A China e os EUA alcançaram paridade no desenvolvimento de inteligência artificial, mas a implementação da tecnologia em produtos e serviços pelo país asiático provavelmente avançará em 2023. Como disse Kaifu Lee, um observador perspicaz do desenvolvimento da IA na China, “agora estamos na era da implementação da IA”. Enquanto o Ocidente, os EUA e o Canadá permanecerão à frente na pesquisa de IA. Esses avanços ocidentais são rapidamente adotados pelos chineses, onde o mercado massivo, um excesso de jovens engenheiros, o apoio do governo e uma cultura empresarial implacável estão impulsionando a inovação industrial em IA.

O 14º Plano Quinquenal da China e a Visão 2030 colocam foco no desenvolvimento da economia digital, vendo este setor como uma fonte de enorme poder inovador inexplorado e espaço para crescimento. “À medida que grandes modelos de IA pré-treinados se tornam a nova pedra angular técnica, o nível de inteligência aumentou significativamente, mostrando mais espaço para aplicações em larga escala, da indústria à pesquisa científica”, disse Haifeng Wang, diretor de tecnologia da Baidu.

LEIA MAIS: Por que 2023 será o ano da inteligência artificial?

Hoje, centros de computação inteligente, plataformas de aprendizado profundo e modelos de IA já estão se desenvolvendo para formar uma nova infraestrutura de IA na China, fornecendo uma base para a transformação digital na economia real, particularmente na indústria de manufatura e veículos autônomos.

Nos próximos anos, a construção dessa nova infraestrutura de IA deve se tornar um dos pilares importantes do desenvolvimento da economia digital e um foco de investimento dos governos locais na China, contribuindo significativamente para o desenvolvimento econômico regional. À medida que a infraestrutura de IA se expande, podemos esperar que a China desenvolva novos produtos e novos modelos de negócios com aplicabilidade industrial.

Ainda assim, a China carece da infraestrutura acadêmica que impulsionou o desenvolvimento tecnológico nos EUA. Enquanto a China criou alguns fortes institutos de IA, como a Academia de Inteligência Artificial de Pequim (BAAI), o sistema de ensino superior do país – dizimado na década de 1960 – é décadas longe de se igualar ao do Ocidente. O ensino e a pesquisa na China não podem competir com os salários do setor privado, nem as universidades podem atrair talentos acadêmicos de alto nível do exterior.

No entanto, graças ao dimensionamento de grandes modelos de aprendizagem profunda, cross-language, cross-task e cross-modality estão se tornando uma tendência importante do desenvolvimento de IA de hoje na China. De acordo com a gigante chinesa de inteligência artificial Baidu, “grandes modelos da indústria” estão sendo aplicados nas áreas aeroespacial, financeira e energética. Com uma infraestrutura de IA construída de acordo com as necessidades de cada setor específico, a China está desenvolvendo uma estrutura de “IA + setor”. A Baidu espera que surja um ecossistema de grandes modelos da indústria mais amplo, levando à atualização inteligente orientada por IA de milhares de indústrias.

“À medida que grandes modelos de IA pré-treinados se tornam a nova pedra angular técnica, o nível de inteligência aumentou significativamente, mostrando mais espaço para aplicações em larga escala, da indústria à pesquisa científica”, disse Wang, da Baidu.

LEIA MAIS: Inteligência Artificial logo terá um papel mais central na economia

O Baidu, um dos gigantes da IA da China, juntamente com o Alibaba e a Tencent, opera o ERNIE-ViLG 2.0, um modelo de 24 bilhões de parâmetros treinado em 145 milhões de pares de imagens e textos chineses. Outro modelo chinês em grande escala é o Taiyi, do laboratório de pesquisa IDEA, liderado por Harry Shum, cofundador da Microsoft Research Asia, o maior braço de pesquisa da Microsoft fora dos Estados Unidos, com um bilhão de parâmetros.

Enquanto isso, a BAAI lançou a versão mais recente do Wudao em 2022, um modelo de aprendizado profundo pré-treinado com impressionantes 1,75 trilhão de parâmetros. A maturidade de tais tecnologias-chave, juntamente com big data e computação em nuvem, adicionou impulso ao desenvolvimento da automação, com robôs habilitados para IA de todos os tipos mostrando potencial para grandes melhorias na percepção em tempo real, tomada de decisão inteligente e controle ideal. A crescente maturidade da tecnologia de robôs habilitados para IA significa que eles podem ser cada vez mais usados na construção, mineração, socorro a desastres e outros cenários de trabalho que exigem grandes quantidades de mão de obra.

À medida que a direção autônoma entra em ambientes urbanos, tanto a dificuldade de perceber ambientes complexos quanto a dificuldade de processar grandes quantidades de dados estão tendo grandes melhorias. Os modelos pequenos tradicionais não são mais capazes de atender aos requisitos de direção autônoma de alto nível, tornando os modelos grandes de IA o foco mais recente da tecnologia de direção autônoma.

Essa tecnologia de grande modelo de IA permite que carros autônomos expandam efetivamente os dados de reconhecimento semântico e melhorem exponencialmente a eficiência da solução de problemas de cauda longa. Esse rápido progresso na tecnologia significa que, em 2023, a comercialização da direção autônoma nas principais cidades da China terá um crescimento simultâneo no escopo da operação e no tamanho da frota, elevando a taxa de penetração no mercado de veículos inteligentes com recursos de direção autônoma a novos níveis. A indústria de veículos inteligentes passará de um estágio experimental para a maturidade total.

Em 2023, a comercialização da direção autônoma nas principais cidades da China terá um crescimento simultâneo tanto no escopo da operação quanto no tamanho da frota. De acordo com o Baidu, a crescente mercantilização de dados destaca a necessidade urgente de uma rede confiável de circulação de dados “horizontal e vertical”. O desenvolvimento dessas redes continuará em 2023.

LEIA MAIS: Vídeo sobre direção autônoma da Tesla foi encenado, diz engenheiro

As empresas de tecnologia e os cientistas também estão explorando ativamente tecnologias de IA “explicáveis”, visando uma comunicação homem-máquina mais eficaz no contexto do alinhamento de valores, permitindo que a IA entenda verdadeiramente as intenções humanas e alcance uma governança de IA mais previsível. Em uma sociedade altamente inteligente e digital, ter recursos de tecnologia de IA gerenciáveis e controláveis se tornará uma nova vantagem competitiva para as empresas.

As novas infraestruturas e ferramentas digitais emergentes permitiram a criação de um mundo virtual rico em conteúdo, que evoluiu de paralelo ao mundo físico para estar cada vez mais integrado ao mundo físico.

A simulação virtual e as tecnologias de IA permitirão a criação de gêmeos digitais mais precisos e inteligentes em compras, manufatura, lazer e outros campos.

O conteúdo gerado por IA trará um novo modelo de criação de conteúdo para desenho, pintura e outras mídias. Combinado com os serviços de experiência imersiva trazidos por VR/AR e a capacidade de transmissão de dados de alta velocidade fornecida por 5G, espera-se que a disponibilidade de uma indústria de metaverso abrangente e rica se acelere, hospedando modelos de produtos e serviços que fornecem uma nova onda de inovação revolucionaria.

Em 2022, a China emitiu o marco “Opiniões sobre o Fortalecimento da Governança Ética da Ciência e Tecnologia” e apresentou um “Documento de Posição sobre o Fortalecimento da Governança Ética da Inteligência Artificial” para as Nações Unidas, pedindo um princípio de “inteligência centrada no ser humano para o bem”. para garantir que a inteligência artificial permaneça segura, confiável e controlável.

O post A implementação de IA na China está superando os EUA apareceu primeiro em Forbes Brasil.