Dólar vai ao menor patamar em 3 meses frente ao real

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Lee Jae-Won/Reuters

O dólar à vista fechou em queda de 0,25%, a R$ 5,06 reais na venda, patamar de encerramento mais baixo desde 4 de novembro passado (R$ 5,05)

O dólar fechou em seu patamar mais baixo em quase três meses frente ao real hoje (1), com ativos de risco do mundo inteiro reagindo positivamente à decisão de política monetária do Federal Reserve, que veio em linha com o esperado, e ao discurso relativamente brando do chefe do banco central norte-americano, Jerome Powell.

A moeda norte-americana à vista fechou em queda de 0,25%, a R$ 5,06 na venda, patamar de encerramento mais baixo desde 4 de novembro passado (R$ 5,05), iniciando fevereiro com viés negativo.

O Federal Reserve elevou sua meta de taxa de juros em 0,25 ponto percentual hoje (1), embora tenha voltado a prometer “aumentos contínuos” nos custos de empréstimos como parte de sua batalha ainda não resolvida contra a inflação.

“Tanto o (resultado do encontro do) Fed quanto o Copom mais tarde já estavam precificados no mercado. Por conta disso, a maior expectativa não era pelo anúncio em si, mas pela fala pós-evento”, avaliou Evandro Caciano dos Santos, chefe de câmbio da Trace Finance.

Após a decisão de política monetária, Powell comemorou nesta quarta-feira um recente arrefecimento nos dados de inflação e disse que suas esperanças de um pouso econômico suave permanecem vivas, ainda que tenha ressaltado que não houve progresso suficiente para trazer as pressões de preços de volta à meta de 2% do banco central.

Roberto Motta, estrategista da Genial Investimentos, comentou em publicação no Twitter que Powell está “falando o que o mercado quer ouvir”, destacando os momentos do discurso em que o chair do Fed chamou a atenção para indícios de desinflação.

Após a reunião de política monetária do banco central dos EUA, futuros vinculados à taxa básica do Fed mantiveram apostas de que os juros atingirão pouco menos de 5% em junho deste ano, também precificando cortes nos custos dos empréstimos até o final de 2023, de acordo com dados da ferramenta FedWatch da Refinitiv desta quarta-feira.

“Na minha visão, o Fed está cada vez mais próximo da sua meta de redução da inflação e colecionando evidências que justificam esse entendimento. Analisando todos os índices econômicos divulgados nos últimos meses eu estou confiante e otimista de que a fase mais dura da crise nos EUA, com pico inflacionário, já ficou para trás”, comentou Carlos Vaz, presidente-executivo da Conti Capital.

Já no Brasil, o Banco Central deve manter a taxa Selic em 13,75% ao ano ao fim de seu encontro de política monetária, após o fechamento dos mercados, com investidores atentos ao tom do comunicado da autarquia.

Quanto maior o diferencial entre os custos dos empréstimos domésticos e internacionais, mais atraente fica o real para uso em estratégias de “carry trade”, que consistem na contratação de empréstimo em país de juro baixo e aplicação desses recursos em praça mais rentável. Desta forma, a manutenção da Selic no nível elevado atual e um arrefecimento do aperto monetário do Fed tendem a jogar a favor da divisa brasileira.

Foi justamente esse diferencial de juros um dos fatores que levou o dólar a cair 3,82% frente ao real no acumulado de janeiro, após dois meses seguidos de alta, embora investidores também citem a reabertura da China e acenos da equipe econômica do governo à responsabilidade fiscal como um suporte adicional para o real.

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