Quantas vezes você acha que eu fui traído? Quantas vezes alguém me disse “Eu tô fechado com você”, mas, em seguida, desapareceu, sem sequer se despedir? Quantas vezes vazaram informações para a concorrência? E, quantas vezes, flagrei desvios de dinheiro cometidos por pessoas que tiveram a minha confiança?
Depois de empreender por mais de 27 anos, experimentei mais de uma vez todas essas situações. Isso porque empreender requer lidar com seres humanos, que muitas vezes extrapolam a ética e caem na tentação de buscar um atalho mais rápido para atender aos seus interesses.
Em outras palavras, se você não foi traído até agora, existem duas opções: ou você está sendo traído neste momento, mas ainda não descobriu, ou está em posição fetal debaixo da cama com medo de fracassar. Afinal, uma coisa é certa: você vai experimentar o gosto amargo da decepção por ter acreditado em alguém.
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Então, como não me tornar um cético sobre a humanidade? Como não deixar de confiar nas pessoas? Como não generalizar o comportamento de uma minoria por conta da má conduta de alguns? Vou dar a você três dicas importantes:
1. “Melhor morrer traído do que viver desconfiando.” Essa frase eu ouvi de meu amigo Sérgio Franco, que alertava a seus leitores que não sofressem por antecipação ou vivessem num filme de terror criado pelo seu próprio cérebro justamente por viver desconfiando. Segundo Franco, nessa hipótese, é melhor morrer traído. Afinal, viver em uma trama conspiratória produz muito mais sofrimento que a própria traição.
2. Não perca a fé nas pessoas. Acredite: os maus não são a maioria. Vale confiar, apostar e investir em pessoas. Elas dão retorno e, em sua maioria, serão leais por muito tempo.
3. Experimentou uma frustração? Não se permita mergulhar no poço de lamentações. Criar o hábito de produzir lamúrias, além de consumir um tempo produtivo, vicia. Não leve mais do que cinco minutos para se recuperar. Desenvolva a capacidade de levantar a cabeça e seguir adiante rapidamente.
Ao colecionar desafios, você ganha a chance de somar vitórias. Porém, a maior derrota de todas é deixar de viver por medo de ser traído, de morrer ou até mesmo o medo de ser enganado por alguém em que você decidiu confiar.
Olhe para a frente. Um novo ano está chegando cheio de novas oportunidades. Eu quero muitas delas para mim. E você?
Flávio Augusto da Silva é empreendedor e escritor. Dentre suas iniciativas, é CEO e fundador da WiseUp, líder no ensino de inglês para adultos, proprietário do Orlando City Soccer Club, time de futebol profissional dos EUA, e fundador e Presidente do conselho de administração da Wiser Educação.
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Artigo publicado na edição 103 da revista Forbes, de novembro de 2022.
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