Somente na semana passada, a Microsoft anunciou a demissão de 10 mil funcionários. O Google prometeu um corte de 12 mil profissionais. No ano passado, Meta, Twitter, Amazon e várias outras empresas de tecnologia já haviam oficializado milhares de cortes. O cenário de recessão vem adiantando o plano de ação das empresas para ajustar suas estruturas. No Brasil, o reflexo também é sentido entre as startups, somente nas primeiras semanas do ano, foram centenas de cortes. Muito além das demissões, esse cenário também tem impacto nos investimentos em tecnologia.
Entenda-se por investimento em tecnologia a própria capacidade das Big Techs e das startups de contratarem serviços, soluções e ferramentas digitais. Porém, com ajustes operacionais, as empresas também podem manter sua capacidade de investir de forma mais eficiente. “Com esses ajustes estruturais, em um intervalo de alguns trimestres, muitas empresas de tecnologia serão capazes de expandir mais de 10 pontos percentuais de margens. Arrisco dizer que esses cortes terão pouco impacto na capacidade das companhias em seguirem operando”, diz o economista Richard Camargo.
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Como as empresas precisarão buscar novas fontes de receita e eficiência, algumas tecnologias se destacam na atração de investimentos. De acordo com o Gartner, tendências tecnológicas que prezam por eficiência serão de grande valia para as organizações em 2023, desenvolvendo ainda mais seus serviços. “Devo ressaltar três pilares que serão destaque de investimento durante o ano, focados na otimização de serviços e relações. Vale pontuar que toda essa imersão, cada vez mais tecnológica, deve vir acompanhada pelas diretrizes e regulamentações ambientais, sociais e de governança (ESG), onde teremos avanços tecnológicos com responsabilidade e sustentabilidade”, explica Vinicius Oliveira e Silva, head de P&D e Inovação da Simply.
De acordo com Vinicius, o cenário deverá fortalecer investimentos em tecnologias específicas. Dentre elas a inteligência artificial. “Desde 2010, tivemos a ascensão de outra tendência de destaque. A Inteligência Artificial adaptativa que depois de treinada é capaz de fornecer apenas uma resposta, agora dá lugar a sistemas com aplicabilidade mais reativa, com modelos flexíveis e adaptáveis às mudanças de padrões e desenvolvimento. Usam de feedbacks para ajustar seus aprendizados e metas, fazendo assim com que se tornem mais rápidos para responder em ambientes transformados”, explica.
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Neste contexto, com o objetivo de lidar com um cenário de escassez de recursos, ainda de acordo com a Gartner, o investimento em Low-Code deve ganhar mais tração. Segundo o instituto de pesquisa, este mercado deve movimentar mais de US$ 27 bilhões em 2023, crescimento de 19,6% em relação a 2021. Low-Code é uma tecnologia que permite às empresas desenvolverem e aplicarem soluções de forma mais rápida e barata. Ainda segundo o Gartner, cerca de 70% dos softwares corporativos serão desenvolvidos por meio dessa ferramenta até o ano de 2025.
Investimento global em tecnologia
O estudo do Gartner mostra que os investimentos globais em tecnologia devem totalizar US$ 4,5 trilhões em 2023, montante que representa um aumento de 2,4% em relação a 2022. Embora a inflação continue a corroer o poder de compra dos consumidores e a reduzir os custos com dispositivos, espera-se que os gastos corporativos com TI permaneçam fortes.
“Consumidores e empresas estão enfrentando realidades econômicas muito diferentes”, afirma John-David Lovelock, Vice-Presidente e Analista do Gartner. “Enquanto a inflação está devastando os mercados de consumo, contribuindo para demissões em empresas B2C, as organizações continuam a aumentar seus gastos em iniciativas de negócios digitais, apesar da desaceleração econômica mundial. O Gartner acredita que uma economia turbulenta mudou o contexto das decisões de negócios e pode fazer com que os CIOs (Chief Information Office) fiquem mais hesitantes, atrasem decisões ou reordenem prioridades. Vimos isso em ação com a reorganização ocorrendo entre algumas empresas B2B, especialmente aquelas que investiram em crescimento. No entanto, os orçamentos de TI não estão impulsionando essas mudanças e os gastos permanecem à prova de recessão.”
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