O alerta foi dado e veio diretamente da China. Os sismólogos Yi Yang e Xiaodong Song, da Universidade de Pequim, que acompanham o núcleo da Terra, camada mais profunda do Planeta, desde 1995, identificaram e documentaram, por meio de um artigo publicado na revista Nature Geoscience, que o núcleo da Terra parou de girar mais rápido que o próprio Planeta.
A informação foi suficiente para gerar uma avalanche de notícias e repercussões apontando eventuais efeitos climáticos alterados e até mesmo catastróficos. Muitas reportagens chegaram a variar os termos utilizados para determinar os fenômenos entre desaceleração, parada e inversão. Os cientistas alertaram que, mesmo que os resultados do estudo tenham gerado surpresa, esse comportamento já vinha sendo registrado nas últimas décadas.
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Na prática, a redução da velocidade do núcleo interno da Terra altera o funcionamento do planeta influenciando a duração dos dias, o mar e o clima. A constatação é que a velocidade foi reduzida em 2009 quando se igualou o que alterou os campos gravitacionais e magnéticos da terra. O tempo de um dia, por exemplo, tem uma relação direta com a rotação da Terra em torno de seu próprio eixo.
Ao El País, Xiaodong Song explicou que, nos últimos anos, os dias estão mais curtos e isso pode sim ter relação com essa mudança. “Com a alteração no campo gravitacional podem ocorrer deformações na superfície do planeta o que impacta diretamente no nível do mar.”
“Este é um estudo muito cuidadoso de excelentes cientistas que consideram muitos dados”, disse à AFP o sismólogo John Vidale, da Universidade do Sul da Califórnia. “(Mas) nenhum dos modelos explica todos os dados muito bem na minha opinião.” Vários estudos ao longo dos anos mostraram que o núcleo interno está acelerando, desacelerando e até mesmo parando em relação à rotação do manto. É uma bagunça. O que definitivamente não está acontecendo, até onde a maioria dos geocientistas pode dizer, é que o núcleo interno da Terra na verdade se inverteu e começou a girar na direção oposta, que ainda é o que várias manchetes esta semana dos maiores meios de comunicação tradicionais continuam a sugerir.”, destacou John Vidale em entrevista à Forbes USA.
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“Todos os artigos que vi têm isso completamente errado”, disse o astrônomo Phil Plait no Twitter. Eu não posso ser muito duro com os redatores aqui. Eu mesmo cometi erros semelhantes. E saindo apenas do resumo do estudo em questão, é fácil ver como os erros foram cometidos. Ele fala de padrões nos dados que sugerem “que a rotação do núcleo interno parou recentemente” e que “parece estar associada a um retorno gradual do núcleo interno”. Você pode até encontrar comunicados de imprensa de pesquisas anteriores sobre a rotação do núcleo que parecem sugerir que ele muda de direção, o que Plait diz ser enganoso.
“É apenas a velocidade dessa rotação que mudou”, escreveu ele em 2022 . “É como ultrapassar um carro na estrada; para você parece que está se movendo para trás, mas para alguém no chão está apenas se movendo mais devagar do que você. A perspectiva é importante aqui. Quando os cientistas falam sobre a rotação do núcleo interno “voltando” ou “retrocedendo”, eles estão se referindo à sua oscilação entre um estado de super rotação (girando mais rápido que as camadas externas) e sub rotação (girando mais devagar), mas está sempre indo a mesma direção.
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