Engenheira de formação, Marina Viana acaba de assumir a diretoria executiva da GE Healthcare. A executiva é a primeira líder no Brasil depois de a empresa, até então braço de tecnologia médica da GE, se desmembrar no início de 2023. Para Marina, que ocupava a cadeira de CMO para América Latina desde janeiro de 2022, esse movimento, de CMO a CEO, não é incomum. “O domínio das atividades de CMO traz um conhecimento muito profundo, um diferencial para qualquer estratégia que queira ser construída com foco no cliente.”
A executiva entrou na GE como estagiária, em 2006, na antiga divisão de locomotivas de carga. Foi trainee no extinto negócio de óleo e gás e em 2012 migrou para a GE HealthCare, onde passou por posições de produtos, serviços, vendas e marketing. “Todas as áreas pelas quais passei deram a sua contribuição para que eu pudesse assumir essa posição hoje.”
Há 16 anos num mesmo grupo empresarial, Marina diz o que é preciso para sair da base e continuar se desenvolvendo até chegar ao topo da organização.
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Forbes: Como sua formação em engenharia de produção ajudou a construir sua carreira?
Marina Viana: Olhando para trás, diria que a minha formação sempre me possibilitou buscar indicadores e métricas para sustentar planos, ações e estratégias. O pensamento de engenheira me acompanha até hoje em manter aceso o olhar questionador e atento aos processos que permitirão evoluir de forma contínua.
F: O que você indica, tanto em termos de habilidade quanto de formação, para quem quer chegar ao topo de uma organização?
MV: Tenho duas respostas para essa pergunta. A primeira é direcionada para as mulheres. Não se boicotem, se desafiem constantemente e aceitem fazer coisas que ainda não dominam totalmente. Parece algo simples, mas acredito que esses elementos fazem com que uma série de oportunidades se percam.
De uma maneira mais geral, diria que todos podem seguir se desenvolvendo e aprendendo como forma de preparar o próximo passo na carreira, visando a vaga que se almeja, com esse olhar de aprendizado contínuo.
Adicionalmente, uma sugestão para quem assume uma nova posição. Busque saber o que seus antecessores fizeram de produtivo e o que não funcionou. Essa percepção é positiva e poderá resultar em próximos passos mais assertivos.
F: Quais habilidades você julga que te destacaram para crescer tanto dentro da empresa?
MV: Sou uma líder que se dedica a desenvolver os times para resultados mais impactantes e expressivos, além de estar em constante contato com o maior número de pessoas dentro da organização, para agregar ideias e manter a rede de relacionamento a maior possível. Outro grande diferencial que vejo é a visão inclusiva que trago comigo em todas as minhas funções.
F: Você estava como CMO e agora assume como diretora executiva. Como o marketing te preparou para essa posição?
MV: Não só o marketing, mas todas as áreas pelas quais passei deram a sua contribuição para que eu pudesse assumir essa posição hoje. Antes, tinha a visão por área. Quando estava em vendas, conseguia ter a visão dos processos relacionados a essa área e o impacto gerado ao cliente. No marketing, pude criar estratégias com o time para apoiar o crescimento da empresa, com maior proximidade das estratégias de preço, go to market, entre outras. Hoje, o meu papel será um pouco diferente, com olhar plural para as necessidades das áreas, das pessoas, dos nossos clientes e dos pacientes que utilizam equipamentos da GE HealthCare. É uma posição estratégica, em que utilizarei tudo o que sei para mostrar que estamos criando um mundo onde o cuidado com a saúde não tenha limites.
F: Você observa esse movimento, de CMO a CEO, no mercado?
MV: Não é um movimento isolado. O domínio das atividades relacionadas à cadeira de CMO traz um conhecimento muito profundo dos públicos com os quais a empresa se relaciona, um diferencial para qualquer estratégia que queira ser construída com foco no cliente.
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F: Quais as vantagens de fazer carreira numa mesma empresa? Há desvantagens?
MV: Será uma decisão pessoal. Tive sorte de ingressar em uma empresa com valores em que acredito, que me estimula e desafia, com chances e possibilidades de crescimento. No meu caso, isso se tornou uma vantagem, pois continuo por aqui, fazendo o que acredito. Estar há mais de 10 anos na saúde me permitiu conhecer a fundo grande parte dos processos e me adaptar à cultura da companhia. Acabei conhecendo muito sobre saúde e tudo o que envolve diagnósticos por imagem, criando um repertório vasto de informações. Mas reforço, depende muito da forma como cada um gere sua carreira.
F: O que você gostaria de ter ouvido no início da carreira que poderia ter feito a diferença?
MV: Queria que tivessem me falado e falaria para que permaneçam firmes em seus propósitos, que tenham confiança em seu potencial e que aproveitem todas as oportunidades que baterem à porta.
Por quais empresas já passou
GE Transportation, GE Oil & Gas e GE HealthCare
Formação
Engenharia de Produção
Primeiro emprego
Estágio em Qualidade na GE Transportation
Primeiro cargo de liderança
Gerente de contas na GE Oil & Gas
Tempo de carreira
16 anos
O post Nova CEO da GE HealthCare entrou como estagiária e conhece empresa a fundo apareceu primeiro em Forbes Brasil.