Antes de responder a essa pergunta, começo por dizer que não há uma ansiedade, mas vários tipos e de variados graus de intensidade. Ansiedade é prima-irmã do medo. Muitos dos sintomas dela, inclusive, são os mesmos: coração batendo mais rapidamente, respiração mais acelerada, boca seca, pensamento frenético e sensação de aperto no peito, de angústia, de desconforto.
Como ela é uma resposta do corpo ao estresse e às coisas que cada um de nós sente como uma ameaça, geralmente ela desaparece quando esses estressores (reais ou imaginários) desaparecem. Por isso, ela não é totalmente curável, mas pode, claro, ser gerenciada ao ponto de uma pessoa ter uma vida prazerosa e plena.
Conheço pessoas que convivem com a ansiedade desde a infância. E não necessariamente sofrem ou são prejudicadas, porque descobriram maneiras de conviver com ela. Para outras, ao contrário, ela é extremamente limitante, ao ponto de elas terem prejuízos reais no campo social, familiar, psicológico e ocupacional. Por exemplo, quando alguém não consegue finalizar um doutorado porque “travou” de ansiedade, ou quando alguém vai disputar um cargo e tem um péssimo desempenho porque foi atravessado por ansiedade. É quando se torna imobilizante que ela se torna doentia.
Embora não seja curável, ansiedade é tratável e absolutamente controlável. E não apenas por medicamentos: os famosos ansiolíticos. Terapia é uma ferramenta muito usada – e com muito sucesso – em pessoas com ansiedade patológica.
Também há muitas evidências de que a prática regular de esportes altera a química do cérebro, com a liberação de substâncias que trazem sensação de bem-estar. Além disso, nos ajuda a desviar o foco daquilo que está nos preocupando ou estressando.
A meditação faz algo semelhante, aos nos ajudar a focar no presente, no aqui e agora, e reduzir a frequência cardíaca e respiratória. Por isso, também tem se mostrado outra ótima ferramenta para o controle de ansiedade.
E dormir bem, claro. A ciência já mostrou haver uma relação entre problemas de sono e ansiedade. Daí a importância de construirmos hábitos saudáveis de sono, como deixar o celular longe da cama, manter uma rotina para dormir, quer dizer, procurar deitar-se e levantar-se mais ou menos no mesmo horário.
Embora a ansiedade não vá desaparecer completamente, é plenamente possível aprender a viver bem com ela e até usá-la de forma a alavancar situações na nossa vida.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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