Se você não pode ser o primeiro a comercializar um novo produto, pode pelo menos aprender com a concorrência e tentar construir uma ratoeira melhor. Não é segredo que as marcas norte-americanas da Stellantis demoraram a introduzir veículos elétricos, mas isso logo mudará. Após as prévias do ano passado de Chrysler, Dodge e Jeep, a empresa revelou no Consumer Electronics Show a Ram 1500 Revolution.
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A Ram pode estar atrasada para a festa das picapes elétricas, mas parece misturar e incrementar alguns dos melhores elementos de seus concorrentes.
Deve-se notar que a 1500 Revolution ainda é oficialmente apenas um conceito e a Stellantis dá a habitual resposta “não estamos comentando planos de produtos futuros” quando perguntada sobre quais recursos aparecerão na versão de produção, que estreia no próximo ano. Dito isso, há muito sobre esse conceito que provavelmente veremos e alguns detalhes que quase certamente não veremos.
Concorrência dura
No final de 2017, a Ford transformou sua estratégia de eletrificação e lançou o Mustang Mach-E, a van e-Transit e a F-150 Lightning. Como a primeira picape elétrica de tamanho grande a chegar aos consumidores, a Lightning demonstrou claramente o que é possível com pouco mais do que uma troca do sistema de propulsão. Além da capacidade de reboque de longa distância, a F-150 Lightning é indiscutivelmente superior ao seu equivalente a gasolina em muitos aspectos.
Embora a Ford tenha feito uma jogada inteligente ao alavancar a arquitetura da F-150 existente para obter uma picape muito utilizável rapidamente, há algumas oportunidades perdidas por não começar inteiramente de uma folha de papel em branco.
No CES do ano passado, a General Motors mostrou parte desse potencial com a Chevrolet Silverado EV. Revivendo uma ideia que ela mesma inovou na picape Avalanche de duas décadas atrás, a GM resgatou conceitos como a porta central, que permite uma flexibilidade de carga ainda maior e maior espaço para passageiros. A estrutura monobloco da Silverado EV também abre caminho para uma bateria muito maior do que a da F-150 Lightning.
A abordagem da Ram fica entre a da Ford e a da GM, mas leva algumas dessas ideias ainda mais longe.
Revolução silenciosa no exterior
Embora os para-lamas caídos da Ram e a aparência gigante sejam características básicas de suas picapes desde 1994, os elétricos não exigem grades tão proeminentes para resfriamento.
Em vez disso, a Ram está adotando elementos de iluminação para dar uma nova cara à 1500 Revolution. Embora o estilo básico seja evolutivo, agora há um emblema “RAM” iluminado no centro, ladeado por lâmpadas horizontais divididas pelo desenho de um diapasão. Esse visual certamente aparecerá em mais modelos da marca daqui para frente. O painel frontal também possui uma placa antiderrapante e ganchos de reboque articulados que ficam nivelados quando não estão em uso. Isso deve fornecer uma face muito aerodinâmica, reduzindo o arrasto aerodinâmico e melhorando a autonomia.
Como em muitos conceitos, a 1500 Revolution não tem a coluna B e as portas traseiras têm dobradiças traseiras. Os designers adoram essa configuração porque permite uma fácil visualização da cabine, mas sua impraticabilidade a torna improvável no veículo de produção. Embora não seja tão pronunciado quanto no passado, ainda há uma forma de garrafa de coca-cola nos para-lamas alargados.
Curiosamente, a Ram conseguiu incorporar uma porta intermediária sem usar a abordagem de cabine estendida unificada da Chevrolet Silverado. Enquanto os modelos da rival têm uma porta intermediária dividida, a 1500 Revolution usa uma peça única – com ela aberta e os bancos traseiros rebatidos, o comprimento da cabine chega a 2,4 metros.
Embora nenhuma especificação técnica tenha sido fornecida, a Ram reconheceu que o conceito tem aproximadamente o mesmo comprimento total da 1500 de cabine dupla produzida atualmente. No entanto, as proporções mudaram um pouco: o comprimento do capô é mais curto e o para-brisa foi empurrado para a frente, dando à Revolution uma área destinada aos passageiros dez centímetros maior do que a da já espaçosa cabine dupla de hoje.
Vitrine tecnológica no interior
Na cabine, o tema do diapasão continua com a iluminação ambiente abrangendo o painel, expandindo-se para as extremidades e estendendo-se ao longo das portas. O pessoal da Ram não comenta se a novidade usará o novo sistema de infoentretenimento STLA Cockpit, desenvolvido com a Foxconn, ou a arquitetura de computação STLA Brain, mas a 1500 Revolution apresenta todos os recursos de tecnologia que você esperaria em um elétrico atual.
Dominando o centro do painel estão duas telas sensíveis ao toque com uma área de exibição combinada de 28 polegadas. A parte superior é montada em um sistema de fixação em trilhos que também pode acomodar outros acessórios e pode deslizar para cima ou para baixo, algo único no segmento. A tela inferior também pode estar em uma das três posições ou totalmente removida para uso como tablet.
Ao contrário das picapes tradicionais, a Revolution dispensa os grandes espelhos externos, que geram muito arrasto aerodinâmico. Em vez disso, há um par de pequenos recipientes que abrigam câmeras conectadas a monitores internos, fazendo o papel de retrovisores – mas não espere isso no modelo de série.
Há também um head-up display de realidade aumentada, algo que está se tornando mais comum em veículos premium, como a linha EQS da Mercedes-Benz. E o teto panorâmico de vidro apresenta um revestimento eletrocrômico para permitir que ele seja escurecido sem a necessidade de uma sombra.
A Ram diz que a Revolution inclui recursos de direção autônoma de nível 3, semelhantes aos oferecidos em alguns modelos da Mercedes-Benz na Europa, que permitem a condução sem as mãos e desobrigam o motorista de observar constantemente a estrada, embora ainda não estejam prontos do ponto de vista legal.
A marca tem um longo histórico de oferecer soluções inteligentes de armazenamento, e a Revolution não abre mão dessa tradição. Destaque para a porta traseira multifuncional, dividida horizontalmente, com uma seção que se dobra para estender o piso da caçamba; e para o porta-malas frontal (onde no modelo convencional está o motor).
Já o Ram Track é um conjunto de trilhos para configurar o interior, permitindo por exemplo que se remova o console central quando não for necessário.
Autonomia e recarga
Neste ponto, a Ram está apenas dizendo que sua picape elétrica usará a arquitetura STLA Frame e virá em uma configuração de motor duplo. Potência, torque, tamanho e alcance da bateria ainda estão na categoria “não comentamos sobre produtos futuros”.
Mas vale mencionar o carregador indutivo robótico chamado Ram Charger. A maioria dos sistemas de carregamento sem fio vistos até hoje usa um bloco transmissor montado no chão e uma placa receptora na parte inferior do veículo. Ao estacionar, o motorista deve alinhar o veículo com o transmissor para obter velocidades de carregamento ideais. O Ram Charger detecta a presença do veículo e se posiciona abaixo do receptor automaticamente.
Uma das muitas coisas que a Ram ainda não está discutindo é a versão de autonomia estendida. Isso provavelmente incorporará algum tipo de motor de combustão interna. Não se sabe se este é um híbrido plug-in que usa uma bateria menor e realmente aciona as rodas ou simplesmente um pequeno motor acionando um gerador.
De qualquer forma, por enquanto, a Ram é a única marca de picapes que indicou que fará algo assim, o que pode lhe dar uma vantagem significativa na capacidade de reboque. A maioria dos testes da F-150 Lightning e da Rivian R1T mostra que elas perdem metade ou mais de seu alcance nominal ao rebocar grandes volumes em velocidades de cruzeiro.
Algum tipo de gerador poderia tornar a 1500 Revolution muito mais utilizável neste cenário importante para os compradores de picapes – uma parte fundamental na construção de uma ratoeira melhor.
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