O ex-advogado da FTX, Daniel Friedberg, cooperou com os promotores dos Estados Unidos enquanto investigavam o colapso da corretora de criptomoedas, disse uma fonte familiarizada com o assunto.
Friedberg deu detalhes sobre a FTX em uma reunião em 22 de novembro com mais de duas dezenas de investigadores, disse a pessoa. A reunião, realizada no escritório da procuradoria do Distrito Sul de Nova York, incluiu funcionários do Departamento de Justiça, do FBI e da SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA), disse a fonte. E-mails de agendamento do encontro com essas agências foram vistos pela Reuters.
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Na reunião, Friedberg disse aos promotores o que sabia sobre o uso de fundos de clientes por Sam Bankman-Fried, fundador da FTX, para financiar seu império de negócios, disse a fonte. Friedberg relatou conversas que teve com outros altos executivos sobre o assunto e forneceu detalhes de como o fundo Alameda Research, também de Bankman-Fried, funcionava, afirmou a fonte.
A cooperação de Friedberg não havia sido reportada anteriormente. Ele não foi acusado e não foi informado de que está sob investigação criminal, disse a fonte. Em vez disso, Friedberg espera ser chamado como testemunha do governo no julgamento de Bankman-Fried em outubro, disse a pessoa.
O advogado de Friedberg, Telemachus Kasulis, o FBI e a FTX não responderam aos pedidos de comentários. A SEC, o Departamento de Justiça e o porta-voz de Bankman-Fried não comentaram.
Bankman-Fried é acusado de desviar bilhões de dólares em fundos de clientes da FTX para a Alameda visando financiar investimentos de risco, compras de imóveis de luxo e doações políticas. Na terça-feira (3), ele se declarou inocente no tribunal federal de Manhattan.
O procurador-geral de Manhattan, Damian Williams, que lidera o processo criminal contra a FTX, disse no mês passado: “Se você participou de má conduta na FTX ou na Alameda, agora é a hora de se antecipar”.
Dois dos associados mais próximos de Bankman-Fried, Caroline Ellison, ex-presidente-executiva da Alameda, e Gary Wang, ex-diretor de tecnologia da FTX, se declararam culpados de fraude e concordaram em cooperar. Um representante legal de Ellison não respondeu a pedido de comentário. Um representante de Wang não comentou.
Reunião com promotores
A FTX entrou com pedido de proteção contra falência em 11 de novembro. Alguns dias depois, em 14 de novembro, Friedberg recebeu uma ligação de dois agentes do FBI sediados em Nova York. Ele disse a eles que estava disposto a compartilhar informações, mas precisava pedir à FTX para abrir mão de seu privilégio advogado-cliente, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto e e-mails vistos pela Reuters.
Friedberg escreveu à FTX no dia seguinte pedindo à empresa que abrisse mão de seu privilégio para que pudesse cooperar com os promotores, de acordo com o e-mail visto pela Reuters. A FTX não o fez, mas concordou com Friedberg sobre os pontos que ele poderia revelar aos investigadores, disse a pessoa.
Friedberg então respondeu aos dois agentes do FBI em um e-mail visto pela Reuters: “Quero cooperar em todos os aspectos”.
O Ministério Público dos EUA marcou uma reunião em que Friedberg assinou as chamadas cartas de oferta preparadas para ele pela SEC e outras agências, de acordo com a fonte e um e-mail trocado pelos participantes. Essas cartas geralmente descrevem um possível acordo entre autoridades e indivíduos que são testemunhas ou sujeitos de uma investigação.
Friedberg renunciou ao cargo em 8 de novembro, um dia depois de Bankman-Fried divulgar aos altos executivos da FTX que a corretora estava quase sem dinheiro, segundo a fonte e três outras pessoas informadas sobre as conversas, além de mensagens de texto que sua equipe jurídica trocou na época.
Em um post de blog agora excluída publicada em 2020 no site da FTX, Bankman-Fried escreveu que Friedberg era o consultor jurídico da FTX “desde o início”, observando que ele esteve “conosco nos bons e maus momentos”.
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