Bilionário francês Bernard Arnault também é um grande produtor de vinhos

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Fortuna de Bernard Arnault inclui também vinhos e bebidas espirituosas

Bernard Arnault, empresário francês, é agora considerado o homem mais rico do mundo, de acordo com o ranking da Forbes. Ele superou Elon Musk como resultado da queda dramática no preço das ações da Tesla e do forte desempenho da LVMH. O patrimônio líquido de Arnault é estimado em US$ 180 bilhões (cerca de R$ 970 bilhões). O valor está US$ 33 bilhões acima do patrimônio de Musk. A fortuna de Arnault é baseada em sua participação no conglomerado de luxo francês LVMH (Louis Vuitton Moët Hennessy, ou, mais frequentemente, Moët Hennessy Louis Vuitton). Inclui moda, malas e acessórios de luxo, perfumaria e cosmética, joalharia, mas também vinhos e bebidas espirituosas.

A lista de marcas da LVMH parece um catálogo dos principais produtos de luxo do mundo, Louis Vuitton, Christian Dior, Givenchy, Kenzo e outros da moda, vendidos por um total de 31 bilhões de euros (R$ 177 bilhões). Perfumes e cosméticos, incluindo Guerlain, Acqua di Parma e derivados de perfumes de marcas de moda, bem como muitos outros, respondem por 6,7 bilhões de euros (R$ 38,3 bilhões).

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Bulgari, Tiffany & Co, Tag Heuer, Fred e outros em relógios e joias, entram com 9 bilhões de euros (R$ 51,4 bilhões). O grupo possui várias lojas de varejo, como Sephora, La Grande Epicerie/Le Bon Marché, Starboard Cruise Services etc., com vendas de 11,8 bilhões de euros (R$ 67,4 bilhões). E, finalmente, vinhos e destilados, que são principalmente champanhes e conhaques, com vendas da ordem de 6 bilhões de euros (R$ 34,3 bilhões).

A companhia chama suas marcas de “casas”. O faturamento total do grupo foi de 64,2 bilhões de euros (R$ 366,6 bilhões) em 2021. Há também um grupo de marcas, denominado “outros”, que inclui várias mídias, um construtor de iates, hotéis etc.

A parte mais importante do império é a Louis Vuitton que, segundo a The Economist, responde por um faturamento de 20 bilhões de euros (R$ 114,2 bilhões), um terço do total, com uma margem operacional de quase 50%.

Mas quanto significa US$ 180 bilhões, a fortuna de Arnault?

É difícil traduzir de fato o que ela significa, porque é uma quantia de dinheiro que torna as compras irrelevantes. O que importa quanto custa um terno novo ou um carro? Uma casa nova? Não é perceptível. Mesmo um apartamento super luxuoso em Paris, de 600 metros quadrados, ao lado da Torre Eiffel não é nem dinheiro que conta.

Atualmente, no mercado, sai por 40 milhões de euros (e Arnault nem precisa disso, porque já tem uma casa de 2.000 m2 a poucos passos de distância). Um dos superiates mais caros do mundo é o Eclipse de Abramovich, estimado pela Architectural Digest em US$ 1,5 bilhão (R$ 8 bilhões) – menos de um por cento do patrimônio líquido de Arnault.

Mais comparável em tamanho, talvez: US$ 180 bilhões é apenas um pouco menos do que o PIB da Ucrânia (como era antes da guerra) ou um pouco mais do que o da Hungria. Ou apenas abaixo da capitalização de mercado do McDonald’s ou da Nike. Ou, sobre comprar um carro, é mais que o dobro do valor de mercado do Mercedes Benz Group AG.

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Moet & Chandon, em letras douradas, no escritório da companhia, em Epernay, Champagne

Dado o nome do grupo, LVMH, pode-se pensar que o vinho (M para Moët) e as bebidas espirituosas (H para Hennessy) constituiriam uma grande parte do grupo, mas não é o caso. As bebidas são responsáveis por menos de dez por cento das receitas, como mostrado acima. Mas o grupo ainda é muito dominante em cada um dos mercados dessas bebidas. Os detalhes nem sempre são públicos, mas existem várias estimativas.

Hennessy Cognac representa 46% de todas as vendas de conhaque medidas em volume (2019), o conhaque do sudoeste da França. Isso provavelmente significa pelo menos 2 bilhões de euros (R$ 11,4 bilhões) em vendas hoje para a Hennessy. Existem cerca de 270 produtores de conhaque, mas Hennessy é o maior. Metade de todo o conhaque produzido é vendido nos EUA.

No champanhe, a LVMH não é tão dominante. Mas está quase lá. Alguns anos atrás, o então recém nomeado chefe do negócio de bebidas da LVMH, Philippe Schaus, disse que uma estimativa aproximada é que o grupo responderia por um quarto de todo o champanhe produzido, medido em volume, mas em valor seria um terço do mercado. O preço médio de um champanhe LVMH é claramente superior ao da média produzida.

O maior produtor de champanhe é a Moët & Chandon, que pertence à LVMH. Estima-se que produza cerca de 30 milhões de garrafas, volume que pode estar subestimado nesse momento. Isso representaria cerca de 10% da produção total na região, que é de 300 milhões de garrafas. Moët costumava ter um cuvée de prestígio chamado Dom Pérignon.

Há alguns anos, foi perfilada como uma marca separada, independente da Moët, pela LVMH e estima-se que produza 5 milhões de garrafas anualmente. Mas a segunda maior marca de champanhe no catálogo da LVMH é a Veuve Clicquot, famosa por seu rótulo cor de laranja, com produção estimada de cerca de 12 milhões de garrafas. Outras marcas de champanhe no portfólio da LVMH incluem Krug, Ruinart e Mercier. Um cálculo aproximado aponta para um faturamento total de champanhe na faixa de 1,5 a 2 bilhões de euros (R$ 8,6 bilhões a R$ 11,4 bilhões) para a LVMH.

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Chateau d’Yquem, em Sauternes, Bordeaux, uma das vinícolas de Arnault

A LVMH também possui algumas vinícolas em outras regiões produtoras de uvas. Mas curiosamente, as propriedades vinícolas do grupo de Arnault estão localizadas, principalmente, fora da França. A Chandon produz vinho espumante em três continentes. Cape Mentelle na Austrália; Cloudy Bay, uma das vinícolas mais famosas da Nova Zelândia; Joseph Phelps em Napa Valley, recentemente adquirida; Terrazas de Los Andes e Cheval des Andes, na Argentina, entre outros.

Na França, o grupo possui algumas das propriedades mais famosas, produzindo pequenas quantidades de vinhos de luxo muito exclusivos, sendo mais marcas de luxo do que vinhos: Château Cheval-Blanc e Château d’Yquem em Bordeaux, Clos des Lambrays, na Borgonha, e alguns outros. Mas essas propriedades, fora de Cognac e Champagne, são pequenas em comparação com as outras.

Mas, curiosamente, parece que Arnault não gosta muito de beber vinho, dadas as marcas fabulosamente famosas em seu portfólio. Então, quando você abrir uma daquelas garrafas de champanhe, da lista de nomes acima, ou vinhos, no próximo Ano Novo ou em uma festa, estará contribuindo para manter o homem mais rico do mundo no primeiro lugar da lista. Ele vai gostar.

* Per e Britt Karlsson são colaboradores da Forbes EUA. O casal sueco baseado em Paris é autor de cinco livros sobre vinhos, já visitaram cerca de 200 vinícolas, além de escreverem para outras publicações.

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