Há um paradoxo nas trajetórias de carreira de mulheres nesta transição de 2022 para 2023. Ou, talvez, a economia esteja começando a perceber o valor único de mulheres na liderança. Mesmo com um número recorde de mulheres que deixaram seus empregos, lideranças femininas estão, mais do que nunca, trilhando novos caminhos para as posições C-Suíte.
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“Quando você pensa sobre o meio-ambiente, você pensa também nas pressões sociais e no que aconteceu com o assassinato de George Floyd, por exemplo. Também, pensa em como tudo isso mudou a conversa sobre governança, comunidade e companhias, impacto ambiental e como é o impacto nas comunidades onde elas trabalham e vivem e para as quais vendem. Todas essas coisas são fatores que as companhias devem levar em consideração ao escolher quem é a pessoa certa para levá-las para frente. Então, isso tem um real impacto na identificação de quem deve ser essa pessoa escolhida, que pode administrar e lidar com essa época desafiadora. O ESG (sigla e inglês para sustentabilidade, social e governança) é um claro componente dessa escolha”, diz Bonnie Gwin, vice-presidente e co-diretora administrativa da firma de busca executiva Heidrick & Struggles.
A cultura tem um amplo papel nas posições C-Suíte
“O que tem sido interessante observar é o que isso significa para as culturas das empresas. Temos visto muitas empresas precisando e querendo focar de maneira autêntica em como se importar com as pessoas. Isso significa que você deve ser liderado pela sua missão e o seu propósito”, completa.
O tipo de talentos que as companhias buscam para um C-Suíte tem mudado drasticamente, o que tem aberto portas às mulheres.
Heidrick & Struggles descobriu que o dobro de mulheres foram promovidas a CEO em 2021 do que antes – além do crescimento de mulheres elevadas para outros cargos C-Suíte. Essa foi uma tendência que continuou em 2022, com a porcentagem recorde de 8,8% dos CEOs das empresas Fortune 500 sendo mulheres. Entretanto, somente 10 delas não são brancas – incluindo Roz Brewer, CEO da Walgreen Boots Alliance, e Lisa Su, CEO da empresa de circuitos Advanced Micro Devices –, e 2 delas são LGBT+. O modo como os líderes se comunicam também tem mudado, de acordo com um novo estudo da S&P Global.
“Isso tem mudado um pouco o que as empresas têm procurado em líderes”, explica Gwin. “Além disso, as tendências econômicas, as pressões sociais e todas essas outras mudanças que estamos vivendo requerem resiliência, empatia, agilidade, habilidade de articulação, comunicação, articulação de pessoas e o engajamento de indivíduos em tempos difíceis. Essas habilidades são algumas que muitos CEOs já tinham no passado, mas ficaram em destaque agora. O resultado é que os conselhos estão buscando candidatos de forma mais abrangente do que antes para ver quem se encaixa nessas qualificações para levar a companhia para frente. Ou seja, os conselhos estão procurando essas habilidades em novos lugares.”
Mulheres com habilidades relacionadas à sustentabilidade podem aproveitar disso em uma posição C-Suíte. Isso significa que mulheres com expertise em ESG ou aquelas que antes podem ter sido confinadas em cargos de sustentabilidade têm agora muito mais vantagem. “Estamos em um momento no qual há uma grande oportunidade”, afirma Kristina Wyatt, vice-presidente sênior e conselheira-geral da plataforma de gestão de clima e carbono Persefoni e ex-membra da comissão do SEC.
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“A sustentabilidade tem importado há algum tempo, mas as pessoas nesses cargos não têm sido incluídas nas mesas de tomada de grandes decisões. Aqui está a oportunidade para as mulheres”, Wyatt diz. “Quem eram os antigos diretores de sustentabilidade? Em sua maioria, eram mulheres que estavam restritas às suas posições. Mas o que está acontecendo agora é que esse foco no clima e direitos humanos, gestão do capital humano, equidade para a diversidade e inclusão está sendo levado aos conselhos. Estão se tornando questões centrais nas posições C-Suíte e aos investidores, além de relevantes para as finanças. Então, a grande oportunidade está no fato de mulheres – e, especialmente, aquelas pertencentes a minorias sociais – que estão nesses cargos podem aproveitar disso para conseguirem posições C-Suíte.”
A chave é entender que dinheiro define o jogo
Wyatt também enfatizou a importância de dominar as finanças para ser levada a sério para esses cargos e ter sucesso neles. “Essas mulheres que estão ocupando os cargos de diretoria de sustentabilidade precisam ter certeza de que elas entendem de finanças, certo? Então, é necessário fazer cursos, aprender a ler relatórios financeiros, ficar familiarizada com as finanças da sua companhia, entender planilhas de balanço financeiro, declarações de renda e relatórios de fluxo de caixa e como essas coisas funcionam para que você possa realmente participar das discussões financeiras e como suas questões de sustentabilidade se integram com o dinheiro”, ela aponta.
Como também vemos no estilo de liderança da presidente da Câmara norte-americana, Nancy Pelosi, é fundamental entender como o jogo funciona. Isso, além de entender os interesses dos seus colegas e clientes, as necessidades e os desejos deles, te faz ser uma boa negociadora. As mulheres que negociaram os contratos de paridade salarial para a seleção feminina de futebol Estados Unidos destacaram os mesmos pontos.
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