Atual líder de medicina personalizada da farmacêutica Roche no Brasil, cargo que ocupa desde julho de 2021, Marcelo Oliveira agora alça novos voos e assume a liderança global da área diretamente da sede da empresa na Suíça. “Habilidades comerciais, de liderança e marketing em áreas de negócio diversas contribuíram especificamente para a posição que vou desempenhar”, diz Oliveira.
O executivo começou sua carreira de mais de duas décadas na indústria farmacêutica com um estágio como representante de vendas na Roche, onde ficou por 10 anos e retornou em 2019 à frente dos negócios relacionados a testes genéticos e soluções digitais para tratamentos.
Agora em um cargo global, ele diz o que é preciso fazer no dia a dia da profissão para conquistar uma carreira internacional: “Buscar conexões com colegas e líderes internacionais, participar de um projeto internacional e ter uma formação prática em inglês.”
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O C-Suite desta semana também traz movimentações nos setores financeiro, de bebidas e de pagamentos. Tarciana Medeiros é a nova presidente do Banco do Brasil, Henrique Braun assume todas as operações da Coca-Cola, exceto nos EUA e Europa, e Thaís Fischberg foi promovida a presidente da multinacional de pagamentos Adyen na América Latina.
Forbes: O que é importante para fazer carreira internacional?
Marcelo Oliveira: Naturalmente, trabalhar bem no seu país é o primeiro passo. Também considero relevante buscar conexões com os colegas e líderes internacionais para que você entenda como a empresa funciona globalmente. Nas empresas multinacionais, em geral, é comum que estejamos sempre em reuniões, nos relacionando com colegas de outros países, o que também amplia seu aprendizado. Atualmente, algo que penso ser também muito relevante é participar efetivamente como membro de um projeto internacional. Assim aconteceu comigo. Eu estava em uma espécie de “job rotation” dentro do time global e pude demonstrar as minhas capacidades e aprender bastante no período, e isso contribuiu para o momento em que surgiu a oportunidade de ter uma posição permanente no time global.
F: O que você indica, em termos de experiência e formação, para quem quer assumir um cargo em outro país?
MO: Com certeza indico uma boa formação “prática” em inglês. Quando me refiro a isso, quero dizer mais do que cursos tradicionais ou especializações de inglês para negócios, por exemplo. Falo sobre estar disponível e buscar oportunidades para utilizar a língua estrangeira na prática em apresentações, reuniões, etc. Parece óbvio, mas quanto mais você tem isso no seu dia a dia, mais fácil será quando chegar o momento de uma posição real. Em paralelo a isso, invista na formação e atualização na sua área de expertise. É muito importante ter uma visão ampla de negócios, mas acredito que as principais fortalezas de um profissional são as suas especialidades, que normalmente se tornam diferenciais para uma nova posição. Cada vez mais investimos em ter times diversos e heterogêneos. Nesse cenário, as experiências específicas ajudam muito.
F: Que habilidades e características você julga que te fizeram ser selecionado para essa posição?
MO: No meu caso, habilidades de liderança, marketing e comerciais em áreas de negócio diversas contribuíram especificamente para a posição que vou desempenhar. Adicionalmente, considero a experiência atuando em ambientes com constantes mudanças, utilizando rápidas respostas e inovação, além do senso de muita colaboração com os colegas, clientes e sociedade. Acredito que essas são características frequentemente buscadas em profissionais nos dias atuais.
F: Você já tinha uma passagem pela Roche antes de voltar para a empresa. O que um profissional deve considerar ao sair de uma companhia? E para decidir retornar?
MO: Deixar ou retornar a uma empresa, para mim, significa guiar-se pelo propósito, seja pela inovação e impacto na saúde como no caso da Roche, seja por um motivo profissional, de crescimento, como quando busquei a liderança de pessoas em outras empresas, ou por ter a chance de lançar um medicamento transformador como quando estive na oncologia. Para mim, o propósito é a chave.
F: O que você gostaria de ter ouvido no início da carreira que poderia ter feito a diferença?
MO: Falando especialmente das possibilidades de uma carreira internacional, eu gostaria de ter tido a chance e recebido mais incentivos para participar efetivamente de projetos em times internacionais em paralelo ao meu trabalho no Brasil. Vejo isso hoje em dia na Roche e acredito que é um grande diferencial para formar profissionais mais preparados para atuar globalmente, seja em oportunidades temporárias ou efetivas.
F: Quais oportunidades você observa hoje no setor farmacêutico no Brasil e fora?
MO: O setor farmacêutico internacional será cada vez mais dedicado aos cuidados personalizados. O olhar coletivo da saúde, mas focado no indivíduo, se demonstra altamente eficaz e sustentável para a sociedade. Precisamos estar concentrados nisso, pois só assim realmente mais pessoas terão acesso à saúde. Veremos medicamentos mais específicos, tratando do câncer pelas mutações genéticas e não pelo local do corpo onde ele aparece e aplicativos que monitoram a saúde visual de um paciente com doença na retina, só para dar alguns exemplos. Nessa linha, a saúde digital, com a utilização de dados e plataformas de estudos em vida real, desponta como diferencial. As indústrias nacionais também estão atentas a isso. É claro que vamos continuar tendo espaço para os medicamentos do dia a dia, porém, exemplos como a Covid nos confirmam a importância dos diagnósticos e tratamentos mais personalizados.
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Por quais empresas já passou
Roche, Bristol-Myers Squibb, Abbvie e MSD
Formação
Administração pela UCSal (Universidade Católica de Salvador), com MBA em administração e MBA em marketing pela UNIFACS (Universidade de Salvador)
Primeiro emprego
Representante de vendas (estágio) na Roche
Primeiro cargo de liderança
Gerente de produto (oncologia) na Roche
Tempo de carreira
+20 anos
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