Para tomar boas decisões, não faça lista de prós e contras

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Uma lista de prós e contras não expressa a magnitude da questão na tomada de decisões. Vã além dela

Inicia-se um novo ano, o  que significa um novo conjunto de resoluções e a promessa de, finalmente, tomar decisões sobre as questões difíceis que você enfrenta na carreira. Para fazer isso, você provavelmente está determinando vários objetivos e uma lista de prós e contras sobre saltar, ou não, para um novo emprego ou pedir demissão e começar aquele negócio próprio que você sempre quis. 

Pare.

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Annie Duke, especialista em tomada de decisões, afirma que metas e resoluções precisam de um “plano B” ou uma saída caso não aconteçam. E que uma lista de prós e contras só amplifica a polarização das suas opções – a qual te faz ponderar qual alternativa parece melhor com a execução da lista e une diferentes fatores como similares, mesmo quando eles não são. Ter um chefe tóxico, por exemplo, deveria pesar mais para a sua decisão do que se o seu emprego atual te dá acesso a um bom restaurante o dia todo.

“Quando começamos a pensar sobre algo, na verdade, já tomamos uma decisão. Então, se você quiser fazer isso, você terá vários prós e, se não quiser fazer, terá vários contras”, diz Duke. Ela é autora do livro Quit: The Power of Knowing When To Walk Away (“Desista: o poder de saber quando se afastar”, em tradução livre). Ex-jogadora profissional de pôquer focada na ciência de tomar decisões e sócia no fundo de venture capital First Round Capital Partners.

O outro problema é que uma lista de prós e contras não realmente expressa a magnitude da questão. Quão boa ou ruim é a coisa?”, diz Duke.

Ela conversou com a Forbes no último mês em uma sessão exclusiva na qual ela falou sobre utilizar parâmetros úteis para tomar decisões, ter um “coach de desistência” para te ajudar a focar nos seus objetivos e desenvolver um critério de desistência que pode te auxiliar a saber se uma decisão está certa ou se é hora de desistir.

“O que você deve pensar é: ‘Quais são as coisas que eu valorizo? Quanto eu valorizo meu tempo? Quanto eu valorizo ter dinheiro? Quanto eu valorizo me sentir realizada no trabalho?’”, diz Duke. “Então, essencialmente, você deve fazer previsões: pergunte a si mesmo quais são as coisas que vão te levar a conquistar as coisas que você mais valoriza a custo do que você está disposto a sacrificar.”

Ao invés de uma lista de prós e contras, Duke sugere que as pessoas façam previsões ao imaginar, por exemplo, como elas acham que se sentirão daqui um ano. “Onde você será mais feliz? Acho que esse é o melhor caminho para você pensar sobre as coisas. Você irá só enganar a si mesmo com uma lista de prós e contras que você fez para descobrir algo que já era verdade. Na melhor das hipóteses, você terá descoberto o que você já sabia.”

Quando tentam tomar decisões sobre mudanças, as pessoas geralmente são mais resistentes a mudar, afirma a especialista, por causa do conceito de aversão à perda. “Somos muito tolerantes em relação às perdas resultantes de não fazer mudança, então temos que nos afastar e pensar na mudança como uma nova decisão”, afirmou Duke. “Uma das melhores maneiras de fazer isso é projetar o futuro.”

Após a projeção, Duke sugere desenvolver um critério de eliminação – perguntar a si mesmo se te faria bem permanecer nessa mesma situação e os sinais que te avisariam que é hora de sair dela – bem como contratar um “coaching de desistência” para te ajudar a planejar sua saída. Essa pessoa pode ser um mentor, um colega, um amigo ou, até mesmo, um terapeuta – ou seja, alguém que tem interesse no que será melhor para você a longo prazo.

Duke também tinha recomendações para as pessoas definindo objetivos ou fazendo resoluções de ano novo para 2023. Geralmente, as pessoas se tornam vítimas de um fenômeno cognitivo sobre o qual Richard Thaler, economista comportamental, já falou muito. As pessoas não gostam de “fechar contas mentais com perdas”, Duke afirma, ou parar antes de algum tipo de finalização que estão tentando alcançar.

“Temos a perda no papel. Se ‘fecharmos a conta’ – em outras palavras, se pararmos de nos preocupar com isso, vender a ação ou nos demitir do emprego, seja o que for – então teremos que tirar essa perda do papel e torná-la em uma perda real, afirma Duke.

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Ela explica que esse fenômeno cognitivo causa os objetivos a terem uma natureza muito “alcançar ou fracassar”. Se você está correndo uma maratona e se machuca no quilômetro 21, você sentirá que fracassou sem chegar ao quilômetro 42, mesmo que correr uma meia-maratona ainda seja uma conquista impressionante. “Essa é parte da razão pela qual muitas pessoas se esgotam no topo, porque elas continuaram subindo em condições nas quais não deveriam. Elas não querem ‘fechar essas contas mentais’ com perdas”, Duke diz.

Ao invés disso, quando você definir seus objetivos ou as suas resoluções, inclua possíveis chances de não dar certo. “Eu terminarei essa maratona se eu não me machucar” ou “Conseguirei essa promoção se meu chefe esperar que eu faça coisas não éticas”, por exemplo. “Acho que temos a intuição de que, se tivermos um ‘plano B’, não nos esforçaremos tanto. Isso não é verdade. Não como se você fosse simplesmente desistir, porque não somos programados desse jeito. Isso é do que temos que nos lembrar: ainda vamos querer conquistar nossos objetivos. Não seremos parados de conquistá-los só por causa de uma perna quebrada.

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