O ano de 2022 não traz boas lembranças para os integrantes dos Estúdios Flow. Em fevereiro, há exatamente doze meses, o canal foi cancelado pelo público e pelos patrocinadores. Bruno Monteiro Aiub, co-fundador do podcast e mais conhecido como Monark, defendeu a criação de um partido nazista no Brasil durante o programa.
O evento, que a equipe apelidou de “tsunami”, devastou os negócios do Flow. O faturamento mensal, que era de R$ 1,5 milhão, caiu a zero. “Nossa meta de vendas de publicidade para o ano era de R$ 16 milhões e em janeiro já havia contratos de R$ 7,6 milhões assinados, mas foi tudo por água abaixo”, diz o CEO, André Gaigher. “Tínhamos 100 pessoas no time, uma folha de pagamento de R$ 1 milhão por mês, e de um dia para o outro não havia dinheiro para pagar os salários.”
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O “Monark Day” abateu o Flow quando o grupo se preparava para voos mais altos. “Estávamos comprando equipamentos e tínhamos acabado de investir R$ 400 milhões em um estúdio no Capão Redondo”, diz Igor 3k, o outro co-fundador.
Gaigher, que havia se tornado CEO do conglomerado no início de 2021, se viu em uma saia justa, mas sabia que não poderia demitir ninguém. “Tínhamos acabado de dar aumentos para todo mundo e precisávamos reduzir os salários para manter o projeto de pé”, diz. “O salário do Igor foi reduzido de R$ 100 mil para R$ 10 mil por mês para que ninguém fosse demitido.”
O momento contou com a ajuda de alguns influenciadores como Thiago Nigro, conhecido pelo canal do YouTube de investimentos Primo Rico, que aportou R$ 500 mil no projeto sem pedir retorno do dinheiro. O youtuber Davy Jones também fez parte do processo, além de outros apoiadores que fizeram parcerias comerciais. Apesar de todos os tropeços, o grupo encerrou 2022 com um prejuízo relativamente pequeno de R$ 2 milhões. E agora os executivos dizem esperar o começo de uma nova fase.
Retomada
A audiência se recuperou em outubro do ano passado durante a campanha eleitoral, quando o programa conversou com todos os presidenciáveis. Apostando em conversas “amigáveis” e buscando a aproximação do público com o assunto, o
Flow foi o podcast mais pesquisado no Google mundial em 2022.
“Esse foi um período muito importante para o debate público e com certeza nos ajudou a recuperar nossa reputação”, diz Igor. “Fomos o primeiro programa nascido na internet a conversar com um presidente em exercício, então isso é muito relevante.”
A volta da audiência trouxe o fôlego necessário para a retomada de vários projetos que tiveram de ser adiados. “Com o interesse pelos programas voltados para as eleições, percebemos que as pessoas pediam por diálogos sinceros sobre o assunto e isso nos deu uma ótima ideia para um programa”, diz o fundador.
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Assim nasceu o Flow News, que deve estrear em março. A vertical vai englobar debates, notícias e assuntos que façam parte do dia a dia da audiência, no mesmo formato que acontecem os outros programas, com diálogos. Carlos Tramontina, ex-apresentador da Rede Globo, está em negociação para fazer parte do projeto, diz Igor com exclusividade para a Forbes.
“Nossa ideia é que o formato seja igual ao Flow Games, que já é uma vertical dos Estúdios Flow. Hoje ele sobrevive sozinho, tem sua própria programação e seu público cativo, que não necessariamente precisa assistir outros programas do grupo”, conta o fundador. O grupo também lançará uma vertical chamada Flow S.A. Ela será focada no mundo corporativo e em RH, apresentada pelo CEO e desenvolvida na base do podcast Kritike.
Verticalizar é a palavra da vez do Flow, que quer se transformar em um ecossistema de mídia. “Queremos consolidar conteúdos que estejam fora do mundo dos podcasts”, diz Bruno Rissi, CFO da empresa. “Vamos lançar conteúdos para crianças, programas de notícias, vídeos, pílulas, e um reality show, previsto para o segundo semestre.”
Grandes números
O faturamento já retornou ao nível de janeiro de 2022, com R$ 7 milhões em contratos assinados. Até o fim do ano, a expectativa é faturar R$ 30 milhões. Hoje avaliado em R$ 50 milhões, o Estúdios Flow vai buscar recursos de investidores de modo a poder colocar os planos em prática. “O nosso momento é de profissionalização, verticalização e estruturação,”, afirma o CFO.
Rissi afirma que a meta são grandes marcas. “Tudo o que passamos nos preparou para sentar em uma mesa de negociação com empresas como UFC e Santander”, diz. Para os próximos cinco anos, os executivos afirmam que a meta é elevar a receita para R$ 200 milhões por ano. “Todo mundo tentou nos destruir em 2022, mas continuamos por aqui e muito mais fortes”, diz Igor “Não queremos ser o maior podcast do Brasil, queremos ser o mais relevante.”
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