Como liderar uma equipe mais velha que você

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Getty Images/Antonio Diaz

De acordo com a associação de recursos humanos SHRM (Society for Human Resource Management), atualmente há mais millennials empregados do que outras gerações

O desafio de gerenciar uma equipe quando você é mais jovem do que todos ou a maioria deles pode parecer assustador. Mas não precisa ser.

Você chegou a esse ponto – e tem essa oportunidade – porque você merece. Seu desempenho e realizações estão sendo reconhecidos: você está recebendo responsabilidades adicionais de seu supervisor/da empresa devido às competências e habilidades que demonstrou.

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Há uma expectativa de que você consiga fazer o trabalho. E você consegue mesmo, mas a situação pode ser complicada.

A realidade

Em primeiro lugar, entenda que você não está sozinho. 

Em 2020, a empresa americana de pesquisas Harris Interactive conduziu um estudo para a CareerBuilder.com e determinou que quase quatro em cada 10 funcionários nos EUA eram mais velhos que seus chefes.

Dessas pessoas, 22% se reportavam a alguém alguns anos mais jovem, enquanto 16% tinham um chefe 10 anos ou mais jovem.

Isso continua acontecendo e as porcentagens estão aumentando. De acordo com a associação de recursos humanos SHRM (Society for Human Resource Management), atualmente há mais millennials empregados do que outras gerações. Além disso, segundo a SHRM, é provável que essa tendência continue porque muitos empregados mais velhos estão adiando a aposentadoria e “a probabilidade é de que os primeiros supervisionem cada vez mais os últimos”.

Enfrente o desafio

Não faltam conselhos sobre como gerenciar uma equipe mais velha do que você. As recomendações incluem variações de tópicos como ser humilde; deixar claro que você não considera essa posição um trampolim; evitar o humor autodepreciativo; ser autoconsciente; adotar uma visão macro e não ficar atolado em detalhes.

Todos eles são úteis e devem ser utilizados. Além desses, porém, estão sete passos específicos sem os quais o sucesso será extremamente difícil.

1 – Deixe a síndrome do impostor de lado

Apesar do seu sucesso até agora, há uma boa chance de você estar lidando com algum grau de “síndrome do impostor”, a sensação persistente de que de alguma forma você não “merece” suas próprias conquistas arduamente conquistadas.

Elimine esse pensamento. Não acredite nessas vozes internalizadas, críticas e duvidosas.

Em vez disso, acredite nas pessoas que reconhecem o seu valor. Você conquistou essa promoção. Você não teria conseguido se os tomadores de decisão não acreditassem que você seria bem-sucedido. 

2 – Traga seu próprio estilo e abordagem

Você não precisa imitar a pessoa que está substituindo. E você também não precisa ser deliberadamente o oposto.

Mas você precisa saber e aceitar quem você é e qual o seu estilo de liderança. E então você precisa ser consistente e autêntico.

Entre em seu trabalho de liderança com um plano de quais são suas prioridades e como planeja gerenciar sua equipe. E permaneça fiel a si mesmo: a maneira como você interage com os membros da equipe; a maneira como você se comunica; a maneira como você avalia o sucesso ou o fracasso, etc.

Não tenha medo de fazer ajustes à medida que avança; você ainda pode ser autêntico e mudar as coisas conforme necessário. Basta estar aberto e comunicar o porquê.

3 – A confiança vale para os dois lados

Você precisa ganhar a confiança da sua equipe. E isso pode demorar mais do que você gostaria.

Você pode acelerar as coisas com sua abordagem. Primeiro, demonstre claramente como você confia em cada um deles.

Evite o microgerenciamento. Delegue projetos ou iniciativas, incluindo aqueles que são significativos para o departamento.

Ofereça aos membros da equipe a oportunidade de autoavaliação e definição de metas. Não espere o período de revisão anual para fazer isso.

Não assuma compromissos que não possa cumprir. Isso pode prejudicar significativamente a confiança.

4 – O sucesso deles é o seu sucesso

Você provavelmente tem uma ideia muito específica do que definirá o sucesso para você e seus esforços. Sua lista pode ser única, mas “o sucesso deles é o seu sucesso” deve estar perto do topo para todos os novos líderes.

“Investir tempo e energia no desenvolvimento de ferramentas como planos de carreira que incentivam o crescimento interno é uma forma de ajudar a apoiar funcionários talentosos”, diz Mikaela Kiner, CEO do Reverb, site de vendas de equipamentos musicais.

Dê a eles as ferramentas de que precisam e as conquistas vão demonstrar que sua liderança está sendo bem-sucedida. 

5 – Gerencie ouvindo e falando

Resista ao seu instinto de buscar a aprovação da equipe. O que você realmente quer é feedback.

Você tem subordinados diretos mais velhos que têm algo a compartilhar: experiência. Eles estão no departamento ou na equipe há algum tempo e trazem insights que podem ajudar seu pensamento e suas decisões.

Você quer ouvir o que eles têm a dizer, e eles querem ser ouvidos… e valorizados.

Além disso, você quer que os melhores sejam seus embaixadores – na equipe e em toda a empresa.

“Esses são os seguidores que serão os primeiros a abraçar suas ideias, seus líderes de torcida”, diz Tracey C. Jones, consultora de carreira e liderança. Muitas vezes, eles estão na empresa há mais tempo e têm a confiança dos colegas. 

Quando você fizer perguntas, traga questões reais e de acompanhamento. E ouça – realmente ouça – as respostas.

E mesmo que você saiba a resposta, não deixe transparecer. Peça conselhos.

Não tenha medo de pedir a ajuda deles.

6 – Conquiste o respeito deles

Você está entrando em seu novo cargo com a expectativa de que sua reputação vai te acompanhar.

Mas não conte com isso: é provável que alguns membros da equipe pensem que você não está qualificado ou não está totalmente pronto.

Você precisa ganhar o respeito deles. Assim como você fez com seus supervisores até esse ponto. Continue a fazer o que te trouxe até aqui e…

Concentre-se na formação de equipes e na criação de alianças
Continue a criar mensagens inteligentes e significativas
Mostre empatia e seja útil

Mais importante, resolva problemas e reduza o atrito por meio de feedbacks e escuta. Descubra o que dificulta o trabalho deles e ajude a eliminar ou reduzir essas coisas. Então, eles vão ver você agregando valor.

Existe um poder real na construção de alianças e equipes: trabalhando juntos, vocês realizam mais. Não abandone essa prática agora.

Ser “não tradicional” não precisa te impedir. Na verdade, pode ser uma vantagem. As lições duramente conquistadas que você aprende ao enfrentar os desafios da vida? Se você aproveitá-las corretamente, elas se tornarão sua arma secreta.

7 – Assuma o risco

Na maioria das vezes, o sucesso é precedido pelo risco – a ousadia de dizer o que você quer, a vulnerabilidade de pedir o que você precisa para chegar lá e a audácia de avançar quando tiver uma chance.

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Vá em frente: torne-se vulnerável.

“Não tenha medo de ser vulnerável e se relacionar com sua equipe durante projetos desafiadores ou conversas”, diz Jodi Glickman, autora do livro “Great on the Job” (“Ótimo no trabalho”), na Harvard Business Review. “Não se espera que você entre no primeiro dia e seja um especialista. No entanto, espera-se que você seja 100% honesto – sobre os desafios que sua equipe está enfrentando, as estratégias que está contemplando e sua vontade de ouvir e aprender com as pessoas ao seu redor.”

Não pense em como ficar bem; pense em como facilitar o trabalho de todos. Trabalhe ajudando as pessoas. Faça com que, após 90 dias, eles se perguntem como conseguiram sobreviver sem você.

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