A Alphabet, controladora do Google, anunciou hoje (20) a demissão de cerca de 12 mil funcionários, algo em torno de 6% da força de trabalho. Sundar Pichai, CEO da Alphabet, afirmou em um comunicado que, durante à pandemia, houve uma rápida expansão no número de funcionários, mas era uma “realidade econômica diferente da que enfrentamos hoje”.
Esta é a segunda divulgação de cortes em massa por uma gigante de tecnologia nesta semana. Na quarta-feira (18), a Microsoft comunicou o desligamento de 5% do seu quadro de funcionários, cerca de 10 mil trabalhadores.
Segundo estimativas de mercado, o total de funcionários cortados das líderes do mercado e de empresas menores é de cerca de 50 mil. Em 2022, segundo o portal Layoffs, mil empresas de tecnologia demitiram 154 mil funcionários.
As demissões na controladora do Google envolvem todas as equipes da empresa, desde funções administrativas até a equipe de engenharia e produtos. “Assumo total responsabilidade pelas decisões que nos trouxeram até aqui”, disse Pichai.
A Alphabet já enviou um e-mail aos funcionários afetados, segundo a Reuters, mas o processo levará mais tempo em outros países devido às leis trabalhistas locais.
No caso da Microsoft, o CEO, Satya Nadella, disse que a gigante de tecnologia se prepara para um crescimento mais lento da receita e por isso precisa enxugar as despesas. “Como vimos os clientes acelerarem seus gastos digitais durante a pandemia, agora os vemos otimizar seus gastos digitais para fazer mais com menos”, escreveu ele em comunicado.
Analistas apontaram que as demissões não são uma grande surpresa, dada a deterioração da infraestrutura de nuvem da Microsoft nos últimos trimestres e queda das vendas do sistema operacional Windows.
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Demissões na Amazon e Salesforce
Outras empresas de tecnologia que diminuíram o quadro de funcionários foram Amazon, Salesforce, Meta e Cisco.
No início deste mês, o CEO da varejista, Andy Jassy, declarou que a empresa começará uma rodada de cortes que deverá ser a maior da história. Segundo ele, estão previstas demissões de 18.000 funcionários, principalmente nas áreas de recursos humanos e lojas.
Assim como a Microsoft, a empresa enfrenta desaceleração nas vendas, aumento nas despesas e piora na perspectiva de desempenho global. Além das demissões, Jassy informou o congelamento de vagas nos próximos meses.
Na Salesforce, o corte de equipe atingiu 10% do quadro de funcionários e a empresa também anunciou que fecharia alguns escritórios. A Salesforce é proprietária do aplicativo de mensagens corporativas Slack.
Já as demissões na meta aconteceram ainda em 2022. Em novembro, o CEO, Mark Zuckerberg, divulgou que iria desligar 13% da força de trabalho da empresa – mais de 11.000 funcionários. Além disso, ele afirmou que a medida de enxugamento de despesas incluia cortar despesas discricionárias e congelar novas vagas até o primeiro trimestre deste ano.
“Este é um momento triste e não há como contornar isso. Aos que vão embora, quero agradecer novamente por tudo o que colocaram neste lugar”, disse Zuckerberg.
Juros e recessão
A alta dos juros norte-americanos é a principal justificativa para isso. Durante 2022, os juros referenciais avançaram de um piso de zero para um piso de 4,25% ao ano. E as projeções mais recentes dos analistas indicam que deverá haver novas altas. Os mais otimistas esperam um aumento de 0,5 ponto percentual, mandando o piso para 4,75% ao ano. Mas a maioria dos profissionais de mercado espera um aumento de 0,75 ponto percentual, para 5% ao ano, patamar que não era praticado nos Estados Unidos desde 2007.
As empresas de tecnologia são consumidoras vorazes de capital. A necessidade de inovação constante as obriga a reinvestir seus lucros no aperfeiçoamento contínuo de produtos e serviços. E, do ponto de vista dos clientes, em tempos de desaceleração da economia, a vontade de atualizar a tecnologia diminui.
“O ambiente continua desafiador e nossos clientes estão adotando uma abordagem mais ponderada em suas decisões de compra”, disse Marc Benioff, co-CEO da Salesforce, em uma carta aos funcionários. Esse discurso vale para o setor todo, o que permite prever novas demissões.
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