Os tumultos ontem (8) em Brasília são notícia em todo o mundo. Na manhã de hoje, eles eram manchete nas páginas da internet de jornais como os americanos The New York Times, Washington Post e The Wall Street Journal. Como os britânicos The Guardian e Financial Times. O francês Le Monde e o alemão Frankfurter Allgemeine.
Isso mostra que a invasão das sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário deverá ter consequências graves.
No campo político, ela levou à intervenção federal na Secretaria de Segurança do Distrito Federal (DF) e ao afastamento do governador Ibaneis Rocha (MDB) pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
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No campo econômico, os eventos deverão derrubar as ações. No início da manhã, antes da abertura dos negócios na B3, o ETF (Exchange Traded Fund) iShares MSCI Brazil, negociado em Wall Street, estava em baixa de 1,7%. Os ADR (American Depositary Receipts) de empresas como Petrobras e Vale também estavam em baixa.
Invasão do Capitólio
O que ocorreu ontem em Brasília tem alguns paralelos com a invasão do Capitólio, ocorrida há quase exatos dois anos, em 6 de janeiro de 2021. A diferença é que o ataque ocorreu em uma quarta-feira, quando os mercados estavam funcionando. E apesar do tumulto que já levou à prisão de 950 pessoas, o índice Dow Jones fechou em alta de 1,4% naquele dia. Abaixo da máxima de 2,2%, mas mesmo assim em terreno positivo.
A diferença é que, no início de 2021, as perspectivas para a economia americana eram positivas. O que sustentou a alta das ações foram juros perto de zero, a manutenção de uma política expansionista por parte do Fed (Federal Reserve) o banco central americano, e também a perspectiva de melhora nos resultados das empresas em 2021, após a pior fase da pandemia ter sido superada.
Hoje, a situação no Brasil é muito diferente. Os juros estão em alta e deverão permanecer assim. A edição mais recente do Relatório Focus, divulgada pelo Banco Central (BC) nesta manhã, mostra a manutenção das expectativas dos juros em 12,25% ao ano em dezembro, o que indica uma redução de apenas 1,5 ponto percentual nos próximos 12 meses. Só isso é o suficiente para tirar boa parte da tração da renda variável.
Além disso, as expectativas para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2023 recuaram levemente, para 0,78%, ante os 0,8% da edição anterior do Focus. Em termos absolutos e relativos, essa baixa não é relevante. Porém, sob qualquer métrica, um crescimento abaixo de 0,8% é um desempenho muito ruim para a economia.
E a inflação esperada está em 5,36%, leve alta ante as projeções de uma e de quatro semanas atrás. De qualquer maneira, os prognósticos superam o teto da meta de inflação, que é de 4,75% (3,25% mais a tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo).
Esse cenário negativo, somado às notícias de Brasília, deve pressionar as ações para baixo e o dólar para cima, em um dia de bastante volatilidade.
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