Desde a divulgação de fato relevante pela Americanas (AMER3), revelando um rombo inicialmente de R$ 20 bilhões e depois, corrigindo para R$ 41,2 bilhões no pedido de recuperação judicial, o valor das ações chegou a cair mais de 90%.
É provavelmente o maior caso dessa natureza na história do mercado financeiro brasileiro e certamente serão enormes os prejuízos dos investidores que possuem ações, debêntures ou daqueles que aplicam através de fundos de investimentos com algum percentual do patrimônio alocado em ativos da companhia. Até mesmo alguns fundos imobiliários estão expostos ao risco Americanas por possuirem imóveis locados à empresa.
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Ainda é difícil saber a extensão dos danos que este rombo contábil e a recuperação judicial (RJ) da Americanas S.A irá impor aos investidores e ao mercado financeiro como um todo, mas, já é possível tirarmos algumas lições importantes deste acontecimento.
A diversificação é sua melhor proteção
Mesmo que você possua um bom entendimento do mercado de ações e tenha clareza quanto aos riscos existentes, não é recomendável ter mais do que 10% a 15% do seu patrimônio em renda variável investido em uma única empresa. .
Ao se tornar sócio de uma empresa mediante a compra de ações, você terá participação nos seus resultados sejam eles o lucro ou o prejuízo. É claro que casos como o da Americanas são a exceção e não a regra, contudo, a insolvência da empresa é um dos riscos que você assume ao se tornar acionista.
Entenda as características dos setores da economia
A B3 possui uma classificação setorial das empresas listadas, com base no segmento em que atuam. Para montar uma estratégia de alocação diversificada e em linha com suas metas, é importante conhecer esses setores e entender a dinâmica da economia à qual estão mais ou menos suscetíveis.
O varejo, por exemplo, que é o segmento de atuação de lojas Americanas, é um setor cíclico, ou seja, tem a performance atrelada fortemente aos ciclos econômicos, sendo positiva ou negativamente impactados por inflação, câmbio, taxa Selic, entre outros. Dessa forma, tende a apresentar maior volatilidade e incerteza.
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Para investir em ativos com estas características é necessário compreender muito bem os riscos macroeconômicos que podem influenciar em suas perspectivas de ganho, de forma a definir um percentual de exposição que o deixe confortável mesmo em meio à alternância dos ciclos econômicos.
Se você ainda não consegue estabelecer correlações risco x retorno, mas ainda assim quer investir em bolsa, dê preferência a setores mais perenes, como energia, saneamento, bancos.
Renda fixa também tem riscos
Mesmo quem não deseja lidar com os riscos da bolsa de valores, e opta por investir em renda fixa, está sujeito a oscilações e riscos inerentes aos títulos que adquire.
Ao investir, por exemplo, em debêntures, você está emprestando dinheiro a uma empresa em troca do recebimento de juros sobre o capital investido. Neste caso, está assumindo o risco de crédito ou seja, se a empresa entra em recuperação judicial ou tem sua falência decretada, não há garantias de que os credores recebam a dívida.
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Antes de adquirir títulos de dívida de qualquer empresa, convém consultar os resultados contábeis e entender o grau de endividamento e a capacidade de saldar as dívidas.
É preciso entender a composição de um fundo antes de investir
Para entregar rentabilidade acima do CDI, vários fundos de renda fixa, de acordo com seu regulamento, podem investir um percentual do patrimônio em títulos de crédito privado como debêntures, CRIS, CRAS, além de ações, derivativos e etc, dentro do que seria a parcela de exposição a risco de cada fundo.
Ler atentamente a lâmina do fundo para entender o grau de exposição a que o patrimônio está exposto é fundamental para que você entenda os riscos envolvidos e dessa forma, escolha fundos cuja gestão e composição de patrimônio esteja alinhada com seus objetivos de rentabilidade e perfil de risco.
Crie o hábito de acessar a área de RI no site das empresas em que você investe
Acessar no site das empresas a área de Relação com Investidores e ler os relatórios contábeis, acompanhar a divulgação de resultados e interpretar pelo menos os dados básicos do balanço é algo que todo investidor deveria fazer periodicamente para entender os fundamentos da empresa na qual investe e, assim, poder decidir quanto à manter ou não um determinado ativo em carteira.
Estudar é um dos seus maiores investimentos
Certamente não é necessário que você se torne um especialista em investimentos, no entanto, dedicar algum tempo dentro de sua semana para estudar conceitos essenciais de mercado financeiro será muito útil na escolha de seus investimentos e, especialmente, para mitigar riscos da carteira.
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Todo investimento envolve riscos
Seja em renda variável ou renda física sempre haverá um grau de risco envolvido. Obviamente os riscos são diferentes conforme as características de cada ativo e, invariavelmente, o risco é proporcional ao retorno oferecido.
Sendo assim, sua estratégia de investimentos precisa incluir o gerenciamento de riscos, mediante a montagem de uma carteira diversificada entre várias classes de ativos e compatível com os prazos e metas de cada um de seus recursos aplicados.
Entender os tipos de riscos inerentes ao mercado financeiro é tão determinante para o êxito dos seus investimentos quanto a sua capacidade de fazer aportes, portanto, não negligencie esse estudo sempre que for fazer um novo investimento.
Eduardo Mira é formado em telecomunicações, com pós-graduação em pedagogia empresarial e MBA em gestão de investimento. É analista CNPI, certificado CPA10 e CPA20, ex-gerente do Banco do Brasil e da corretora Modal.
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