de Minas Gerais, presidiu o Senado, foi ministro das Relações Exteriores e tentou disputar a Presidência, antes e depois do regime militar.

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Magalhães Pinto era dono de uma pequena casa bancária, o Banco Nacional de Minas Gerais. Em 1949, contratou o sobrinho de 19 anos como escriturário. Lins deixaria o banco em 1972, como presidente de fato da instituição, que ajudou a transformar no segundo maior banco privado brasileiro nos anos 1970 graças a uma política agressiva de concessão de crédito e à adoção precoce de métodos modernos de gestão bancária. Lins introduziu novidades como o crédito pessoal e o boleto bancário, e o cheque personalizado.

Sob o comando dos primos, o Nacional teve problemas de crédito e acabaria sofrendo intervenção em 1995. Suas agências foram transferidas para o então Unibanco, hoje Itaú Unibanco, e o banco foi socorrido pelo governo federal na primeira operação do Proer.

Atuação política e mecenato

Depois que deixou o Nacional, Lins permaneceu no sistema financeiro. Foi presidente do Banco do Estado do Rio de Janeiro (Banerj) e conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro. Também seguiu, sempre discretamente, influenciando a política estadual e a brasileira.

Mesmo sendo essencialmente um banqueiro, Lins transitava com facilidade entre políticos de várias tendências ideológicas. Era próximo aos militares, pois seu tio foi uma das lideranças civis do golpe de 1964. Também tinha boas relações com intelectuais e donos de empresas de comunicação. Em 1971, avalizou um empréstimo de emergência para Roberto Marinho, dono da Rede Globo. Sem os recursos, Marinho teria perdido o controle da rede para a americana Time-Warner.

Lins foi um grande financiador do Cinema Novo, concedendo créditos para cineastas então pouco conhecidos no início dos anos 1970, como Glauber Rocha (1939-1981), Arnaldo Jabor (1940-2022) e Cacá Diegues (1940). Sem seu financiamento, vários filmes essenciais para o cinema brasileiro, como “Vidas secas”, de Nelson Pereira dos Santos (1963) e “Deus e o diabo na terra do sol”, de Rocha (1964) não teriam sido produzidos.

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