Fazendas que utilizam digestores anaeróbicos para lidar com esterco e gerar eletricidade é algo que vem se tornando cada vez mais comum em várias partes do mundo. Mas os digestores também são úteis para manter os restos de comida fora dos aterros, ajudando também na produção de energia elétrica.
Muitos restos de comida acabam em aterros sanitários, vindos da cozinha das casas das pessoas, do comércio varejista, restaurantes e de outras fontes. A Food & Drug Administration dos EUA diz que até 40% do suprimento de alimentos é desperdiçado. Nos dias atuais, os alimentos são a maior categoria individual de material destinado aos aterros municipais.
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Por isso, algumas fazendas que utilizavam apenas esterco em seus digestores também começaram a misturar restos de comida. Isso tem ajudado a manter suas operações no azul, gerando mais energia do que apenas estrume.
A Reinford Farms, no centro da Pensilvânia, EUA, estava usando apenas esterco em um digestor quando recebeu uma ligação de um corretor de supermercado sobre a utilização de alimentos no sistema.
Foi uma virada de jogo, diz Brett Reinford, sócio da fazenda Reinford. Dentro de um digestor, os micróbios convertem esterco e restos de comida em gás metano, que é capturado e canalizado para um gerador para produzir eletricidade. O desperdício de alimentos produz cerca de três vezes mais metano do que o estrume.
“Percebemos que havia algo nesse desperdício de comida. Estávamos recebendo ligações de outros clientes em potencial.”
Em 2017, a fazenda adquiriu a primeira máquina para separar e reciclar o lixo dos restos de alimentos que chegam à propriedade, como verduras embaladas para o consumo, mas fora da validade. “Isso abriu as portas para realmente crescermos exponencialmente”, diz Brett Reinford. A fazenda logo comprou um segundo “desembalador” maior e construiu uma instalação de resíduos de alimentos para abrigar os equipamentos.
“(Em 2022), recebemos 35.000 toneladas de alimentos embalados, quase 3.000 toneladas por mês”, diz Reinford. “Quando começamos, estávamos felizes em fazer 1.200 toneladas por ano.” A fazenda da Pensilvânia trabalha com cerca de 35 clientes diferentes do setor de alimentos, de mercearias a armazéns, recebendo resíduos alimentares de lugares tão distantes quanto a Geórgia, mas principalmente do interior do estado, Nova Jersey e Maryland.
Dois digestores com capacidade total de cerca de 7,5 milhões de litros processam estrume e resíduos de alimentos para gerar eletricidade suficiente para cerca de 600 casas, diz Reinford.
A família também toma conta da produção de leite da fazenda, com cerca de 750 vacas, mas Reinford diz que o desperdício de alimentos se tornou um bom problema. “Está se tornando quase igual à nossa receita leiteira, muito mais lucrativa do que as vacas… O desperdício de alimentos é uma parte importante da economia que impulsiona nossa fazenda leiteira, com certeza.”
Reinford também observa que os digestores são operados sob licenças ambientais. Os tanques de sua fazenda são dois dos 37 digestores anaeróbicos da Pensilvânia, de acordo com um banco de dados federal da AgStar. O banco de dados lista 10 digestores no estado de Indiana, incluindo a Homestead Dairy, em Plymouth . Ha cerca de quatro anos, esta fazenda começou a trabalhar com a Universidade de Notre Dame, localizada em South Bend, a 25 quilômetros.
O desperdício de comida dos refeitórios do campus da Notre Dame e o lixo biodegradável de outras empresas da região são combinados com estrume (assim como na Pensilvânia) para produzir eletricidade suficiente para cerca de 1.000 residências, diz Jill Houin, que gerencia os bezerros, a mídia social, o site e as visitas de turistas à Homestead Dairy.
Houin diz que sua fazenda adora “o fato de estarmos trabalhando com a universidade, os alunos e a equipe para continuar a encontrar maneiras de beneficiar o meio ambiente e ensinar aos alunos que as fazendas leiteiras podem ser parte da solução”.
* Jeff Kart é colaborador da Forbes EUA. Escreve sobre startups verdes e ONGs, além de ser consultor de comunicação ambiental.
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