“Não há falta de dinheiro para startups”, diz cofundador da Liga Ventures

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Guilherme Massa: “Para as startups que já estão no mercado será um ano para comprovar o retorno do investimento nas soluções para os clientes”

Demissões em massa nas Big Techs, cautela no ecossistema de startups e aumento no tempo de decisão por parte dos investidores. Um levantamento da Distrito mostrou que, em 2022, os investimentos em startups brasileiras foram de US$ 4,45 bilhões, queda de 54,6% em relação a 2021, quando o volume chegou a US$ 9,7 bilhões.

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Questionado se em 2023 faltará dinheiro para o ecossistema brasileiro, Guilherme Massa, cofundador da Liga Ventures, ressalta que não necessariamente é sobre falta de capital, mas sobre o aumento da pressão por resultados e no período das tomadas de decisões. “O mercado está mais cauteloso para rodadas de captação maiores. Ao mesmo tempo, já tivemos uma primeira onda de unicórnios brasileiros e essas empresas continuam aí, só estão readaptando suas operações como toda grande empresa está fazendo neste momento.”

Forbes Brasil – Quais as perspectivas para o ecossistema de startups em 2023?
Guilherme Massa – Para as startups que já estão no mercado será um ano para comprovar o retorno do investimento nas soluções para os clientes. Como estamos com a economia brasileira e global fragilizadas, todo orçamento está em revisão, e as melhores startups vão saber mostrar que são necessárias para conseguir eficiência operacional e novas receitas para as empresas que usam esses produtos e serviços. Ao mesmo tempo, vejo que o mercado em geral entendeu que não dá para ficar adiando a transformação do negócio, porque acaba a pandemia, mas vem outra coisa no lugar que empurra para inovar, ou então amargar números ruins. Logo, há muito espaço para aplicarmos novas tecnologias como a Inteligência Artificial, que está tão em alta por conta do OpenAI e do ChatGPT, para resolver problemas ainda presentes no mercado, com muito trabalho operacional sendo demandado e decisões ainda pouco baseadas em dados, de maneira geral.

FB – Quais segmentos são mais promissores e quais os que enfrentam maior desafio?
Massa – As fintechs estão se consolidando, mas o espaço de inovação para melhor experiência do cliente e inclusão de desbancarizados ainda faz desse segmento muito atrativo. Saúde e varejo perceberam que, com a pandemia, seria necessário de fato conviver com online e offline e com o consumidor navegando pelos dois espaços. Alimentos e agro têm muita novidade surgindo por conta de novas necessidades de nichos ou da cadeia de valor. Energia está prestes a ter uma virada muito grande de disputa pelo consumidor final, algo análogo ao que tivemos nas telecoms lá atrás, e certamente inovação será um diferencial. Não vejo um setor pior, mas vejo que explicar bem como aplicar novas soluções e tecnologias para o cliente adotar com facilidade e gerar mais resultado será fundamental para startups que querem continuar crescendo mesmo em um cenário de crise.

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FB – Faltará dinheiro ou vivemos uma acomodação?
Massa – O mercado está mais cauteloso para rodadas de captação maiores. Ao mesmo tempo, já tivemos uma primeira onda de unicórnios brasileiros e essas empresas continuam aí, só estão adaptando suas operações como toda grande empresa está fazendo neste momento. Para startups em fases mais iniciais e começando a crescer, vejo que há bastante oferta de novos fundos, de investidores-anjo com muitos grupos, e mesmo de investidores mais tradicionais e corporativos que estão olhando para essas rodadas mais iniciais de negócios. Não vejo como falta de dinheiro, mas com taxa de juros alta é possível que alguns investidores demorem um pouco mais para tomar a decisão de investir em startups. Por outro lado, com tanta gente nova no mercado que já se comprometeu a investir, é hora de vermos esse dinheiro circular e quem for captar pode ter uma boa janela.

FB – Quais os principais desafios para os fundadores neste 2023?
Massa – Diria que os dois principais são a diligência com o caixa em um cenário de recessão global, o que pode exigir reajustes ao longo dos meses, e a manutenção das equipes. O crescimento dos negócios também é um desafio, mas sem ter times focados e comprometidos isso fica muito difícil, ainda mais em um ano de incertezas macroeconômicas.

FB – E quais os desafios para quem está em busca de investimentos?
Massa – Manter um relacionamento com potenciais investidores para mostrar robustez do negócio será fundamental. Estamos claramente em um momento de menos corrida por perder grandes oportunidades do lado dos investidores e mais escolher bem onde entrar. Os empreendedores, então, vão precisar manter essa rede abastecida de informações sobre a evolução do negócio para evidenciar que realmente merecem o cheque. Aliás, do lado das startups, também vale ponderar: “Preciso de investimento agora? O que espero fazer com ele?”. É possível que muitas empresas precisem de mais ajuste de operação do que capital para crescer a muitos dígitos neste momento.

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