Esta é a primeira coluna de 2023 e enquanto escrevo para vocês, o agro está trabalhando a todo vapor, se preparando para iniciar mais uma colheita da soja no Brasil inteiro. Tempo de colheita é uma das épocas mais gratificantes do ano, época em que se tudo correr conforme as previsões, os produtores brasileiros acertaram em cheio e teremos mais uma vez uma safra recorde no Brasil.
Mas nem tudo são flores. Estamos diante de um cenário desafiador na política nacional, onde temos um governo eleito distante do agronegócio, que é hoje o setor mais produtivo e representativo da economia. Já no cenário econômico mundial, é prevista uma redução de crescimento dos nossos maiores parceiros comerciais, como China, União Europeia e Estados Unidos, o que acaba repercutindo nas importações destes países, impactando desta maneira o mercado das nossas commodities agrícolas.
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Junte-se a isto a inflação dos alimentos e quebra das cadeias de distribuição devido à Guerra da Ucrânia com a Rússia. Estamos diante de um cenário de polarização política, inflação global, quebra das cadeias de distribuição e frente a isto o agro está fazendo o que sabe fazer melhor, investindo em pesquisa e tecnologia, escolhendo os melhores cultivares, plantando, esperando que chova e trabalhando com perseverança, e sempre olhando em frente com otimismo.
Apesar do cenário desafiador, o agro deve ser novamente a principal força motriz da economia brasileira em 2023. De acordo com o Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), o PIB do setor crescerá 8% no próximo ano, puxando o PIB brasileiro para o positivo.
Mas nem só de otimismo vive o setor, para continuar sua trajetória de crescimento o agro precisará tratar de temas que são essenciais como licenciamento ambiental, nova lei de defensivos agrícolas, crédito e seguro agrícola, segurança jurídica, regularização fundiária e demarcação de terras indígenas (marco temporal).
A Lei Geral do Licenciamento Ambiental, o PL n° 3.729/2014 (2.159 de 2021) visa desburocratizar a obtenção de licenças ambientais, o que beneficiaria especialmente os pequenos produtores que têm dificuldade no processo do licenciamento.
A nova lei de defensivos agrícolas (PL) n° 6.299/2002 garantiria mais celeridade na aprovação de produtos mais modernos e menos tóxicos. Nossos concorrentes conseguem utilizar moléculas mais modernas quase 10 anos na frente do nosso país.
Crédito e seguro agrícola, há tempos o agro deixou de se financiar majoritariamente através dos recursos do governo e bancos privados. Entretanto, é essencial apoiar e impulsionar o financiamento rural. Diante do aumento vertiginoso dos insumos e variações climáticas, garantir a acessibilidade ao seguro rural num país que baseia sua economia no agro é de interesse nacional.
A regularização fundiária é um tema onde avançamos muito. Mais de 400 mil títulos emitidos para famílias assentadas que passaram a ter seu título de propriedade, mas ainda é o único caminho para garantir a dignidade de famílias que vivem à margem da lei. De acordo com o ministro Aldo Rebelo, relator do Código Florestal, e profundo conhecedor do Brasil rural, os beneficiários da regularização fundiária seriam os pequenos proprietários rurais.
Finalmente, mas não menos importante, a demarcação de terras indígenas – confirmação do marco temporal pelo STF garantiria o direito de propriedade e o direito de usufruto de terras pelos índios e produtores, garantindo a segurança jurídica e fundiária. Seja no plantio, colheita ou no congresso, o setor tem muito trabalho pela frente, então mãos à obra e que tenhamos todos um excelente 2023!
*Helen Jacintho é engenheira de alimentos por formação e trabalha há mais de 15 anos na Fazenda Continental, na Fazenda Regalito e no setor de seleção genética na Brahmânia Continental. Fez Business for Entrepreneurs na Universidade do Colorado e é juíza de morfologia pela ABCZ. Também estudou marketing e carreira no agronegócio.
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