Charles Schwab: EUA vivem recessão contínua

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Matteo Colombo/Reuters

Wall Street

Nem tendências em consumo, nem tecnologias transformando a experiência do varejo. O tema mais discutido nos corredores e painéis da NRF Retail’s Big Show, principal feira de varejo do mundo, foi a recessão econômica que tem assombrado os Estados Unidos e seus possíveis impactos no consumo, empregos e inflação no país.

“Há um debate entre se estamos em recessão ou fazendo um pouso suave da economia. Eu tenho chamado o momento atual de recessão contínua,” diz Liz Sonders, estrategista-chefe de investimentos do conglomerado financeiro Charles Schwab.

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O momento é desafiador para a economia americana. Após registrar retração nos primeiros seis meses do ano, o país voltou a crescer 3,2% no terceiro trimestre de 2022. O Federal Reserve, banco central americano, segue dando sinais de que as taxas de juros devem continuar subindo, embora muitos indicadores econômicos continuem demonstrando resiliência, como a taxa de desemprego que segue em patamares historicamente baixos apesar do aperto monetário.

“Se você olhar quantos empregos assalariados foram criados no mês passado, dá a impressão de que o mercado de trabalho ainda está muito forte. O problema é que se você olhar uma camada abaixo, vai encontrar algumas rachaduras,” explica Liz.

O mais recente relatório de empregos do país, conhecido como payroll, mostrou que foram criados 223 mil novos postos de trabalho nos Estados Unidos apenas em dezembro. A taxa de desemprego americana tem variado entre 3.5% e 3.7% desde março de 2022, nos mesmos níveis observados em 2019, antes da pandemia.

De acordo com a executiva do Charles Schwab, muitas empresas americanas têm reduzido a carga horária de funcionários que ganham pela hora trabalhada no país, indicando uma demanda mais fraca em alguns setores. “O que o Fed deseja fazer é, embora não tenha disso explicitamente, é atingir as vagas de emprego, mas sem causar um grande aumento no número de desempregados. Eles estão tentando passar uma linha em uma agulha bem estreita.”

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Para as economias globais, o cenário tem ainda como elemento adicional uma reorganização das cadeias de suprimentos. “Acho que não é apenas uma regionalização, mas uma maneira mais inteligente de pensar a diversificação da cadeia de suprimentos, para que você não coloque todos os ovos na mesma cesta. Acho que isso é positivo para a economia,” comenta Liz.

Mark Mathews, vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento da National Retail Federation, avalia que o rápido consumo da poupança pode levar muitos americanos a enfrentarem dificuldades financeiras nos próximos meses. “Nos últimos 18 meses, vimos mais de US$ 1 trilhão das poupanças indo para o consumo e estamos queimando isso a uma taxa bastante alta. Portanto, se a inflação permanecer elevada, provavelmente veremos consumidores em rota de colisão, porque eles não vão conseguir manter esse ritmo de consumo.”

Números da inflação no país, no entanto, sinalizam um arrefecimento nos preços que pode trazer alívio aos Estados Unidos e, consequentemente, às demais economias do mundo. “A inflação anualizada de seis meses está em 1,9%. Isso nos mostra uma tendência de curto prazo. Se a inflação melhorar e continuarmos a ver os salários relativamente fortes, poderemos ter um 2023 em terra mais firme,” avalia Mathews.

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